Ouvir que "uma imagem vale mais do que mil palavras" tem se tornado tão freqüente nos dias de hoje, em que um signo visual é capaz de despertar em quem vê, sensações variadas e atrai-lo mais do que os sons, já que os estímulos visuais podem receber diferentes interpretações subjetivas e, com isso, ganhar espaço na imaginação das pessoas. Porém o contrário também é possível! Com um recurso recente de acessibilidade, denominado audiodescrição, podemos afirmar, também, que "as palavras valem mais do que mil imagens". Graças a essa técnica, que consiste na descrição e narração, em voz, de cenas e imagens,mais um serviço de tecnologia assistiva está disponível às pessoas com deficiência. Mas, será mesmo necessário transformar aquilo que é visto no que pode ser ouvido? Tente desviar seu olhar pra outro foco enquanto assiste a uma novela, a um filme ou qualquer outro programa. Até mesmo durante o intervalo comercial... Enquanto aquela musiquinha toca, os diálogos se calam, as cenas mudam, as letrinhas aparecem bem no rodapé... Como será o figurino, as expressões faciais, o cenário? Parece pouco, mas tudo isso é fundamental para o entendimento de uma obra. É essa barreira comunicacional que o recurso da audiodescrição veio quebrar. O usuário passa a receber a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, no intervalo dos sons ou diálogos, e, pode com isso, seguir a obra e captar a subjetividade da narrativa da mesma forma que alguém que enxerga. Esse recurso de acessibilidade pode ser aplicado em filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, musicais, museus, entre outros... Apesar do recurso ser recente e contar com profissionais capacitados para esse fim, a audiodescrição já era praticada informalmente quando, muitas vezes, necessitávamos de informações sobre determinada obra. O que estaria por trás daquela cena "musical" das novelas, em que, supostamente, rolava um beijo após olhares apaixonados? E como saber se aquela propaganda era de carro ou de cerveja? Porque são geralmente as propagandas mais inacessíveis... Se não houvesse nossa curiosidade, nem alguém para nos contar sobre as imagens, a compreensão ficaria prejudicadíssima. Isso já é audiodescrição. Só que agora de uma maneira formal, podemos enxergar o que antes era visível apenas pelos olhos de nossos acompanhantes.
Convido você a assistir ao primeiro comercial com audiodescrição no Brasil:
Assista também ao Filme Cão-guia:
Para saber mais sobre audiodescrição, acesse os endereços:
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domingo, 22 de março de 2009
terça-feira, 10 de março de 2009
O Braille, a Tecnologia e as Palavras
Essa é a coluna de novembro, publicada no site “Vejo São José”.
01.11.2008 20h.15
O Braille, a tecnologia e as palavras
Luciane Maria Molina Barbosa (*)
Tenho acompanhado, por meio de algumas listas de troca de e-mail das quais participo, alguns debates acerca do Sistema Braille e, por muitas vezes, me pergunto:
o que leva uma pessoa a negar tanto um código de escrita e leitura que trouxe tantos benefícios, inclusive a ela própria, como pessoa com deficiência visual? E, por outro lado, por que alguns cegos a idolatram, chegando ao ponto de "negar" outras formas de acesso ao conhecimento, tais como a informática ou, até mesmo, ajuda de pessoas videntes (que enxergam) para a leitura de textos escritos no alfabeto convencional?
O fato é que, quando novas descobertas passam a "substituir" outras, já existentes, as pessoas tendem a buscar uma realização mais imediata, cercada por interesses pessoais. Sabemos, também, que a tecnologia traz algum comodismo enquanto que, determinadas tarefas, exigem um certo esforço para sua realização.
Esse cenário de constantes evoluções tecnológicas, hoje, é o responsável pelos conflitos existentes entre os defensores do Sistema Braille, alguns fanáticos extremistas, e os que negam sua eficácia como método necessário e indispensável para alfabetização dos cegos.
O Sistema Braille chegou ao Brasil em meados do século XIX, trazido por José Álvares de Azevedo, um jovem cego que acabava de concluir seus estudos na França, país onde o método foi criado. Na ocasião, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a adotar o Sistema Braille como método oficial de ensino de deficientes visuais, no Imperial Instituto dos Meninos Cegos,inaugurado em 1854, hoje conhecido como Instituto Benjamin Constante, no Rio de Janeiro.
Historicamente, o Sistema Braille, criado em 1825 por um jovem Francês, Louis Braille (1809-1852), também teve que resistir às várias tentativas de "negação como um método que pudesse trazer autonomia na escrita e na leitura entre os cegos.
Inconformado com os métodos de estudo da época e motivado pelo desejo de libertar-se da prisão intelectual imposta pelas instituições, Louis, que ficara cego aos 5 anos quando brincava com um instrumento cortante, não mediu esforços para provar que haveria uma maneira dos cegos terem acesso à informação escrita e serem compreendidos, ler e viajarem pelos encantos das letras e palavras.
Porém, criar um método de leitura tátil e escrita, formado por uma combinação entre 6 pontos em relevo, não foi o suficiente. Louis teve que lutar contra aqueles que queriam sua derrota e provar, vagarosamente, que aquela seria a libertação dos cegos a qualquer forma de manipulação cultural.
Já com a popularização do áudio e, sobretudo da informática, a partir dos anos 90, ampliaram-se as possibilidades de acesso à informação pelas pessoas cegas. Fitas K7 com livros lidos e gravados, gravações de aulas, programas de informática que, por meio de uma voz sintetizada (mecânica) reproduzem todo o conteúdo
disponível nas telas, arquivos em mp3, entre outros, fez com que a imensa quantidade de informação disponível fosse renovada na mesma velocidade em que é produzida e em quantidades infinitamente maiores do que as produzidas em relevo.
Não existe mais a necessidade de uma mediação entre quem sabe e quem não sabe Braille. A produção do conhecimento independe da duplicidade existente entre tinta e relevo e, assim, passou a ser trocada facilmente entre videntes e deficientes visuais.
Por um lado, ser fiel ao uso do Braille representa muito mais do que uma gratidão ao homem que, durante toda sua vida, lutou pelo reconhecimento e por trazer a "luz" das palavras a quem não pode vê-las. Representa viajar por um mundo encantado, no qual a imaginação desperta para as sutilezas das formas simétricas, mas que dão vida a imaginação.
Tocar uma letra, uma palavra, formar sentenças, virar a página de um livro, sentir o cheiro, a textura, o som produzido pelo deslizar dos dedos na superfície do papel. Conhecer a estrutura ortográfica das palavras, a gramática, compreender, de perto, todos os ricos formatos da nossa língua.
Tudo isso só nos faz acreditar que o Braille, assim como a letra em tinta, continua sendo o método necessário para que o deficiente visual tenha sua alfabetização comprovada. Esse é o encanto que voz alguma, som algum, tecnologia alguma, por mais avançada que seja, não irá substituir.
Porém, existem momentos em que o Braille já não é suficiente e precisa ser complementado com outros recursos/ferramentas. Está aí o grande segredo. Desvendar os mistérios que existem por trás da tecnologia.
Por outro lado, O Sistema Braille jamais foi a única forma que o deficiente visual teve, de acesso à informação. Com olhares de outros, o cego também pode desfrutar das belezas que o cerca, das palavras, das informações necessárias à sua interação com o exterior.
Por meio da informática, já não haverá mais a necessidade da mediação entre aquele que sabe ler Braille e aquele que, vê apenas um emaranhado de pontos num papel branco. É possível, também, ler livros, ouvir revistas, se comunicar com pessoas distantes, realizar tarefas independentemente da presença de outros. Profissionalmente, o cego passou a ser visto como alguém capaz, que consome produtos, que utiliza serviços.
Mas o Braille ainda é necessário, assim como a informática, os áudios, a ajuda de quem vê, tudo isso faz parte do progresso e, progredir não significa abandonar antigos hábitos, mas sim agregar novas formas e adaptá-las às já existentes.
Buscar um equilíbrio entre as duas linhas de pensamentos, tão extremas, não seria a solução para que o cego tenha garantias de inclusão. É preciso, antes de mais nada, encarar a cegueira como uma "limitação" sensorial, e não tornar, ainda mais restritas, as oportunidades de acesso ao conhecimento, seja por meio do Braille ou de outros recursos/ferramentas que possibilitem tais interações, sem perder o encanto e o desejo de superação.
(*) Luciane Maria Molina Barbosa é professora em Guaratinguetá e Lorena, SP -
01.11.2008 20h.15
O Braille, a tecnologia e as palavras
Luciane Maria Molina Barbosa (*)
Tenho acompanhado, por meio de algumas listas de troca de e-mail das quais participo, alguns debates acerca do Sistema Braille e, por muitas vezes, me pergunto:
o que leva uma pessoa a negar tanto um código de escrita e leitura que trouxe tantos benefícios, inclusive a ela própria, como pessoa com deficiência visual? E, por outro lado, por que alguns cegos a idolatram, chegando ao ponto de "negar" outras formas de acesso ao conhecimento, tais como a informática ou, até mesmo, ajuda de pessoas videntes (que enxergam) para a leitura de textos escritos no alfabeto convencional?
O fato é que, quando novas descobertas passam a "substituir" outras, já existentes, as pessoas tendem a buscar uma realização mais imediata, cercada por interesses pessoais. Sabemos, também, que a tecnologia traz algum comodismo enquanto que, determinadas tarefas, exigem um certo esforço para sua realização.
Esse cenário de constantes evoluções tecnológicas, hoje, é o responsável pelos conflitos existentes entre os defensores do Sistema Braille, alguns fanáticos extremistas, e os que negam sua eficácia como método necessário e indispensável para alfabetização dos cegos.
O Sistema Braille chegou ao Brasil em meados do século XIX, trazido por José Álvares de Azevedo, um jovem cego que acabava de concluir seus estudos na França, país onde o método foi criado. Na ocasião, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a adotar o Sistema Braille como método oficial de ensino de deficientes visuais, no Imperial Instituto dos Meninos Cegos,inaugurado em 1854, hoje conhecido como Instituto Benjamin Constante, no Rio de Janeiro.
Historicamente, o Sistema Braille, criado em 1825 por um jovem Francês, Louis Braille (1809-1852), também teve que resistir às várias tentativas de "negação como um método que pudesse trazer autonomia na escrita e na leitura entre os cegos.
Inconformado com os métodos de estudo da época e motivado pelo desejo de libertar-se da prisão intelectual imposta pelas instituições, Louis, que ficara cego aos 5 anos quando brincava com um instrumento cortante, não mediu esforços para provar que haveria uma maneira dos cegos terem acesso à informação escrita e serem compreendidos, ler e viajarem pelos encantos das letras e palavras.
Porém, criar um método de leitura tátil e escrita, formado por uma combinação entre 6 pontos em relevo, não foi o suficiente. Louis teve que lutar contra aqueles que queriam sua derrota e provar, vagarosamente, que aquela seria a libertação dos cegos a qualquer forma de manipulação cultural.
Já com a popularização do áudio e, sobretudo da informática, a partir dos anos 90, ampliaram-se as possibilidades de acesso à informação pelas pessoas cegas. Fitas K7 com livros lidos e gravados, gravações de aulas, programas de informática que, por meio de uma voz sintetizada (mecânica) reproduzem todo o conteúdo
disponível nas telas, arquivos em mp3, entre outros, fez com que a imensa quantidade de informação disponível fosse renovada na mesma velocidade em que é produzida e em quantidades infinitamente maiores do que as produzidas em relevo.
Não existe mais a necessidade de uma mediação entre quem sabe e quem não sabe Braille. A produção do conhecimento independe da duplicidade existente entre tinta e relevo e, assim, passou a ser trocada facilmente entre videntes e deficientes visuais.
Por um lado, ser fiel ao uso do Braille representa muito mais do que uma gratidão ao homem que, durante toda sua vida, lutou pelo reconhecimento e por trazer a "luz" das palavras a quem não pode vê-las. Representa viajar por um mundo encantado, no qual a imaginação desperta para as sutilezas das formas simétricas, mas que dão vida a imaginação.
Tocar uma letra, uma palavra, formar sentenças, virar a página de um livro, sentir o cheiro, a textura, o som produzido pelo deslizar dos dedos na superfície do papel. Conhecer a estrutura ortográfica das palavras, a gramática, compreender, de perto, todos os ricos formatos da nossa língua.
Tudo isso só nos faz acreditar que o Braille, assim como a letra em tinta, continua sendo o método necessário para que o deficiente visual tenha sua alfabetização comprovada. Esse é o encanto que voz alguma, som algum, tecnologia alguma, por mais avançada que seja, não irá substituir.
Porém, existem momentos em que o Braille já não é suficiente e precisa ser complementado com outros recursos/ferramentas. Está aí o grande segredo. Desvendar os mistérios que existem por trás da tecnologia.
Por outro lado, O Sistema Braille jamais foi a única forma que o deficiente visual teve, de acesso à informação. Com olhares de outros, o cego também pode desfrutar das belezas que o cerca, das palavras, das informações necessárias à sua interação com o exterior.
Por meio da informática, já não haverá mais a necessidade da mediação entre aquele que sabe ler Braille e aquele que, vê apenas um emaranhado de pontos num papel branco. É possível, também, ler livros, ouvir revistas, se comunicar com pessoas distantes, realizar tarefas independentemente da presença de outros. Profissionalmente, o cego passou a ser visto como alguém capaz, que consome produtos, que utiliza serviços.
Mas o Braille ainda é necessário, assim como a informática, os áudios, a ajuda de quem vê, tudo isso faz parte do progresso e, progredir não significa abandonar antigos hábitos, mas sim agregar novas formas e adaptá-las às já existentes.
Buscar um equilíbrio entre as duas linhas de pensamentos, tão extremas, não seria a solução para que o cego tenha garantias de inclusão. É preciso, antes de mais nada, encarar a cegueira como uma "limitação" sensorial, e não tornar, ainda mais restritas, as oportunidades de acesso ao conhecimento, seja por meio do Braille ou de outros recursos/ferramentas que possibilitem tais interações, sem perder o encanto e o desejo de superação.
(*) Luciane Maria Molina Barbosa é professora em Guaratinguetá e Lorena, SP -
O Deficiente Visual e seu acesso aos Espaços Virtuais
Publicada em outubro de 2008, no site “Vejo São José”, nessa coluna busquei retratar as reais dificuldades que os deficientes visuais encontram ao navegar em espaços virtuais. A acessibilidade não está limitada apenas ao espaço físico, mas também em ambientes virtuais e, sobretudo, na atitude das pessoas em oferecer condições para que as pessoas tenham independência e autonomia ao realizar, desde as mais simples até as mais complexas tarefas. Ao utilizar a WEB como espaço de pesquisa, estudo, trabalho e entretenimento, busco sempre valorizar o que merece elogios e, informar sobre possíveis dificuldades. Na maioria das vezes, existe a boa vontade para as adaptações necessárias, o que acredito contribuir para ampliar nossas possibilidades de acesso, mas também, na divulgação de como utilizamos os computadores na busca do conhecimento.
O Deficiente Visual e seu acesso aos espaços virtuais
Luciane Molina *
"Num belo dia, estava na Avenida paulista e um amigo me ligou para almoçarmos juntos. Devido à empolgação, esqueci de perguntar o endereço para ele. Fiquei
sem saber o que fazer por alguns instantes, mas logo lembrei da internet. Corri para o local que trabalho e acessei o site do restaurante para obter o endereço e telefone. Em instantes, já estava de posse de todas as informações necessárias."
Paulo Rachmaninov Siqueira)
Sem dúvida alguma, a internet hoje é uma realidade presente no dia-a-dia da maioria das pessoas. Porém, o depoimento acima seria tão comum se não tivesse sido gerado graças ao uso de leitores de tela para deficientes visuais. Todo o processo da procura pelo endereço e telefone do restaurante também foi conseguido
via áudio. Com softwares adaptados para essas pessoas é possível desempenhar inúmeras tarefas no computador, cujas pistas visuais são transmitidas para
o usuário por meio de uma voz sintetizada, um software instalado para essa finalidade, mas que não interfere no funcionamento geral das máquinas. Assim
quem não pode acompanhar, por exemplo, o movimentar e o apontar da ponteira do mouse, utiliza comandos e atalhos do teclado e toda interface gráfica pode
ser compreendida pelo áudio das imagens e do que está escrito no monitor. São inúmeras as facilidades trazidas por mais esse recurso, algumas conveniências
que antes só eram acessíveis pela mediação de alguém que descrevesse as informações a quem não as vê. No entanto, essa aproximação entre usuário e máquina expandiu-se para além do campo tecnológico. Segundo Paulo Siqueira, relator do depoimento acima, massoterapêuta e deficiente visual: "Além das conveniências da informática, a internet me proporcionou mais conhecimento, novas amizades. Costumo acessar guias de música, site de relacionamento, buscadores, jornais e eventuais blogs."
Mas não se espante! Como foi dito acima, a voz responsável pelo áudio das informações não é produzida por um locutor que está dentro da "caixa" do computador,
nem do outro lado da telinha. É bastante comum abordagens desse gênero, tendo que esclarecer freqüentemente que, além do software instalado é preciso que os aplicativos e sites sejam acessíveis aos leitores de tela. Isso significa que nem sempre o que está visível é suficiente para o programa interpretar.
É preciso, também, que ele leia o que está por trás do que aparece, ou seja, o código que foi gerado. Em páginas WEB, por exemplo, existe uma diretriz que determina a acessibilidade desses espaços, para que sejam perfeitamente acessados. Essas diretrizes, além de garantir a atuação dos cegos nesses sites, com autonomia, norteiam o trabalho dos desenvolvedores de conteúdo WEB. Temos o W3C, Word Wide Web Consortium; é um consórcio de empresas de tecnologia, criado em 1994, que estuda as tecnologias existentes para a apresentação de conteúdo na Internet e cria padrões de recomendação para utilizar essas tecnologias e permitir a acessibilidade. Assim, não é preciso empobrecer as páginas, retirando delas toda sofisticação gráfica, mas adaptar e introduzir recursos que possam enriquecer, ainda mais, seu conteúdo. Muitas dessas adaptações somente são compreendidas pelos leitores de tela para deficientes visuais, como legenda oculta em fotos, descrição de links, identificação de células e colunas nas tabelas, entre outros. Quando essas diretrizes não são seguidas adequadamente, a navegação torna-se muito mais dificultada. Por isso, cada barreira no acesso deve ser relatada aos desenvolvedores. Criticar faz parte da conscientização, mas é preciso valorizar, também, aqueles profissionais que se empenham em deixar cada "cantinho" o mais acessível possível. Essa é uma preocupação recente, não tão simples, porém que tem caído na preferência de muitos webdesigners, já que representa um diferencial em seu trabalho. Os benefícios de páginas com acessibilidade deve incluir todos que necessitam usufruir da informação contida nela. " Existem uma série de itens que torna flexível, cômoda, prática e fácil o uso de uma página web. Por esses motivos, designers e programadores devem incluir em seus projetos a acessibilidade, permitindo aos portadores de necessidades especiais como os deficientes físicos, visuais, auditivos e cognitivos o acesso à informação." Disse Eder da Silva Oliveira, designer de Portais WEB e estudante do 4º ano de desenho industrial.
Mesmo enxergando, Eder precisou instalar, em seu computador, os principais leitores de tela existentes no mercado e aprender utilizá-los. Navegando como os deficientes visuais ele consegue identificar falhas e fazer novas implementações em seus trabalhos. Paulo Siqueira ainda afirma que, por onde passa, dificilmente se vê impedido de navegar com facilidade. "Com relação à acessibilidade, os sites que costumo freqüentar são fáceis de navegar, ainda que os desenvolvedores não tenham pensado num site acessível." Já as inúmeras falhas encontradas enquanto navega na internet, faz com que Gilberto Ferreira, deficiente visual e vice presidente da Instituição Braille de Santos (IBS), fique chateado quando se vê impedido de concluir algum cadastro por causa da solicitação das letras de confirmação, que aparecem, geralmente, na forma de uma imagem embaralhada. "Essa forma de segurança, muito visual, exclui as pessoas que têm dificuldade para enxergar".
Assim, uma página de fácil navegação pode estar fora dos padrões de acessibilidade, que significa a flexibilidade no acesso às facilidades de um determinado produto ou local. Essa facilidade de uso, denominada usabilidade, gera uma maior produtividade e um menor índice de erros na execução de tarefas e utilização de serviços. Torna-se urgente e necessário uma abordagem ampla, cujos conceitos, tanto de acessibilidade quanto de usabilidade, sejam mais divulgados e integrados para garantir um acesso pleno e eficaz aos espaços virtuais por deficientes visuais e seus leitores de tela.
O Deficiente Visual e seu acesso aos espaços virtuais
Luciane Molina *
"Num belo dia, estava na Avenida paulista e um amigo me ligou para almoçarmos juntos. Devido à empolgação, esqueci de perguntar o endereço para ele. Fiquei
sem saber o que fazer por alguns instantes, mas logo lembrei da internet. Corri para o local que trabalho e acessei o site do restaurante para obter o endereço e telefone. Em instantes, já estava de posse de todas as informações necessárias."
Paulo Rachmaninov Siqueira)
Sem dúvida alguma, a internet hoje é uma realidade presente no dia-a-dia da maioria das pessoas. Porém, o depoimento acima seria tão comum se não tivesse sido gerado graças ao uso de leitores de tela para deficientes visuais. Todo o processo da procura pelo endereço e telefone do restaurante também foi conseguido
via áudio. Com softwares adaptados para essas pessoas é possível desempenhar inúmeras tarefas no computador, cujas pistas visuais são transmitidas para
o usuário por meio de uma voz sintetizada, um software instalado para essa finalidade, mas que não interfere no funcionamento geral das máquinas. Assim
quem não pode acompanhar, por exemplo, o movimentar e o apontar da ponteira do mouse, utiliza comandos e atalhos do teclado e toda interface gráfica pode
ser compreendida pelo áudio das imagens e do que está escrito no monitor. São inúmeras as facilidades trazidas por mais esse recurso, algumas conveniências
que antes só eram acessíveis pela mediação de alguém que descrevesse as informações a quem não as vê. No entanto, essa aproximação entre usuário e máquina expandiu-se para além do campo tecnológico. Segundo Paulo Siqueira, relator do depoimento acima, massoterapêuta e deficiente visual: "Além das conveniências da informática, a internet me proporcionou mais conhecimento, novas amizades. Costumo acessar guias de música, site de relacionamento, buscadores, jornais e eventuais blogs."
Mas não se espante! Como foi dito acima, a voz responsável pelo áudio das informações não é produzida por um locutor que está dentro da "caixa" do computador,
nem do outro lado da telinha. É bastante comum abordagens desse gênero, tendo que esclarecer freqüentemente que, além do software instalado é preciso que os aplicativos e sites sejam acessíveis aos leitores de tela. Isso significa que nem sempre o que está visível é suficiente para o programa interpretar.
É preciso, também, que ele leia o que está por trás do que aparece, ou seja, o código que foi gerado. Em páginas WEB, por exemplo, existe uma diretriz que determina a acessibilidade desses espaços, para que sejam perfeitamente acessados. Essas diretrizes, além de garantir a atuação dos cegos nesses sites, com autonomia, norteiam o trabalho dos desenvolvedores de conteúdo WEB. Temos o W3C, Word Wide Web Consortium; é um consórcio de empresas de tecnologia, criado em 1994, que estuda as tecnologias existentes para a apresentação de conteúdo na Internet e cria padrões de recomendação para utilizar essas tecnologias e permitir a acessibilidade. Assim, não é preciso empobrecer as páginas, retirando delas toda sofisticação gráfica, mas adaptar e introduzir recursos que possam enriquecer, ainda mais, seu conteúdo. Muitas dessas adaptações somente são compreendidas pelos leitores de tela para deficientes visuais, como legenda oculta em fotos, descrição de links, identificação de células e colunas nas tabelas, entre outros. Quando essas diretrizes não são seguidas adequadamente, a navegação torna-se muito mais dificultada. Por isso, cada barreira no acesso deve ser relatada aos desenvolvedores. Criticar faz parte da conscientização, mas é preciso valorizar, também, aqueles profissionais que se empenham em deixar cada "cantinho" o mais acessível possível. Essa é uma preocupação recente, não tão simples, porém que tem caído na preferência de muitos webdesigners, já que representa um diferencial em seu trabalho. Os benefícios de páginas com acessibilidade deve incluir todos que necessitam usufruir da informação contida nela. " Existem uma série de itens que torna flexível, cômoda, prática e fácil o uso de uma página web. Por esses motivos, designers e programadores devem incluir em seus projetos a acessibilidade, permitindo aos portadores de necessidades especiais como os deficientes físicos, visuais, auditivos e cognitivos o acesso à informação." Disse Eder da Silva Oliveira, designer de Portais WEB e estudante do 4º ano de desenho industrial.
Mesmo enxergando, Eder precisou instalar, em seu computador, os principais leitores de tela existentes no mercado e aprender utilizá-los. Navegando como os deficientes visuais ele consegue identificar falhas e fazer novas implementações em seus trabalhos. Paulo Siqueira ainda afirma que, por onde passa, dificilmente se vê impedido de navegar com facilidade. "Com relação à acessibilidade, os sites que costumo freqüentar são fáceis de navegar, ainda que os desenvolvedores não tenham pensado num site acessível." Já as inúmeras falhas encontradas enquanto navega na internet, faz com que Gilberto Ferreira, deficiente visual e vice presidente da Instituição Braille de Santos (IBS), fique chateado quando se vê impedido de concluir algum cadastro por causa da solicitação das letras de confirmação, que aparecem, geralmente, na forma de uma imagem embaralhada. "Essa forma de segurança, muito visual, exclui as pessoas que têm dificuldade para enxergar".
Assim, uma página de fácil navegação pode estar fora dos padrões de acessibilidade, que significa a flexibilidade no acesso às facilidades de um determinado produto ou local. Essa facilidade de uso, denominada usabilidade, gera uma maior produtividade e um menor índice de erros na execução de tarefas e utilização de serviços. Torna-se urgente e necessário uma abordagem ampla, cujos conceitos, tanto de acessibilidade quanto de usabilidade, sejam mais divulgados e integrados para garantir um acesso pleno e eficaz aos espaços virtuais por deficientes visuais e seus leitores de tela.
Encontro dos Países Lusófonos para Divulgação e Implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Agora, reproduzo abaixo a entrevista feita por mim e publicada, em setembro de 2008, na coluna do site “Vejo São José”.
19.09.2008 15h.40
Encontro dos Países Lusófonos para Divulgação e Implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Luciane Maria Molina Barbosa (*)
Um evento promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo aconteceu de 10 a 14 de setembro de 2008, na cidade de Santos – SP. Esse encontro, que reuniu profissionais e palestrantes de cada um dos países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, teve como objetivo, capacitar diferentes agentes nos temas abordados pela Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, aprofundando a cooperação entre esses países e intensificando as políticas programas e ações voltadas para a inclusão e a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Dentre os mais de 20 palestrantes, os temas debatidos sugeriram uma reflexão ampla, abordando desde questões de direitos humanos e a convenção, retrato da pessoa com deficiência na América Latina, definição de deficiência, questões jurídicas e não discriminação perante a lei, mobilidade e vida independente,
tecnologias assistivas, empregabilidade, educação, saúde e reabilitação, acessibilidade à comunicação e ao meio físico, entre outros.
Para saber mais sobre o que ocorreu no Encontro dos Países Lusófonos, conversei com Gilberto Ferreira, atuante em movimentos de pessoas com deficiência, na baixada santista, que assistiu a esse evento.
Luciane: Gilberto, apresente-se para os leitores, falando um pouco sobre sua atuação no movimento das pessoas com deficiência na sua região.
Gilberto: Sou Gilberto Ferreira, tenho 45 anos, atuo no movimento das pessoas com deficiência desde 2000, no Grupo Terceira Visão de Santos e no CONDEFI – Conselho Municipal para Integração das pessoas com Deficiência. No Grupo Terceira Visão atuamos na promoção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência visual. Já no CONDEFI atuei na comissão de acessibilidade e atualmente atuo na comissão de ordem jurídica.
L: Como deficiente visual, você vê avanços significativos com esses eventos que visam à divulgação de ações mais efetivas no combate à discriminação?
G: Com toda certeza essas ações são importantes para o combate a discriminação. É uma pena que os deficientes não participem ativamente desses eventos, porque só com a atuação efetiva de todos, vamos conseguir acabar com essas discriminações.
L: Dentre as palestras as quais você participou, em sua opinião, qual trouxe uma contribuição real para nós Brasileiros? Conte para os leitores um pouco sobre essas contribuições.
G: Acho que todas as palestras foram importantes. Não dá para falar só de uma, mas dentre todas que participei, as que mais me emocionaram foram os depoimentos dos nossos irmãos dos países lusófonos. Deu para ter uma idéia de como o Brasil está avançado nas questões das pessoas com deficiência, é claro que com a convenção é só o primeiro passo para que essas ações comessem a ter um resultado. Precisamos agora encontrar um mecanismo para fiscalizar e fazer com que essa convenção seja efetivamente respeitada.
L: O que é acessibilidade? Apenas garantir o acesso aos locais públicos representa Inclusão?
G: Não, Luciane, a acessibilidade em locais Públicos não garante a inclusão. A acessibilidade é um direito de todos os cidadãos. Ela não é somente para as pessoas com deficiência, mas também para as crianças, idosos, gestantes, para que se possa exercer o direito de ir, vir e se comunicar com autonomia e independência.
L: Os direitos dos deficientes são respeitados de fato ou é preciso, ainda, aplicar severas punições?
G: Sabemos que nossos direitos ainda não são respeitados, mas acho que também não é com punições que vamos resolver o problema; sim com uma ampla conscientização, com palestras e workshops para mostrar para a sociedade a importância da integração das pessoas portadoras de deficiência e o respeito aos seus direitos.
Por um lado encontramos a pessoa, o profissional, o estudante querendo seguir seu caminho independente da deficiência.
L: Por outro, existem os “oportunistas” que fazem da deficiência sua oportunidade de conseguir uma promoção na sociedade. Como você encara esse fato?
G: Eu acho repugnante quando as pessoas usam sua deficiência para se promover na sociedade. Hoje em dia estamos tendo acesso a escolas e universidades, para podermos nos promover sim, mas com o esforço de nosso trabalho.
L: Deixe o seu recado para os leitores.
G: As dificuldades estão sempre presentes e a luta é uma constante. Sinto que não posso parar, pois tenho muito pouco, mas sinto que posso contribuir para melhorar a qualidade de vida de muitos, que iguais a mim fazem parte de minorias, mas não têm a mesma perspectiva de luta. Sei que é uma batalha árdua, mas tudo só vale a pena quando conquistado. E é isso que tenho feito, conquistado espaço para os que como eu sofrem limitações.
(*) Luciane Maria Molina Barbosa é professora em Guaratinguetá e Lorena.
19.09.2008 15h.40
Encontro dos Países Lusófonos para Divulgação e Implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Luciane Maria Molina Barbosa (*)
Um evento promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo aconteceu de 10 a 14 de setembro de 2008, na cidade de Santos – SP. Esse encontro, que reuniu profissionais e palestrantes de cada um dos países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, teve como objetivo, capacitar diferentes agentes nos temas abordados pela Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, aprofundando a cooperação entre esses países e intensificando as políticas programas e ações voltadas para a inclusão e a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Dentre os mais de 20 palestrantes, os temas debatidos sugeriram uma reflexão ampla, abordando desde questões de direitos humanos e a convenção, retrato da pessoa com deficiência na América Latina, definição de deficiência, questões jurídicas e não discriminação perante a lei, mobilidade e vida independente,
tecnologias assistivas, empregabilidade, educação, saúde e reabilitação, acessibilidade à comunicação e ao meio físico, entre outros.
Para saber mais sobre o que ocorreu no Encontro dos Países Lusófonos, conversei com Gilberto Ferreira, atuante em movimentos de pessoas com deficiência, na baixada santista, que assistiu a esse evento.
Luciane: Gilberto, apresente-se para os leitores, falando um pouco sobre sua atuação no movimento das pessoas com deficiência na sua região.
Gilberto: Sou Gilberto Ferreira, tenho 45 anos, atuo no movimento das pessoas com deficiência desde 2000, no Grupo Terceira Visão de Santos e no CONDEFI – Conselho Municipal para Integração das pessoas com Deficiência. No Grupo Terceira Visão atuamos na promoção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência visual. Já no CONDEFI atuei na comissão de acessibilidade e atualmente atuo na comissão de ordem jurídica.
L: Como deficiente visual, você vê avanços significativos com esses eventos que visam à divulgação de ações mais efetivas no combate à discriminação?
G: Com toda certeza essas ações são importantes para o combate a discriminação. É uma pena que os deficientes não participem ativamente desses eventos, porque só com a atuação efetiva de todos, vamos conseguir acabar com essas discriminações.
L: Dentre as palestras as quais você participou, em sua opinião, qual trouxe uma contribuição real para nós Brasileiros? Conte para os leitores um pouco sobre essas contribuições.
G: Acho que todas as palestras foram importantes. Não dá para falar só de uma, mas dentre todas que participei, as que mais me emocionaram foram os depoimentos dos nossos irmãos dos países lusófonos. Deu para ter uma idéia de como o Brasil está avançado nas questões das pessoas com deficiência, é claro que com a convenção é só o primeiro passo para que essas ações comessem a ter um resultado. Precisamos agora encontrar um mecanismo para fiscalizar e fazer com que essa convenção seja efetivamente respeitada.
L: O que é acessibilidade? Apenas garantir o acesso aos locais públicos representa Inclusão?
G: Não, Luciane, a acessibilidade em locais Públicos não garante a inclusão. A acessibilidade é um direito de todos os cidadãos. Ela não é somente para as pessoas com deficiência, mas também para as crianças, idosos, gestantes, para que se possa exercer o direito de ir, vir e se comunicar com autonomia e independência.
L: Os direitos dos deficientes são respeitados de fato ou é preciso, ainda, aplicar severas punições?
G: Sabemos que nossos direitos ainda não são respeitados, mas acho que também não é com punições que vamos resolver o problema; sim com uma ampla conscientização, com palestras e workshops para mostrar para a sociedade a importância da integração das pessoas portadoras de deficiência e o respeito aos seus direitos.
Por um lado encontramos a pessoa, o profissional, o estudante querendo seguir seu caminho independente da deficiência.
L: Por outro, existem os “oportunistas” que fazem da deficiência sua oportunidade de conseguir uma promoção na sociedade. Como você encara esse fato?
G: Eu acho repugnante quando as pessoas usam sua deficiência para se promover na sociedade. Hoje em dia estamos tendo acesso a escolas e universidades, para podermos nos promover sim, mas com o esforço de nosso trabalho.
L: Deixe o seu recado para os leitores.
G: As dificuldades estão sempre presentes e a luta é uma constante. Sinto que não posso parar, pois tenho muito pouco, mas sinto que posso contribuir para melhorar a qualidade de vida de muitos, que iguais a mim fazem parte de minorias, mas não têm a mesma perspectiva de luta. Sei que é uma batalha árdua, mas tudo só vale a pena quando conquistado. E é isso que tenho feito, conquistado espaço para os que como eu sofrem limitações.
(*) Luciane Maria Molina Barbosa é professora em Guaratinguetá e Lorena.
Entrevista
Conheci o Delamare num curso de Grafia Braille que ministrei na UNESP/FEG - Guaratinguetá. Como um dos colunistas do site "vejo São José", ele me convidou para uma entrevista, a qual reproduzo abaixo. A partir daí, tornei-me, também, colunista deste site. Como as matérias mais antigas sempre são substituídas pelas recentes, fiz uma seleção e começo a reproduzí-las aqui, neste espaço.
Convido vocês, sempre que puderem, dar uma navegada em: www.vejosaojose.com.br, pois sempre há novidades e novos artigos.
11.07.2008 00h.01
Luciane Maria Molina Barbosa
"A trajetória profissional de uma professora compromissada com as tecnologias em ambiente educativo computacional”
Delamare MC Filho (*)
Conversar com a professora Luciane é mergulhar num imenso mundo de conhecimentos que nos levam as viagens fantásticas na esfera do saber. Luciane é professora especialista em Deficiência Visual e trabalha com deficientes visuais.
A talentosa professora Luciane não mede esforços quando se trata em ajudar os professores interessados em aprender um pouco da sua arte de ensinar alunos com deficiência visual. Nasceu em Guaratinguetá e sempre viveu nesta cidade prestando seus trabalhos como docente tanto em Guaratinguetá como na cidade de Lorena, cidade vizinha. Vamos conhecer um pouco desta simpática professora que fascina seus alunos:
Como se sente dando aulas para professores videntes? - Essa experiência surgiu da necessidade de divulgar recursos que proporcionassem mais autonomia e independência aos deficientes visuais. Sabemos que para que haja inclusão desses educandos na escola regular é preciso que os profissionais envolvidos tenham uma postura e atitudes que garantam, não só sua presença física, mas sua permanência e participação nas aulas.
A justificativa desses profissionais, ao encontrarem um deficiente visual em suas classes, é de que não estão preparados e, isso é inaceitável, sobretudo no momento em que vivemos. Partiu daí a necessidade de se formar multiplicadores para essa atuação. Não formamos apenas aquela turma, mas sabemos que dali todas as informações serão divulgadas e multiplicadas entre familiares, colegas de trabalho, alunos, entre outros. É essa relação que torna a experiência muito mais gratificante. Nos cursos para capacitar professores videntes (quem enxerga), tenho o cuidado de mostrar que existem técnicas distintas. Eles aprendem como videntes, mas também precisam ter o conhecimento de como transmitir e ensinar as técnicas para os cegos. São aprendizados paralelos, mas necessários para garantir avanços no processo de construção das noções de como um deficiente visual interage com as informações e com o espaço a sua volta. Tenho o cuidado, também, de mostrar as relações existentes entre a teoria e a prática, já que além de profissional da área, sou deficiente visual e vivencio toda essa realidade, trabalho, também, ensinando outros deficientes visuais. Aliar teoria à prática é o caminho para esclarecer que o deficiente, acima de tudo é um ser humano, com qualidades, defeitos, dificuldades... Não podemos admitir certos mitos e estereótipos criados para “explicar”, de forma equivocada, a maneira natural como o deficiente encara suas limitações, criando e recriando formas de convívios. Adaptações sempre são necessárias e, é por meio de pequenas adaptações que desenvolvo minha prática docente, como por exemplo, uso da tecnologia, de leitores de tela e sintetizadores de voz, sistema de leitura tátil e escrita em Braille, entre outros.
Poderia falar um pouco do Dosvox e sua utilidade? - Como costumo falar, a tecnologia veio pra romper as limitações impostas pela própria deficiência. Permitiu-nos ter uma nova perspectiva, nos garantiu acesso a serviços e espaços nunca antes percorridos. Se, por um lado, a informática trouxe tantas inovações para seus usuários, por outro, devolveu aos deficientes visuais a oportunidade de interação com as informações e com outras pessoas de maneira a não haver diferenças entre essa comunicação.
O Dosvox surgiu de um trabalho entre um aluno e um professor, durante um semestre acadêmico. O marco dessa evolução foi em 1993, quando um estudante cego ingressou num curso na área da informática, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde então, partindo das necessidades desse aluno e tendo como exemplo o empenho e dedicação do professor Antonio Borges, estabeleceu-se relações e esforços para tornar o uso de computadores e de ferramentas mais acessíveis ao deficiente visual.
Apesar das insistentes críticas dos fanáticos por sistemas, como Windows, o uso do Dosvox, antes de tudo representa a libertação do cego, fazendo com que ele compreenda e seja compreendido, já que utiliza para isso, uma máquina absolutamente comum, cuja única adaptação é a instalação do software que permita transformar suas mensagens visuais em mensagens sonoras.
O Sistema Dosvox foi criado usando tecnologia brasileira. Ele se comunica com o usuário por meio de mensagens interativas, que sugerem um diálogo entre usuário e máquina, respondidos por comandos no teclado. Ele está em constante aperfeiçoamento, contando com sugestões e colaboração dos seus usuários. As novas implementações são sempre divulgadas e publicadas no site
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox
. Nesse site também poderá baixar gratuitamente o programa. Além do Sistema Operacional que contém toda interface com o usuário, o Dosvox conta com síntese de voz e aplicativos específicos como: editor e leitor de textos, impressor e formatador utilitários (agenda, leitor de tela, relógio, calculadora, etc.), jogos didáticos e lúdicos, ampliador de telas para pessoas com visão reduzida, entre outros.
Qual seria mais difícil para o aluno deficiente visual, a teoria ou a prática do Dosvox? - Como sabemos, toda prática eficaz baseia-se em uma teoria bem aplicável. É necessário equilibrar ambas para garantir avanços no processo. Para o deficiente visual é preciso mesclar, com muito cuidado, as duas situações. Se por um lado a teoria serve para compreender aspectos como, partes do computador, manipulação de pastas e arquivos, atalhos e comandos, por outro lado, a prática é que irá consolidar tudo isso, já que, quando se fala em informática pra cegos, os conceitos são bem mais abstratos. O deficiente visual não terá auxílio de pistas gráficas, o que facilitariam a construção simbólica. Existe uma grande necessidade de se enfatizar a prática, nesse sentido.
Além disso, é preciso destinar um período e atividades específicas para “treino” auditivo. A familiaridade com a voz sintetizada será de suma importância para o desempenho de todas as funções posteriores. Assim, o usuário só será capaz de compreender a funcionalidade e utilização do sistema a partir da manipulação do mesmo. Configuração de timbre de voz, velocidade de leitura, posicionamento de mãos e dedos, pressão ao digitar, entre outros, são requisitos essenciais no manuseio dos computadores falantes.
O Dosvox pode também ser utilizado pelos alunos com baixa visão? - Sim. Além de cores e letras com contraste, o Sistema possui uma ferramenta para ampliar textos, instalada junto ao Dosvox. Quando acionada, o Mouse do computador funcionará como uma lupa.
Alguns alunos deficientes visuais são simplesmente ledores, ou seja, não conseguem fazer uma análise crítica sobre o conteúdo lido. Como transformá-los em bons leitores? - Esse fato não está presente apenas entre o grupo dos deficientes visuais. Talvez ganhe mais destaque por envolver outras formas e ferramentas de acesso ao conhecimento não tão comums entre os videntes e profissionais. Muitas vezes essa falta de análise crítica está diretamente relacionada ao despreparo desses professores que atuam no ensino de deficientes visuais, como método Braille, uso de leitores de tela e softwares específicos, soroban, orientação e mobilidade, entre outros.
No Braille, por exemplo, se não houver um ensino adequado e que corresponda todas as especificidades que este processo requer o fracasso na leitura, escrita e compreensão serão inevitáveis, já que dependem de posicionamento de mãos, movimento, coordenação, estimulação tátil, entre outros. Se o cego não for capaz de compreender o que se lê, não será capaz de estabelecer uma análise crítica sobre o seu conteúdo.
No caso dos programas que convertem o texto para áudio, essa relação ocorre de forma a facilitar a compreensão pelo deficiente visual. Após já estar familiarizado com a voz, timbres e velocidade, a leitura será confortável e dinâmica, pois poderá levar em conta até mesmo a entonação, pontuação, pausas, entre outros.
Compreendendo-se o que está sendo lido ou, ouvido, será mais fácil analisar criticamente o conteúdo e formular suas próprias conclusões sobre o assunto.
Neste caso, é um estímulo a mais para formar bons leitores e, como conseqüência, escritores de sua própria história.
Poderia dar um recado aos professores que trabalham com deficientes visuais? - Que a potencialidade do ser humano, independente de qual for a limitação, não seja quantificada, não seja determinada por posturas reducionistas... Somos capazes de criar e recriar condições favoráveis para estabelecer nossas relações com o meio e com as pessoas.
Que os profissionais estejam abertos para compartilhar e aprender novas maneiras de ação e interação com o outro. Não há um conhecimento pronto ou acabado, mas estamos sempre dispostos a conquistar a inclusão.
(*) Delamare MC Filho é professor -
Convido vocês, sempre que puderem, dar uma navegada em: www.vejosaojose.com.br, pois sempre há novidades e novos artigos.
11.07.2008 00h.01
Luciane Maria Molina Barbosa
"A trajetória profissional de uma professora compromissada com as tecnologias em ambiente educativo computacional”
Delamare MC Filho (*)
Conversar com a professora Luciane é mergulhar num imenso mundo de conhecimentos que nos levam as viagens fantásticas na esfera do saber. Luciane é professora especialista em Deficiência Visual e trabalha com deficientes visuais.
A talentosa professora Luciane não mede esforços quando se trata em ajudar os professores interessados em aprender um pouco da sua arte de ensinar alunos com deficiência visual. Nasceu em Guaratinguetá e sempre viveu nesta cidade prestando seus trabalhos como docente tanto em Guaratinguetá como na cidade de Lorena, cidade vizinha. Vamos conhecer um pouco desta simpática professora que fascina seus alunos:
Como se sente dando aulas para professores videntes? - Essa experiência surgiu da necessidade de divulgar recursos que proporcionassem mais autonomia e independência aos deficientes visuais. Sabemos que para que haja inclusão desses educandos na escola regular é preciso que os profissionais envolvidos tenham uma postura e atitudes que garantam, não só sua presença física, mas sua permanência e participação nas aulas.
A justificativa desses profissionais, ao encontrarem um deficiente visual em suas classes, é de que não estão preparados e, isso é inaceitável, sobretudo no momento em que vivemos. Partiu daí a necessidade de se formar multiplicadores para essa atuação. Não formamos apenas aquela turma, mas sabemos que dali todas as informações serão divulgadas e multiplicadas entre familiares, colegas de trabalho, alunos, entre outros. É essa relação que torna a experiência muito mais gratificante. Nos cursos para capacitar professores videntes (quem enxerga), tenho o cuidado de mostrar que existem técnicas distintas. Eles aprendem como videntes, mas também precisam ter o conhecimento de como transmitir e ensinar as técnicas para os cegos. São aprendizados paralelos, mas necessários para garantir avanços no processo de construção das noções de como um deficiente visual interage com as informações e com o espaço a sua volta. Tenho o cuidado, também, de mostrar as relações existentes entre a teoria e a prática, já que além de profissional da área, sou deficiente visual e vivencio toda essa realidade, trabalho, também, ensinando outros deficientes visuais. Aliar teoria à prática é o caminho para esclarecer que o deficiente, acima de tudo é um ser humano, com qualidades, defeitos, dificuldades... Não podemos admitir certos mitos e estereótipos criados para “explicar”, de forma equivocada, a maneira natural como o deficiente encara suas limitações, criando e recriando formas de convívios. Adaptações sempre são necessárias e, é por meio de pequenas adaptações que desenvolvo minha prática docente, como por exemplo, uso da tecnologia, de leitores de tela e sintetizadores de voz, sistema de leitura tátil e escrita em Braille, entre outros.
Poderia falar um pouco do Dosvox e sua utilidade? - Como costumo falar, a tecnologia veio pra romper as limitações impostas pela própria deficiência. Permitiu-nos ter uma nova perspectiva, nos garantiu acesso a serviços e espaços nunca antes percorridos. Se, por um lado, a informática trouxe tantas inovações para seus usuários, por outro, devolveu aos deficientes visuais a oportunidade de interação com as informações e com outras pessoas de maneira a não haver diferenças entre essa comunicação.
O Dosvox surgiu de um trabalho entre um aluno e um professor, durante um semestre acadêmico. O marco dessa evolução foi em 1993, quando um estudante cego ingressou num curso na área da informática, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde então, partindo das necessidades desse aluno e tendo como exemplo o empenho e dedicação do professor Antonio Borges, estabeleceu-se relações e esforços para tornar o uso de computadores e de ferramentas mais acessíveis ao deficiente visual.
Apesar das insistentes críticas dos fanáticos por sistemas, como Windows, o uso do Dosvox, antes de tudo representa a libertação do cego, fazendo com que ele compreenda e seja compreendido, já que utiliza para isso, uma máquina absolutamente comum, cuja única adaptação é a instalação do software que permita transformar suas mensagens visuais em mensagens sonoras.
O Sistema Dosvox foi criado usando tecnologia brasileira. Ele se comunica com o usuário por meio de mensagens interativas, que sugerem um diálogo entre usuário e máquina, respondidos por comandos no teclado. Ele está em constante aperfeiçoamento, contando com sugestões e colaboração dos seus usuários. As novas implementações são sempre divulgadas e publicadas no site
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox
. Nesse site também poderá baixar gratuitamente o programa. Além do Sistema Operacional que contém toda interface com o usuário, o Dosvox conta com síntese de voz e aplicativos específicos como: editor e leitor de textos, impressor e formatador utilitários (agenda, leitor de tela, relógio, calculadora, etc.), jogos didáticos e lúdicos, ampliador de telas para pessoas com visão reduzida, entre outros.
Qual seria mais difícil para o aluno deficiente visual, a teoria ou a prática do Dosvox? - Como sabemos, toda prática eficaz baseia-se em uma teoria bem aplicável. É necessário equilibrar ambas para garantir avanços no processo. Para o deficiente visual é preciso mesclar, com muito cuidado, as duas situações. Se por um lado a teoria serve para compreender aspectos como, partes do computador, manipulação de pastas e arquivos, atalhos e comandos, por outro lado, a prática é que irá consolidar tudo isso, já que, quando se fala em informática pra cegos, os conceitos são bem mais abstratos. O deficiente visual não terá auxílio de pistas gráficas, o que facilitariam a construção simbólica. Existe uma grande necessidade de se enfatizar a prática, nesse sentido.
Além disso, é preciso destinar um período e atividades específicas para “treino” auditivo. A familiaridade com a voz sintetizada será de suma importância para o desempenho de todas as funções posteriores. Assim, o usuário só será capaz de compreender a funcionalidade e utilização do sistema a partir da manipulação do mesmo. Configuração de timbre de voz, velocidade de leitura, posicionamento de mãos e dedos, pressão ao digitar, entre outros, são requisitos essenciais no manuseio dos computadores falantes.
O Dosvox pode também ser utilizado pelos alunos com baixa visão? - Sim. Além de cores e letras com contraste, o Sistema possui uma ferramenta para ampliar textos, instalada junto ao Dosvox. Quando acionada, o Mouse do computador funcionará como uma lupa.
Alguns alunos deficientes visuais são simplesmente ledores, ou seja, não conseguem fazer uma análise crítica sobre o conteúdo lido. Como transformá-los em bons leitores? - Esse fato não está presente apenas entre o grupo dos deficientes visuais. Talvez ganhe mais destaque por envolver outras formas e ferramentas de acesso ao conhecimento não tão comums entre os videntes e profissionais. Muitas vezes essa falta de análise crítica está diretamente relacionada ao despreparo desses professores que atuam no ensino de deficientes visuais, como método Braille, uso de leitores de tela e softwares específicos, soroban, orientação e mobilidade, entre outros.
No Braille, por exemplo, se não houver um ensino adequado e que corresponda todas as especificidades que este processo requer o fracasso na leitura, escrita e compreensão serão inevitáveis, já que dependem de posicionamento de mãos, movimento, coordenação, estimulação tátil, entre outros. Se o cego não for capaz de compreender o que se lê, não será capaz de estabelecer uma análise crítica sobre o seu conteúdo.
No caso dos programas que convertem o texto para áudio, essa relação ocorre de forma a facilitar a compreensão pelo deficiente visual. Após já estar familiarizado com a voz, timbres e velocidade, a leitura será confortável e dinâmica, pois poderá levar em conta até mesmo a entonação, pontuação, pausas, entre outros.
Compreendendo-se o que está sendo lido ou, ouvido, será mais fácil analisar criticamente o conteúdo e formular suas próprias conclusões sobre o assunto.
Neste caso, é um estímulo a mais para formar bons leitores e, como conseqüência, escritores de sua própria história.
Poderia dar um recado aos professores que trabalham com deficientes visuais? - Que a potencialidade do ser humano, independente de qual for a limitação, não seja quantificada, não seja determinada por posturas reducionistas... Somos capazes de criar e recriar condições favoráveis para estabelecer nossas relações com o meio e com as pessoas.
Que os profissionais estejam abertos para compartilhar e aprender novas maneiras de ação e interação com o outro. Não há um conhecimento pronto ou acabado, mas estamos sempre dispostos a conquistar a inclusão.
(*) Delamare MC Filho é professor -
Mãos de Cegos
Conheci a poesia abaixo em abril de 2006. Fiquei encantada com o que essas linhas foram capazes de "falar". Realmente, para nós, as mãos nos permitem explorar o mundo e, ver tudo aquilo, que somente as texturas, as formas, enfim, o toque é capaz de revelar. Nossas mãos não servem apenas para executar as tarefas... elas nos mostram , também, que com "meia dúzia" de pontos" podemos escrever muitas histórias...
Desde então, guardei tão sábias palavras e hoje compartilho com vocês, como uma forma de valorizar esse sentido tão especial, que nos permite conhecer o mundo! Aproveito para agradecer ao autor desta maravilhosa poesia, por descrever tão bem nossas "mãos".
MÃOS DE CEGOS
As mãos, para mim, são tudo.
Com elas percebo o mundo;
Viajo por todas as partes,
Atinjo recantos profundos.
Vou a lugares distantes,
De difícil acesso.
E com meia dúzia de pontos
Tudo o que se escreve, leio.
Têm dom de tocar instrumentos,
Também sabem acariciar.
Com elas crio meu tempo
E tudo o que se imaginar.
São a base da minha vida,
Descobrem coisas sem parar.
Os dedos são meus olhos,
me ensinam a viver, a sonhar.
Agradeço a Deus por me dar
Tão precioso presente
Com elas vou construindo
Um mundo mais conivente.
Tiago Duarte
Desde então, guardei tão sábias palavras e hoje compartilho com vocês, como uma forma de valorizar esse sentido tão especial, que nos permite conhecer o mundo! Aproveito para agradecer ao autor desta maravilhosa poesia, por descrever tão bem nossas "mãos".
MÃOS DE CEGOS
As mãos, para mim, são tudo.
Com elas percebo o mundo;
Viajo por todas as partes,
Atinjo recantos profundos.
Vou a lugares distantes,
De difícil acesso.
E com meia dúzia de pontos
Tudo o que se escreve, leio.
Têm dom de tocar instrumentos,
Também sabem acariciar.
Com elas crio meu tempo
E tudo o que se imaginar.
São a base da minha vida,
Descobrem coisas sem parar.
Os dedos são meus olhos,
me ensinam a viver, a sonhar.
Agradeço a Deus por me dar
Tão precioso presente
Com elas vou construindo
Um mundo mais conivente.
Tiago Duarte
domingo, 8 de março de 2009
Ler Braille é Preciso
Dentre as poucas publicações existentes em Braille, de circulação nacional, destaco a Revista Brasileira para Cegos, mais conhecida como RBC. Tal publicação, impressa e distribuída pelo Instituto Benjamin Constant - RJ merece nosso reconhecimento, principalmente, porque sabemos que, através de suas páginas pontilhadas, leva a centenas de deficientes visuais, informações variadas, desde fábulas, acontecimentos internacionais, dicas de saúde, ciência, ecologia, deficiência, troca de correspondência entre pessoas interessadas, entre outros. Foi em uma dessas publicações da RBC, mais especificamente em um Editorial da Revista, que retirei o texto que colo a seguir. Quando o li pela primeira vez, pareceu que o Editor conseguiu manifestar tudo aquilo que eu queria dizer, mas que me faltavam palavras. É mais uma homenagem ao bicentenário de Louis Braille.
E, aos que perguntarem: O texto, afinal, estava em Braille ou em tinta? Posso explicar. Achei o texto tão real quanto as nossas realidades que o li em Braille e fui digitando no computador para que pudesse compartilhar com mais pessoas essa jóia rara.
Fiquem com o texto:
"Ler Braille É Preciso"
Eis a fórmula para se obter a total integração do cego com as palavras
escritas, já que, quando estão alhures, espalhadas pelos muros do mundo, o acesso a elas é tão difícil como quando estão nos livros escritos no sistema comum, nos cartazes, etc. Claro está que a INTERNET, as gravações e as leituras ao vivo ajudam, e muito, no processo do aprendizado e da comunicação; mas nada substitui a leitura, moto próprio, absolutamente necessária na vida de todos, principalmente na da pessoa cega, pois é somente quando ela tem o braille "sob" os dedos, que a grafia das palavras se faz presente. Sem desprezar o fato de que quando lemos, aprendemos e apreendemos com mais plenitude.
Não se trata de inconformismo ou ingratidão, pois a presença do ledor como parte ativa na elaboração de nossas revistas, é inconteste.
O que nos move também é o desejo de independência; de podermos ler quando e onde quisermos: numa viagem, no sossego e silêncio proporcionados pela ausência de aparelhos retransmissores da fala, nem sempre disponíveis e, por vezes desejáveis.
Nada é tão gratificante quanto o ato simples e ao mesmo tempo maravilhoso que nos proporciona a leitura, oriunda do esforço e dedicação do grande Louis Braille.
Portanto, ler braille significa também reconhecimento e gratidão.
(Texto extraído da Revista Brasileira para Cegos – RBC, Edição Nº 497)
E, aos que perguntarem: O texto, afinal, estava em Braille ou em tinta? Posso explicar. Achei o texto tão real quanto as nossas realidades que o li em Braille e fui digitando no computador para que pudesse compartilhar com mais pessoas essa jóia rara.
Fiquem com o texto:
"Ler Braille É Preciso"
Eis a fórmula para se obter a total integração do cego com as palavras
escritas, já que, quando estão alhures, espalhadas pelos muros do mundo, o acesso a elas é tão difícil como quando estão nos livros escritos no sistema comum, nos cartazes, etc. Claro está que a INTERNET, as gravações e as leituras ao vivo ajudam, e muito, no processo do aprendizado e da comunicação; mas nada substitui a leitura, moto próprio, absolutamente necessária na vida de todos, principalmente na da pessoa cega, pois é somente quando ela tem o braille "sob" os dedos, que a grafia das palavras se faz presente. Sem desprezar o fato de que quando lemos, aprendemos e apreendemos com mais plenitude.
Não se trata de inconformismo ou ingratidão, pois a presença do ledor como parte ativa na elaboração de nossas revistas, é inconteste.
O que nos move também é o desejo de independência; de podermos ler quando e onde quisermos: numa viagem, no sossego e silêncio proporcionados pela ausência de aparelhos retransmissores da fala, nem sempre disponíveis e, por vezes desejáveis.
Nada é tão gratificante quanto o ato simples e ao mesmo tempo maravilhoso que nos proporciona a leitura, oriunda do esforço e dedicação do grande Louis Braille.
Portanto, ler braille significa também reconhecimento e gratidão.
(Texto extraído da Revista Brasileira para Cegos – RBC, Edição Nº 497)
Nossos Pontos de Luz
Seguindo a idéia de postagens sobre Braille, não poderia deixar de compartilhar uma frase bastante emocionante e verdadeira. Com essas singelas palavras, ela faz transbordar as emoções e enche de encanto nossos corações, porque pra nós, essas sementes de luz estarão acesas sempre na nossa incansável luta pela inclusão, pela busca de conhecimento, pelo acesso à informação...
"Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber."
(Helen Keller)
E para conhecimento, deixo aqui a História dessa menina que, soube expressar tão bem, o significado dos pontos em relevo.
HELEN KELLER
Helen Keller não completara ainda 2 anos de idade quando foi atingida por uma doença que a deixou cega e surda para toda a vida. Durante alguns anos, ela foi, segundo as suas próprias palavras, "selvagem e indisciplinada", expressando-se com violência.
Mas aos 6 anos surgiu na sua vida a professora Anne Sullivan. Utilizando o sentido do tato como elo de ligação entre os mundos de ambas e escrevendo as palavras na mão da pupila, a nova professora tentou insistentemente dar a entender a Helen a relação entre as palavras e aquilo que elas significam.
O ponto de viragem deu-se com a palavra "água": enquanto a água de uma bica jorrava sobre uma das mãos da sua aluna, Ann Sullivan escrevia "água" na outra.
"mantive-me quieta, toda a minha atenção concentrada sobre o movimento dos seus dedos", recorda Helen. "subitamente, senti a emoção de uma idéia que se repetia - e assim me foi revelado o mistério da linguagem." desde esse dia, Helen "viu" o mundo de outra maneira. O sentido do tato tornou-se para ela uma espécie de visão: "às vezes, é como se a própria essência da minha carne fosse uma miríade de olhos a ver... Não posso dizer se vemos melhor com as mãos ou com os olhos: sei apenas que o mundo que vejo com as minhas mãos é vivo, colorido gratificante."
Helen descobriu maneiras engenhosas de sentir as imagens e os sons: "por vezes, se tiver sorte, coloco suavemente a mão numa pequena árvore e sinto o feliz estremecer de um passarinho que canta." e por meio do tacto, ela conseguia "detectar o riso, a tristeza e muitas outras emoções obvias. Conheço as minhas amigas só por tocar-lhes as faces".
Helen Keller, sentia que o silêncio e a escuridão em que vivia lhe tinham aberto a porta para um mundo de sensações de que as pessoas mais "afortunadas" nunca se apercebem: "com os meus três guias fieis, o tato, o olfato e o paladar, faço muitas excursões ás zonas limites da cidade da luz."
Nascida em 27 de junho de 1880 no Alabama (EUA), Helen Keller foi excluída do mundo com um ano de idade: uma escarlatina deixou-a totalmente cega e surda.
Helen foi crescendo como uma selvagem, num universo escuro e silencioso. Em 1887, sua vida deu uma guinada com a chegada de Anne Sullivan, uma ex-cega que aceitou o desafio de educá-la. Durante um mês, Sullivan ensinou a menina a soletrar palavras com os dedos de uma mão, enquanto tocava um objeto com a outra. Helen aprendeu. Só não sabia que estava formando palavras, porque não sabia que elas existiam... Certa tarde, Anne mergulhou a mão esquerda de Hellen num balde d’água e soletrou "água" com a outra mão. Repetiu várias vezes a operação e o milagre aconteceu: Helen entendeu que "água" era o nome do líquido que sentia pelo tato. Até o fim do dia, aprendeu mais 30 palavras. Em pouco tempo dominou o alfabeto braile, demonstrando incrível facilidade em ler e escrever. Aos 10 anos aprendeu a falar e propôs-se a cursar faculdade. Em 1904, formou-se com louvor, sendo a primeira cega e surda a completar um curso universitário. A partir daí dedicou-se à defesa dos direitos de mulheres, pobres e deficientes. Morreu em 1968.
Fonte: http://www.vertex.com.br/users/san/vercom_as_maos.htm
"Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber."
(Helen Keller)
E para conhecimento, deixo aqui a História dessa menina que, soube expressar tão bem, o significado dos pontos em relevo.
HELEN KELLER
Helen Keller não completara ainda 2 anos de idade quando foi atingida por uma doença que a deixou cega e surda para toda a vida. Durante alguns anos, ela foi, segundo as suas próprias palavras, "selvagem e indisciplinada", expressando-se com violência.
Mas aos 6 anos surgiu na sua vida a professora Anne Sullivan. Utilizando o sentido do tato como elo de ligação entre os mundos de ambas e escrevendo as palavras na mão da pupila, a nova professora tentou insistentemente dar a entender a Helen a relação entre as palavras e aquilo que elas significam.
O ponto de viragem deu-se com a palavra "água": enquanto a água de uma bica jorrava sobre uma das mãos da sua aluna, Ann Sullivan escrevia "água" na outra.
"mantive-me quieta, toda a minha atenção concentrada sobre o movimento dos seus dedos", recorda Helen. "subitamente, senti a emoção de uma idéia que se repetia - e assim me foi revelado o mistério da linguagem." desde esse dia, Helen "viu" o mundo de outra maneira. O sentido do tato tornou-se para ela uma espécie de visão: "às vezes, é como se a própria essência da minha carne fosse uma miríade de olhos a ver... Não posso dizer se vemos melhor com as mãos ou com os olhos: sei apenas que o mundo que vejo com as minhas mãos é vivo, colorido gratificante."
Helen descobriu maneiras engenhosas de sentir as imagens e os sons: "por vezes, se tiver sorte, coloco suavemente a mão numa pequena árvore e sinto o feliz estremecer de um passarinho que canta." e por meio do tacto, ela conseguia "detectar o riso, a tristeza e muitas outras emoções obvias. Conheço as minhas amigas só por tocar-lhes as faces".
Helen Keller, sentia que o silêncio e a escuridão em que vivia lhe tinham aberto a porta para um mundo de sensações de que as pessoas mais "afortunadas" nunca se apercebem: "com os meus três guias fieis, o tato, o olfato e o paladar, faço muitas excursões ás zonas limites da cidade da luz."
Nascida em 27 de junho de 1880 no Alabama (EUA), Helen Keller foi excluída do mundo com um ano de idade: uma escarlatina deixou-a totalmente cega e surda.
Helen foi crescendo como uma selvagem, num universo escuro e silencioso. Em 1887, sua vida deu uma guinada com a chegada de Anne Sullivan, uma ex-cega que aceitou o desafio de educá-la. Durante um mês, Sullivan ensinou a menina a soletrar palavras com os dedos de uma mão, enquanto tocava um objeto com a outra. Helen aprendeu. Só não sabia que estava formando palavras, porque não sabia que elas existiam... Certa tarde, Anne mergulhou a mão esquerda de Hellen num balde d’água e soletrou "água" com a outra mão. Repetiu várias vezes a operação e o milagre aconteceu: Helen entendeu que "água" era o nome do líquido que sentia pelo tato. Até o fim do dia, aprendeu mais 30 palavras. Em pouco tempo dominou o alfabeto braile, demonstrando incrível facilidade em ler e escrever. Aos 10 anos aprendeu a falar e propôs-se a cursar faculdade. Em 1904, formou-se com louvor, sendo a primeira cega e surda a completar um curso universitário. A partir daí dedicou-se à defesa dos direitos de mulheres, pobres e deficientes. Morreu em 1968.
Fonte: http://www.vertex.com.br/users/san/vercom_as_maos.htm
Biografia de Louis Braille
Já escrevi tantas biografias de Louis, para apostilas, em artigos e matérias que fiquei em dúvida ao escolher uma para postar aqui. Mas todas elas nos leva a um só homem: aquele que nos devolveu as letras, que nos abriu portas para o conhecimento e que, de certa forma, está presente em cada ponto de luz que nos permite "enxergar" mais longe... fiquem com um pouco da história de Louis Braille.
Biografia:
Louis Braille nasceu na França, em 1809. O filho caçula de Simão Renato Braille e de Monica Baron criou um método de leitura tátil e escrita,considerando suas dificuldades para o contato com a palavra.
O pequeno garoto feriu-se com um instrumento quando brincava na oficina de seu pai. Não se sabe exatamente o momento em que isso ocorreu, mas relatos confirmam que, Inicialmente apenas um olho foi atingido, porém, mais tarde, complicações causadas pelo ferimento, fez com que, aos 5 (cinco) anos de idade, perdesse totalmente a visão dos dois olhos. Teve suas primeiras instruções escolares graças à ajuda de amigos e familiares, ainda na aldeia em que vivia, sendo transferido, aos 10 anos, para o Instituto dos jovens Cegos, em Paris, onde também foi professor.
Já dentro do Instituto e inconformado com o método de ensino para cegos, que consistia na memorização dos conceitos, Louis Braille baseou-se num código utilizado entre os militares para a comunicação noturna e começou o esboço do que seria o Sistema Braille. Utilizou uma régua e o mesmo instrumento que causou sua cegueira e assim idealizou a escrita dos cegos, uma imensa contribuição deixada para a humanidade. Desde então, este método vem sendo utilizado para auxiliar no processo de alfabetização dos deficientes visuais. A aceitação e adoção do seu sistema ocorreu lentamente, e sua expansão pelo mundo, desordenadamente. Tal fato deveu-se as dificuldades enfrentadas por Braille para introduzir o código, criado em 1825, até mesmo dentro do Instituto para Jovens Cegos, onde foi aluno e professor, havendo dúvidas sobre sua eficácia no aprendizado dos cegos. Louis Braille morreu aos 43 anos, sem contemplar o sucesso de sua criação. Apenas em 1854, já no Império, quando surgiu a Fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, o Brasil deu um grande passo para educação dos cegos e sua independência na escrita e leitura, sendo o primeiro país da América latina a adotar o Sistema que foi trazido da França pelo jovem José Álvares de Azevedo. Foi o idealizador do Instituto Benjamin Constant, mas morreu antes mesmo de sua inauguração.
Carta em Braille
No dia 28 de fevereiro experimentei um Serviço Inovador disponibilizado pela Acessibilidade Brasil, para comemorar o bicentenário de nascimento do criador do Sistema Braille: Louis Braille. A iniciativa consiste no envio de cartas em Braille, para qualquer lugar do país.
Apesar de já estar disponível desde o dia 11 de dezembro de 2008, me cadastrei para esse serviço em 28 de fevereiro de 2009, com o objetivo de enviar cartas para os meus alunos. Foi uma maneira diferente que encontrei para divulgar o serviço entre eles, que também são usuários do Sistema de pontos em relevo.
Porém, na verdade, não conhecia os resultados dessa postagem, nem se traria maiores dificuldades quanto ao tempo para o recebimento e qualidade da impressão.
Fiquei surpresa, no entanto, com os resultados. Em menos de uma semana as cartas chegaram ao seu destino, em 05 de março, com uma qualidade impressionante de impressão.
Como eu não havia comentado sobre tal postagem, antes que ela chegasse, alguns alunos foram pegos de surpresa e gostaram das novidades, pois esse serviço lhes dará muito mais autonomia para a troca de correspondência entre amigos, também deficientes visuais.
Conheça mais sobre esse serviço em:
http://www.acessobrasil.org.br/acfacre/verificarSessao.actiom
Notícia na Íntegra:
"Envie grátis, uma carta em Braille, para qualquer lugar do Brasil.
Data: 11 de dezembro de 2008
Antecipando a comemoração dos 200 anos de nascimento de Louis Braille, que será no dia 04/01/2009, a Acessibilidade Brasil disponibilizou para utilização pública e gratuíta, um sistema de impressão remota em Braille, que permite o envio de uma carta em Braille, via correios, para todo o território nacional.
A sua operação é simples, após cadastramento e recebimento de uma autorização por e-mail, você estará habilitado a enviar uma carta (até 3000 caracteres) para a central de impressão Braille da Acessibilidade Brasil, que a imprimirá e a enviará para o destinatário indicado , via Correios, que tem um serviço gratuíto de nome CECOGRAMA.
Veja no site www.acessobrasil.org.br
A principal vantagem, além da gratuidade, é que você não precisa ter uma impressora Braille ou mesmo saber Braille, para codificar uma carta, o sistema fará automaticamente a conversão e impressão de seu texto para o Braille.
Outra vantagem desse serviço é que o sigilo das cartas será mantido, pois elas serão automaticamente convertidas para o Braille e após impressas em Braille, serão excluídas.
Esse serviço público inteiramente gratuíto só foi viabilizado por meio da participação dos seguintes empreendedores sociais:
O professor Antônio Borges, que criou voluntariamente, uma rotina especial, para impressão Braille automática: o aplicativo braille fácil.
A equipe de desenvolvimento da Acessibilidade Brasil, que desenvolveu o sistema, liderada por Fábio Oshiro e pelos desenvolvedores Haroldo, Jonatas e Daniel.
A empresária Carla Alexandre, que foi a primeira a abraçar o projeto e logo que receber a autorização dos Correios, vai implantá-la também em sua agência franqueada.
A TECASSISTIVA que financiou o desenvolvimento do sistema e está dando o apoio para impressão (pessoal, impressoras Braille , etiquetas e papel especial).
O Instituto Benjamin Constant, nosso parceiro, principal Centro de Referência da Área da Cegueira no Brasil, que sempre nos tem dado um grande apoio logístico.
E finalmente a ECT - Empresa de Correios e Telégrafos , que apoiada pela legislação vigente (CECOGRAMA) , enviará as cartas em Braille , gratuítamente, para seus destinatários em todo Brasil."
Fonte: Comunicação Social - Acessibilidade Brasil
Apesar de já estar disponível desde o dia 11 de dezembro de 2008, me cadastrei para esse serviço em 28 de fevereiro de 2009, com o objetivo de enviar cartas para os meus alunos. Foi uma maneira diferente que encontrei para divulgar o serviço entre eles, que também são usuários do Sistema de pontos em relevo.
Porém, na verdade, não conhecia os resultados dessa postagem, nem se traria maiores dificuldades quanto ao tempo para o recebimento e qualidade da impressão.
Fiquei surpresa, no entanto, com os resultados. Em menos de uma semana as cartas chegaram ao seu destino, em 05 de março, com uma qualidade impressionante de impressão.
Como eu não havia comentado sobre tal postagem, antes que ela chegasse, alguns alunos foram pegos de surpresa e gostaram das novidades, pois esse serviço lhes dará muito mais autonomia para a troca de correspondência entre amigos, também deficientes visuais.
Conheça mais sobre esse serviço em:
http://www.acessobrasil.org.br/acfacre/verificarSessao.actiom
Notícia na Íntegra:
"Envie grátis, uma carta em Braille, para qualquer lugar do Brasil.
Data: 11 de dezembro de 2008
Antecipando a comemoração dos 200 anos de nascimento de Louis Braille, que será no dia 04/01/2009, a Acessibilidade Brasil disponibilizou para utilização pública e gratuíta, um sistema de impressão remota em Braille, que permite o envio de uma carta em Braille, via correios, para todo o território nacional.
A sua operação é simples, após cadastramento e recebimento de uma autorização por e-mail, você estará habilitado a enviar uma carta (até 3000 caracteres) para a central de impressão Braille da Acessibilidade Brasil, que a imprimirá e a enviará para o destinatário indicado , via Correios, que tem um serviço gratuíto de nome CECOGRAMA.
Veja no site www.acessobrasil.org.br
A principal vantagem, além da gratuidade, é que você não precisa ter uma impressora Braille ou mesmo saber Braille, para codificar uma carta, o sistema fará automaticamente a conversão e impressão de seu texto para o Braille.
Outra vantagem desse serviço é que o sigilo das cartas será mantido, pois elas serão automaticamente convertidas para o Braille e após impressas em Braille, serão excluídas.
Esse serviço público inteiramente gratuíto só foi viabilizado por meio da participação dos seguintes empreendedores sociais:
O professor Antônio Borges, que criou voluntariamente, uma rotina especial, para impressão Braille automática: o aplicativo braille fácil.
A equipe de desenvolvimento da Acessibilidade Brasil, que desenvolveu o sistema, liderada por Fábio Oshiro e pelos desenvolvedores Haroldo, Jonatas e Daniel.
A empresária Carla Alexandre, que foi a primeira a abraçar o projeto e logo que receber a autorização dos Correios, vai implantá-la também em sua agência franqueada.
A TECASSISTIVA que financiou o desenvolvimento do sistema e está dando o apoio para impressão (pessoal, impressoras Braille , etiquetas e papel especial).
O Instituto Benjamin Constant, nosso parceiro, principal Centro de Referência da Área da Cegueira no Brasil, que sempre nos tem dado um grande apoio logístico.
E finalmente a ECT - Empresa de Correios e Telégrafos , que apoiada pela legislação vigente (CECOGRAMA) , enviará as cartas em Braille , gratuítamente, para seus destinatários em todo Brasil."
Fonte: Comunicação Social - Acessibilidade Brasil
Minha primeira Postagem: Boas-vindas aos Leitores!
Ganhei mais um presente para somar a tantas outras conquistas, recentes ou mais antigas, mas que sempre terão um lugar de destaque na minha vida. Ter um "Espaço" onde eu pudesse compartilhar minhas opiniões, experiências e artigos é algo que já tenho idealizado há tempo... um "espaço" em que as informações sobre Braille e sobre a deficiência visual estivessem concentradas e, assim, os leitores tivessem a oportunidade de compreender um pouco mais sobre essa realidade, cheia de novidades, porém, nem um pouco misteriosa. É justamente sobre esses "mitos" que iremos falar aqui. Quero, acima de tudo, que vocês naveguem em cada "cantinho" e descubram as belezas dos olhares: aqueles olhares que vão além da visão, mas que podem fazer dos outros sentidos a maneira que, cada um "vê" o próximo.
Aqui, Educadores, Pedagogos, Psicólogos, Familiares, Deficientes Visuais e todo o público, em geral, poderão encontrar diferentes informações e esclarecer dúvidas, postar comentários e formar suas opiniões que, bem sabemos, são importantíssimas, principalmente, quando o foco está na "inclusão" das pessoas com algum tipo de deficiência.
Sejam muito bem-vindos a mais esse "espaço" de conhecimentos!!!
Aqui, Educadores, Pedagogos, Psicólogos, Familiares, Deficientes Visuais e todo o público, em geral, poderão encontrar diferentes informações e esclarecer dúvidas, postar comentários e formar suas opiniões que, bem sabemos, são importantíssimas, principalmente, quando o foco está na "inclusão" das pessoas com algum tipo de deficiência.
Sejam muito bem-vindos a mais esse "espaço" de conhecimentos!!!
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