domingo, 8 de março de 2009

Ler Braille é Preciso

Dentre as poucas publicações existentes em Braille, de circulação nacional, destaco a Revista Brasileira para Cegos, mais conhecida como RBC. Tal publicação, impressa e distribuída pelo Instituto Benjamin Constant - RJ merece nosso reconhecimento, principalmente, porque sabemos que, através de suas páginas pontilhadas, leva a centenas de deficientes visuais, informações variadas, desde fábulas, acontecimentos internacionais, dicas de saúde, ciência, ecologia, deficiência, troca de correspondência entre pessoas interessadas, entre outros. Foi em uma dessas publicações da RBC, mais especificamente em um Editorial da Revista, que retirei o texto que colo a seguir. Quando o li pela primeira vez, pareceu que o Editor conseguiu manifestar tudo aquilo que eu queria dizer, mas que me faltavam palavras. É mais uma homenagem ao bicentenário de Louis Braille.
E, aos que perguntarem: O texto, afinal, estava em Braille ou em tinta? Posso explicar. Achei o texto tão real quanto as nossas realidades que o li em Braille e fui digitando no computador para que pudesse compartilhar com mais pessoas essa jóia rara.

Fiquem com o texto:

"Ler Braille É Preciso"

Eis a fórmula para se obter a total integração do cego com as palavras
escritas, já que, quando estão alhures, espalhadas pelos muros do mundo, o acesso a elas é tão difícil como quando estão nos livros escritos no sistema comum, nos cartazes, etc. Claro está que a INTERNET, as gravações e as leituras ao vivo ajudam, e muito, no processo do aprendizado e da comunicação; mas nada substitui a leitura, moto próprio, absolutamente necessária na vida de todos, principalmente na da pessoa cega, pois é somente quando ela tem o braille "sob" os dedos, que a grafia das palavras se faz presente. Sem desprezar o fato de que quando lemos, aprendemos e apreendemos com mais plenitude.
Não se trata de inconformismo ou ingratidão, pois a presença do ledor como parte ativa na elaboração de nossas revistas, é inconteste.
O que nos move também é o desejo de independência; de podermos ler quando e onde quisermos: numa viagem, no sossego e silêncio proporcionados pela ausência de aparelhos retransmissores da fala, nem sempre disponíveis e, por vezes desejáveis.
Nada é tão gratificante quanto o ato simples e ao mesmo tempo maravilhoso que nos proporciona a leitura, oriunda do esforço e dedicação do grande Louis Braille.
Portanto, ler braille significa também reconhecimento e gratidão.

(Texto extraído da Revista Brasileira para Cegos – RBC, Edição Nº 497)

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