sábado, 26 de setembro de 2009

Oitava Aula em Lorena: Braille em negro

Nesta semana apresentei o restante do alfabeto, indicando a terceira série de sinais, cujas representações dos símbolos são formadas mediante ao acréscimo do ponto 6 às combinações da segunda série de sinais; tendo como matriz referencial a primeira série de sinais, o acréscimo, então, será dos pontos 3 e 6. Neste momento deixei claro que na seqüência "u, v, x, y, z" não encontramos o "w", porque esta letra foi agregada ao conjunto de pontos 12 anos mais tarde, em 1837, mas apesar disso, ela faz parte do alfabeto. Portanto este sinal passa a pertencer a quarta série de sinais, a qual veremos mais tarde em detalhes, dando continuidade a estrutura lógica da simbolização.
Como a proposta do curso inclui várias estratégias para o domínio da escrita e leitura, desta vez apresentei uma nova forma de um vidente entrar em contato com a "grafia" Braille, através do desenho dos pontos, marcados em negro no papel, por meio de uma fonte específica, utilizada em editores de texto. A definição para esse tipo de registro é:

* Braille em Negro - Representação de símbolos Braille com pontos em tinta. Pode ser produzido à mão ou em computadores, utilizando-se "fontes Braille".

No caso, a proposta de atividade apresentada foram 3 caça-palavras, utilizando-se do Braille a negro, com a fonte BrailleKiama ou Simbraille. Os cursistas deveriam reconhecer o "desenho" das letras e identificar as palavras, em diferentes posições, como em um caça-palavras convencional. Para a outra turma, ofereci 80 palavras para a leitura, com a proposta de estudo das letras, da configuração das palavras e um posterior ditado, utilizando algumas das palavras lidas.
Para quem vê, observa-se uma significativa diferença entre a experiência de ler o Braille em relevo e ler o Braille em negro, mesmo utilizando o sentido da visão em ambos os casos. É bastante complexa a leitura "plana" sem a representação dos pontos salientes. Porém, este exercício é extremamente válido, já que a observação do "desenho" das letras acontece com maior nitidez e detalhes, apesar de parecer que, entre as linhas e entre as letras, há um intervalo menor.

Boa leitura!!!

sábado, 19 de setembro de 2009

Sétima Aula em Lorena: O Ditado

Decodificar pontos em letras: ao contrário do que se pensa, essa experiência não é determinante para se garantir um bom domínio da Grafia Braille, menos ainda, para se colocar em prática as técnicas de leitura e escrita em relevo quando se trabalha visando a inclusão do aluno com deficiência visual no ensino regular. Esses profissionais devem, antes de mais nada, compreender as produções desses alunos, integrando meios, recursos e metodologias para que todos possam participar das aulas. Compreender e acompanhar seu aluno com deficiência visual implica, principalmente, em estabelecer a afetividade, numa relação de confiança; trazer para o espaço escolar a proposta de uma comunicação com qualidade, saber orientá-lo para a realização das atividades e fazer intervenções pertinentes ao uso e aplicação da Simbolização tátil utilizada em seus registros e produções escolares. No entanto, o domínio de todos esses aspectos específicos da Grafia Braille está sendo conseguido, gradativamente, no decorrer das aulas, com atividades programadas para esse fim. Em alguns momentos, priorizamos a leitura e a reescrita. Em outros, a transcrição e a cópia. Para a escrita, ora enfatizamos a visualização das letras individualmente para formar palavras, ora solicitamos a leitura global da palavra, observando sua configuração. O maior desafio desta semana foi um Ditado, em que o cursista poderia consultar quais pontos formam as letras, porém deveriam exercitar a reversibilidade para a escrita, registrando as palavras diretamente em Braille. Assim, evitou-se essa "decodificação", empregando estratégias para elaborar, mentalmente, a configuração tátil/visual das palavras, como um todo.

Aguardem o próximo "desafio"! Até lá...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Comunicado da Organização Nacional de cegos do Brasil (ONCB) - Bicentenário de Louis Braille

A Organização Nacional de Cegos do Brasil, ONCB, fará realizar, nos dias 24 e 25 de setembro, no auditório Nereu Ramos, do Senado Federal em Brasília, o Seminário Brasileiro em Comemoração ao Bicentenário de Nascimento de Louis Braille, inventor do sistema de escrita das pessoas cegas (1809-2009. O evento, que tem como tema central, “O sistema braille, marco inicial da acessibilidade e inclusão”, reunirá, durante os dois dias, mais de trezentos participantes, entre autoridades ligadas ao braille em âmbito internacional e integrantes das diversas entidades nacionais filiadas à ONCB.
“Na ponta dos dedos, a construção de uma história
de independência e cidadania”. Este será o tema da Conferência Magna, que será proferida pelo Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Ministro Paulo Tarso Vannuchi, a partir das 10 hs do dia 24. Ao longo dos dois dias,pesquisadores, educadores, técnicos, estudantes e usuários do sistema braille debaterão sua importância nas diversas áreas da vida das pessoas cegas.O reconhecimento internacional do sistema braille, a formação acadêmica e o mundo do trabalho para o deficiente visual, a sociedade da informação e o fenômeno da desbraillização,recursos tecnológicos e o sistema braille, são alguns dos temas que marcarão a programação, através de mesas redondas, palestras e debates.

HOMENAGENS
O evento também prestará homenagens a personalidades brasileiras que se destacam ou se destacaram na difusão do sistema braille.Dentre os homenageados, destacam-se os nomes da Professora Dorina Gouveia de Nowil, presidente Emérita da Fundação Dorina Nowil para Cegos, e do professor Adilson Ventura, expresidente da União Latinoamericana de Cegos, ex presidente do Conselho Nacional de Defesa da Pessoa com Deficiência, Conade. In Memoriam, também serão homenageados o professor Hamilton Garai da Silva, o professor Edison Ribeiro Lemos e o Doutor Victor Siaulys.
O objetivo maior do evento, segundo seus organizadores, para além da homenagem que o Brasil presta ao genial inventor do sistema braille, centra-se na mobilização das instituições governamentais, das escolas, dos educadores e dos órgãos de fomento, por uma política de valorização e reconhecimento desse sistema em relevo, como meio natural e direto de leitura e escrita das pessoas cegas, conforme preconizam a Convenção da Onu, a União Mundial de Cegos e todos aqueles que lutaram e lutam pela ampla cidadania desses indivíduos em todo o mundo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Apresentação de aulas "inclusivas": curso da UNESP/FEG

O Primeiro Módulo para capacitar professores em Grafia Braille, Semeando Leitores e Escritores Competentes, desenvolvido nas dependências da UNESP/FEG - Guaratinguetá, em 2009, está chegando ao fim. Desde os embasamentos teóricos, envolvendo aspectos centrais e específicos da Leitura, Escrita e Transcrição Braille, passamos pela exposição de materiais, por aulas práticas, vivências, e uma das últimas propostas teve como objetivo "desafiar" os profissionais, ali presentes, a desenvolverem uma aula "inclusiva" e acessível, não só ao Cego, mas a todas as crianças. É muito importante perceber que, durante este momento de pesquisa e elaboração, esses professores conseguem fazer uma auto-avaliação: nas primeiras aulas, quase sempre marcadas pela ansiedade e insegurança, pelo desconhecimento ou inquietação diante do novo que se apresentara a partir dali. A dúvida, se seriam capazes de "compreender" aquele emaranhado de pontos", se saberiam identificar quais as melhores estratégias a desenvolver com esse aluno e, até mesmo, o "encantamento" ao descobrir as primeiras letras, ao formar as primeiras sílabas, palavras, sentenças... e às descobertas sucessivas de que ler utilizando um código tátil também é possível e divertido.
Em cada aula as propostas se diversificavam e, nem mesmo a complexidade do código trouxe grandes dificuldades. Os desafios eram superados e, cada etapa, compreendida dentro daquele contexto. Talvez, o grande segredo deste curso nem seja o relevo percebido visualmente por cada professor, compreendido como um símbolo do alfabeto, mas sim a mudança de "olhares" com relação ao aluno deficiente visual, um "olhar" sem rótulos, cujo foco esteja em suas habilidades e no que será capaz de produzir se incentivado a crescer e a participar das aulas com seus amigos de classe. O que valorizamos, a todo momento, é essa interação professor aluno, em que ambos serão responsáveis pela multiplicação do saber, desses conhecimentos relacionados ao "novo" que irá surgir e, no desejo de construir uma relação entre as "diferenças".
Para colocar em prática tudo o que foi possível experimentar durante esse curso, a proposta foi desenvolver, em grupo, uma aula "inclusiva", envolvendo a construção e adaptação de materiais, elaboração de um plano de aula e apresentação, simulando uma aula de verdade. Os temas foram escolhidos pelos grupos e a ordem de apresentação, definida por sorteio. Durante as apresentações, utilizamos vendas e os trabalhos foram distribuídos entre os demais cursistas que, no caso, seriam os alunos desta Classe inclusiva e realizariam as tarefas conforme orientações dos professores que comandavam a aula.
Tenho a acrescentar que foram momentos ricos de descobertas, em que os cursistas exploraram a criatividade e fizeram várias adaptações, todas envolvendo alunos com e sem deficiências. Essa preocupação esteve presente em todas as apresentações e as estratégias, mesmo variadas, contemplaram todos os envolvidos. Assim, Quero compartilhar com todos os leitores deste blog, alguns dos momentos destas apresentações, parabenizando todos os grupos pelo empenho, pela dedicação e, principalmente, por acreditarem que fazer a diferença é possível!

Temas:
Grupo 1: Textura na Arte.

Grupo 2: Lateralidade - uma aula de Espanhol.

Grupo 3: Alfabetização - Bingo de letras e formação de palavras.

Grupo 4: Formas Geométricas - relação com figuras em relevo; texturas; ficha de palavras.

Grupo 5: Sensibilização - Formas Geométricas e noção de medidas; órgãos dos sentidos (temperatura, textura, aroma e paladar); fichas de palavras em Braille.

Grupo 1: Textura na Arte








Objetivo:
Desenvolver e estimular a percepção tátil, antecipando a leitura Braille.

Atividades:
* Curiosidade: leitura do texto a Origem do Braille;
* Apresentação do texto Definição de Textura;
* Manuseio do tapete de texturas (alunos vendados observaram diferentes seqüências de texturas);
* Pontilhismo: manuseio em diferentes contornos em relevos de desenhos (contornados com bolinhas);
Jogo: Qual é o som? (com fichas de palavras);
* Jogo: memória.

Grupo 2: Lateralidade - uma Aula de Espanhol


Objetivo:
Desenvolver a lateralidade de crianças com deficiência visual, ensinando o espanhol, através de perguntas, o uso do tato e a escrita Braille.

Atividades:
* Ficha em Braille com desenhos de posições e escrita de perguntas e respostas em Espanhol;
* Identificação de posições (alunos vendados);
* Conversação: perguntas e respostas em Espanhol de acordo com a posição observada na ficha.

Grupo 3: Alfabetização - Bingo de letras e Formação de Palavras





Objetivo:
Identificar letras e formar palavras através de uma alfabetização lúdica e cooperativa.

Atividades:
* A importância do lúdico;
* Jogo: Bingo de letras (Alunos vendados);
* Jogo: montar palavras com alfabeto móvel em um tabuleiro, encaixando letras de acordo com o desenho (duplas: um colega vendado outro não).

Grupo 4: Formas Geométricas e Relações com Figuras








Objetivo:
Perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço, identificando as formas geométricas em situações que envolvem descrições orais, construções e representações.

Atividades:
* Leitura oral de um texto: As Figuras Geométricas;
* Conversa sobre figuras geométricas e relação com as "coisas" e que podemos criar outras Formas geométricas utilizando apenas Triângulos, quadrados e círculos;
* Distribuição de Figuras geométricas de diferentes tamanhos e com texturas variadas para grupos (alunos vendados), pedindo para que separem de acordo com a forma e tamanho - círculo, quadrado e triângulo, pequeno, médio e grande;
* Distribuição de desenhos utilizando as Formas geométricas, construídos com diversas texturas e materiais variados: trem, foguete, navio, paisagem e palhaço;
* Distribuição de fichas de leitura contendo as palavras: foguete, trem, paisagem, navio e palhaço. As palavras estavam escritas com letras do alfabeto convencional, em relevo, e em Braille.
* Relacionar o desenho ao seu nome, fazendo a leitura da ficha apresentada.

Grupo 5: Sensibilização




Objetivo:
Explorar e identificar, através dos órgãos dos sentidos (tato, olfato, audição e paladar), características relacionadas a determinados objetos apresentados pelo professor e descrevê-los.

Atividades:
* Noções de medida (tamanho, peso, espessura e comprimento) através da análise de figuras geométricas apresentadas aos alunos (crianças vendadas);
* Vários elementos apresentados para serem analisados pelos órgãos dos sentidos (temperatura, textura, aroma e sabor);
* Distribuição de fichas de leitura em Braille para relacioná-las ao material apresentado e a sensação descrita pelos alunos ao entrarem em contato com esses materiais e sensações, por exemple: pequeno, grosso, café, frio, açúcar, limão, quadrado, azedo, liso, etc.
* Comparar os materiais apresentados, explorando os termos mais adequados para descrevê-los.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sexta Aula de Braille... Novos Desafios!

Nessa sexta aula de Braille o objetivo foi reforçar algumas técnicas de escrita, incluindo os elementos de reversibilidade; identificar se confunde letras opostas; se já consegue identificar novas letras, sinais e erros, e dar continuidade às técnicas de transcrição. Já no momento do registro , a utilização do reglete ocorreu de forma mais autônoma, em que cada aluna se mostrou a vontade ao manusear os instrumentos de escrita em relevo. Num primeiro momento, esclareci sobre quais seriam os "erros" mais comuns próprios da Escrita pontográfica (Ver Quinta Aula de Braille). Em seguida, apresentei os critérios que utilizo para a correção das atividades escritas. Nesta correção, os "erros" são sinalizados com marcações, sem especificá-lo. Caberá ao aluno identificar qual foi o "erro" cometido dentro do critério e do que foi sinalizado com cada marca.

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO:
* um sinal de ? no início de uma linha ou palavra indica que a escrita está confusa e ilegível; dificuldade para interpretar aquele trecho; fora do contexto.
* Uma | indica ausência de alguma letra na palavra ou ausência de espaço entre palavras; falta algo.
* um X indica letras a mais na palavra ou espaços a mais, geralmente espaços no meio da palavra; sobra algo.
* Circular uma letra indica que existe algum erro, geralmente letras em espelho, com pontos a mais ou a menos.

Após estabelecidos os critérios de correção, as atividades, já corrigidas, foram distribuídas e cada "marcação" foi identificada pelas alunas que, conseguiram "visualizar" os "erros mais comuns". Posteriormente, fiz a leitura das palavras da atividade 8, mostrando que, a partir de agora, as linhas ficariam mais próximas, pois esta será a "configuração" real da escrita Braille, diferentemente das atividades anteriores que possuíam um espaçamento maior, a fim de promover uma maior familiaridade com o "visual" das letras. Nesta, e nas atividades seguintes, alguns "desafios" foram propostos, inclusive o aparecimento de uma letra nova, sinal de maiúsculo e palavras grafadas com erro ortográfico. Neste último, o "erro" intencional que apareceu na apostila serviu para avaliar o papel do "transcritor", como o profissional responsável pela transcrição das produções de "outros" e, portanto, tem a função de reproduzir fielmente essa escrita, sem corrigí-la. A correção foi solicitada apenas na hora da Escrita/cópia no reglete. Com uma atividade para reforçar o sinal indicativo de letra maiúscula, finalizamos a aula, ansiosos pelo próximo encontro.

Até lá!!!

domingo, 6 de setembro de 2009

Inclusão de Pessoas Cegas na Escola e no Mundo Digital: Projeto UNESP Guaratinguetá

O valor da educação é medido pela consciência e preparo do professor que tem, em suas mãos, o sábio dom de tecer vidas e a importância dessas ações e de cada ser na construção do mundo. Esse compartilhar de conhecimentos e de idéias, de aprender, de ensinar e de conviver em grupo está presente em um conceito bastante atual e desejado por milhares de pessoas: a inclusão escolar do deficiente visual. E, se ela é tão desejada assim, porque não podemos torná-la concreta e real?
Foi pensando na qualidade do ensino para pessoas cegas ou com baixa visão que o Projeto aprovado pela Prograd/Núcleo de Ensino, FEG/UNESP em Guaratinguetá passou a oferecer aos professores videntes, das redes municipal, estadual e particular, cursos referentes ao tema da deficiência visual, para que essa "inclusão" seja muito mais do que o acesso físico aos espaços escolares, mas, acima de tudo, uma oportunidade de crescimento a todos os envolvidos nesse processo.
O projeto "A Inclusão de Pessoas Cegas na Escola e no Mundo Digital" desenvolvido em 2008, contou com 2 módulos: grafia Braille (60 horas) e informática/Dosvox(60 horas. Cerca de 20 profissionais da rede regular tiveram a oportunidade de conhecer materiais adaptados para deficientes visuais, participar de dinâmica sobre como relacionar-se com deficientes visuais, orientação e mobilidade, escrita em Braille com equipamentos específicos, leitura e transcrição Braille, informações teóricas e apresentação de trabalho, cujo objetivo foi criar uma aula inclusiva. Já para as aulas de informática, realizadas em um laboratório, o objetivo foi colocar o professor em contato com o Sistema Dosvox, cujas informações gráficas são todas convertidas para o áudio. Com técnicas específicas, os professores puderam experimentar a sensação de utilizar um microcomputador apenas pelo som.
Este projeto teve continuidade e, atualmente em 2009 estamos capacitando mais profissionais que, através desta formação serão os multiplicadores dessas informações sobre deficiência visual, tendo a oportunidade de utilizar as técnicas, recursos e ferramentas para uma mobilização pela Inclusão do aluno com alguma dificuldade visual em classe regular.
Com o objetivo de divulgar este projeto, trago para conhecimento uma apresentação (Slide), mostrando os detalhes do que acontece nos cursos de capacitação. Este Slide foi apresentado pelos Bolsistas Fagner Bueno e Priscila Pereira na Semana de Ciência e Tecnologia da FEG/Guaratinguetá. Acessem e confiram:

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR A APRESENTAÇÃO: Inclusão de Pessoas Cegas na Escola e no Mundo Digital
Núcleo de Ensino de Guaratinguetá
Coordenadora
Profª Drª Vera Lia Marcondes C. de Almeida
Bolsistas
Fagner Leandro Bueno
Priscila Pereira
Ministrante
Profª Luciane Maria Molina Barbosa

OBS: O Slide também está disponível na área de arquivos deste blog.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Estamos de Volta!!! Quinta aula em Lorena

Após o recesso e, em seguida com a paralisação resultante da gripe A (H1N1), que nos deixou quase dois meses ausentes do curso, estamos de Volta. É certo que essa ausência inesperada nos traz alguns prejuízos e atrasos, sobretudo em processos iniciais de aprendizado do Braille. Sabemos que nesta etapa faz-se necessário um contato mais freqüente com a escrita pontográfica, um treino mais preciso e intervalos menores entre as aulas. Essas lacunas serão preenchidas a partir de agora, momento em que o curso entra em sua fase mais dinâmica e totalmente prática.
Iniciei a aula fazendo uma breve revisão do que foi trabalhado até então (ver Quarta Aula de Braille), cujos conceitos de "cela" Braille, posição dos pontos, Primeira série de sinais, Segunda série de sinais e interpretação dos numerais foram relembrados. Como o foco da aula anterior estava direcionado a leitura/transcrição, agora saber manusear os instrumentos de escrita (reglete e punção) foi nossa prioridade. É importante salientar que, algumas técnicas são indispensáveis para o uso e aplicação corretos do código Braille em suas diversas modalidades, tais como criar uma imagem mental para cada letra, associando-as a algum signo relevante e ter como base as matrizes. Outra grande dica está na hora da inversão dos pontos para a escrita, que acontece da direita para a esquerda. Esse fato faz com que a configuração dos pontos mude de direção e não que as letras ganhem novas combinações. Por exemplo a letra "e” formada pelos pontos 1 (à esquerda) e 5 (à direita). Para a escrita ele continua tendo a mesma combinação de pontos 1 e 5, porém, o ponto 1 passa a se localizar no lado direito da "cela" e o ponto 5, à esquerda. Isso porque quando se escreve, iniciamos da direita para a esquerda e o relevo será formado na face oposta do papel e, somente ao retirarmos da prancheta que o prende e virarmos com a face para cima, a leitura será possível (Ver matéria sobre reglete e punção deste blog).
Na seqüência, após todos terem explorado os materiais, orientei sobre como colocar a folha no reglete, utilizar punção, apagar pontos a mais e utilizar as marcações na folha para retornar e avançar linhas. Pedi para que escrevessem as letras do alfabeto, em cada linha, pulando "celas". Esse exercício teve como objetivo verificar o grau de atenção e de como estão explorando o "restrito" espaço entre "celas" e linhas. Mostrei algumas dicas para evitar o cansaço dos punhos e das mãos, escrevendo, posteriormente, palavras. Fizemos algumas correções individuais. Recolhi o que produziram e deixei a proposta de uma atividade como tarefa para a próxima aula, observando como será o desempenho para a transcrição/leitura autônoma e individual.Abaixo algumas informações a respeito da "escrita Braille":

Como Facilitar a Escrita em Braille?
* Para os processos iniciais de alfabetização, recomenda-se "cobrir" algumas linhas da régua metálica do reglete, evitando confusões na troca de linhas e escrita seqüencial, já que o espaço é muito limitado e demora a ser percebido pelo tato e assimilado.
* Não é necessário empregar grande força para se obter o relevo. O que garante a qualidade na impressão das letras é o posicionamento correto do punção, de modo que esteja perpendicular ao papel.
* O punção não deve ser levantado, nem para a troca de janelas, nem para movimentos dentro de uma mesma "cela" Braille. O constante contato com o papel facilita a identificação de onde se encontra.
* Manter sempre a prancheta do reglete alinhada a carteira, pois sua inclinação pode resultar em dificuldades na localização das "celas" Braille.
* Não ter o hábito de executar ações repetitivas, como perfurar as mesmas letras ou seqüências continuamente. Recomenda-se, no máximo, uma linha de repetições, com intervalos.


Erros Mais Comuns em Textos Braille:
* Pontos a mais ou a menos em letras, o que não caracteriza erros ortográficos;
* Palavras juntas, sem intervalo de "celas" vazias;
* Palavras separadas por dois ou mais espaços;
* Espaços no meio de palavras, que ficam interrompidas;
* Troca de posição de letras na mesma palavra;
* Letras em espelho, ou seja, inversão dos pontos que compõe o símbolo;
* Repetição ou letras a mais em uma mesma palavra;
* Falta de letras em uma palavra;
* Existência de letras ou sinais estranhos em uma palavra;
* Empastelamento de linhas (quando se escreve uma linha por cima da outra);
* Pontos danificados ou rasgados devido a força empregada para marcá-los;
* Pontos mal apagados.

Parabéns às alunas que se empenharam e produziram uma escrita de qualidade. Muitos desses "erros comuns" foram superados logo no início e, daqui pra frente, o Braille surgirá como "Pontos" de conhecimento que, pelas mãos de cada uma de vocês, construirão uma nova história... o Braille é de todos nós!!