sábado, 23 de maio de 2009

Por Helen Keller

"Louis Braille morreu como ser humano completo, apesar de cego. Magnífico, porque usou magnificamente aperda da visão para libertar seus aflitos semelhantes. A atividade incansável de sua mente luminosa e Científica, sua serenidade e paciência, seu talento Criativo como professor, a riqueza de seu coração consumido em incontáveis doações secretas, tiradas de suas escassas economias, para os necessitados cegos ou não, são um inestimável legado."

(helen Keller)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Braille e seus múltiplos sentidos

Desde que perfurei o meu primeiro ponto em Braille, há cerca de 12 anos, e que, a partir dele, milhares de outros surgiram para contar através do relevo o que as letras em tinta já não conseguiam expressar, um misto de sensações transformaram essas singelas experiências em momentos únicos e ricos de descobertas.
O prazer da leitura, como algo mágico, antes tão distante do meu mundo real, despertava dentre tantas outras possibilidades, as percepções e o encanto de viajar através daqueles 6 pontos, que teciam as letras e as palavras e a luz que elas poderiam me proporcionar, a partir dali. O Braille, antes de qualquer coisa, foi a libertação que me faltava para passos ainda mais largos rumo ao conhecimento; um conhecimento que, até então, dependia de alguém que pudesse "desembaralhar" as letras e trazê-las até mim. E bem sabemos que há momentos em que o prazer de "conhecer" e "descobrir" outras realidades esbarra na necessidade de se estabelecer um contato direto com o objeto de estudo, em que a individualidade e a subjetividade fazem muita diferença nessa viagem ao interior de nós mesmos para se permitir buscar um entendimento daquilo que se lê.
As letras sob os dedos permitem além da percepção do seu relevo simétrico, a exploração de um conhecimento a partir da maciez e da suavidade de um universo que, ao mesmo tempo é tão individual e tão coletivo. Descobrimos, por exemplo, que o Braille foi uma descoberta brilhante e que essa luz continuará acesa em nossos corações...
Hoje, mesmo sabendo que o Braille não representa a única forma de acesso ao conhecimento, afirmo que ainda é o único método capaz de nos conduzir a uma leitura diferente. Uma diferença que não pode ser vista nem por meio do alfabeto convencional nem por meio do alfabeto tátil, mas, que sendo única, pode ser compreendida em suas singularidades, a partir de cada história construída, em cada informação compartilhada, em cada sonho transcrito a partir das realidades mais diversas. No ano em que comemoramos os 200 anos do inventor do Sistema Braille, queremos mostrar que, além da libertação intelectual dos cegos, esses múltiplos sentidos que o Braille nos trás ao ser tocado, se reproduz, se transforma, se reinventa e tem sua própria vida... está nas nossas mãos multiplicar essas sementes e escrever muitas outras histórias e recriar tantas outras formas de ampliar esses pontinhos miúdos, tornando-os ainda maiores e grandiosos de significados.

Luciane Molina