segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Projeto UNESP: Confraternização


Ano letivo chegando ao final e com ele, mais uma etapa concretizada. Foi um grande prazer ter feito parte do projeto “Incluindo Novos Desafios às Práticas Docentes: A Participação do Deficiente Visual na Escola, na Cultura e no Mundo Digital”, desenvolvido durante o ano de 2009, nas dependências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Guaratinguetá. Este projeto que contemplou três módulos, dentre eles um especialmente voltado à informática com uso do DOSVOX, teve seu encerramento hoje, dia 14/12, com uma confraternização entre a turma. Aqui meu agradecimento aos multiplicadores que, a partir desses conhecimentos reconhecerão, em cada aluno, um potencial ilimitado de descobertas para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

domingo, 29 de novembro de 2009

Finalizando o curso em Lorena: o último encontro, Confraternização e formatura

Despedidas são sempre emocionantes e, ter convivido durante 6 meses com as cursistas, sempre vai deixar um sentimento de saudade. Apesar da tristeza da "despedida", o que fica será sempre o sentimento de amizade, de ter realizado algo maior e, principalmente, de ter semeado tantas "sementes de luz" que, com certeza serão e deverão se multiplicar a cada dia. É por isso e, por tudo que vivenciamos juntas, durante esses 6 meses, que deixo aqui registrado o meu muito "obrigada! pelo empenho, dedicação e carinho de vocês. Estou muito feliz por mais essa etapa que vencemos juntas!
Como este foi o último dia do Curso de Braille, a programação foi dividida em 3 partes. Inicialmente fiz a correção da última atividade da apostila, que consistia na transcrição de um texto. Fizemos uma leitura coletiva e compartilhada para que todos acompanhassem e, enfim, experimentassem a sensação de ter "finalizado" a apostila, a mesma apostila que, no início dos nossos trabalhos trouxe tanto "medo" e "receio". Conseguiram perceber que são capazes e que, todas aquelas atividades "brancas" ganharam um "colorido" especial: o da realização. Numa segunda etapa foi o momento das homenagens. juntamente com a devolutiva da avaliação, entreguei para cada cursista uma lembrancinha: um chaveiro representando uma "cela" Braille e a frase de Helen Keller, frase que demos início ao nosso curso e que, também, finalizamos com essa mensagem: "Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber".
Com relação a devolutiva da avaliação, esta ocorreu da seguinte maneira: fiz uma reescrita de cada texto em Braille, digitando-o no computador, obedecendo fielmente o que foi escrito. Nesta devolutiva, que por sinal foi nota 10 pra todos, entreguei o texto digitado em tinta, fiz alguns comentários e solicitei, se houvesse interesse, para que fizessem a leitura, compartilhando suas impressões com toda a turma, o que ocorreu com muita naturalidade, já que puderam ler suas produções em voz alta. Assim como ficou registrado nas avaliações, as dificuldades foram superadas, cada qual no seu tempo e o gosto pelo Braille abrirá caminhos para uma escola inclusiva e de qualidade. Não posso deixar de registrar, aqui, a homenagem que recebi das duas turmas que, com muito carinho me presentearam e agradeceram por estarmos ali, juntas. Num terceiro e último momento, foi hora de comemorar! Com uma confraternização encerramos estas duas turmas do Curso Grafia Braille, em Lorena!

Aqui, também, minha alegria em ter, entre nós, um aluno que manifestou um interesse imenso pelo Braille e participou de todas as aulas, realizando atividades e acompanhando o ritmo da turma. Seu desempenho surpreendeu a todos e, uma homenagem super especial ao JV, que com apenas 10 anos, conosco vivenciou todos os momentos de descobertas e construções. JV mesmo não sendo "professor" nos ensinou muito sobre a importância de aprender para ser útil ao próximo!

No dia 27/11 foi nossa formatura oficial. Realizada no Espaço Educacional, a partir das 19:00 H, a cerimônia contou com a presença da Equipe do CIAE, de representantes da Secretaria da Educação e dos cursistas, que receberam, na solenidade, o certificado do curso.

Temos orgulho de fazer parte e escrever mais uma página da História da Educação Inclusiva em Lorena! Obrigada!

Abaixo algumas fotos da nossa confraternização. Ainda não consegui as fotos da Formatura oficial, porém, em breve estarão aqui!

O último encontro: Confraternização em Lorena (Curso diúrno)












Nosso último encontro: a confraternização (Curso noturno)















quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Avaliação: aula 16 em Lorena








Como mencionado no último relato sobre as aulas de Braille em Lorena, chegou a hora da avaliação. Reforço sempre que este é, não apenas um momento para verificar erros e acertos, mas será um momento de fazer uma reflexão sobre tudo o que foi apresentado, a respeito das propostas e dos avanços individuais e coletivos. É, portanto, um momento para uma auto-avaliação, rever conceitos e reorganizar todas as técnicas, estruturando-as em uma produção de texto, o que seria a última etapa para se atingir a alfabetização Braille. Solicitei que, individualmente, produzissem um texto, cujo tema seria: Uma Reflexão sobre o Curso de Braille. Nessa produção cada cursista deveria expressar suas expectativas e impressões sobre tudo o que foi construido e, o que ficaria a partir dali; como seria a relação entre ele e o seu aluno, no caso da necessidade de se aplicar tais técnicas de alfabetização Braille; o que acrescentou e qual seria a mensagem que ficou deste curso, para cada um dos alunos ali presentes. Lembrei que precisariam formular as idéias e registrá-las diretamente no papel, em Braille, sem fazer qualquer tipo de registro em tinta. Acrescentei também a necessidade do registro conter um título, obedecer parágrafos, pontuações e, no final, além do nome em braille, uma assinatura, em tinta, do cursista, já que tal avaliação será um documento de sua participação e presença nesta última etapa.
Coloco, aqui, algumas fotos das alunas realizando a avaliação, escrevendo em Braille no reglete.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Uma Homenagem

Quero compartilhar com vocês a homenagem feita por um aluno do curso Grafia Braille, Módulo 2009 da UNESP.O aluno Delamare M. C Filho fez o vídeo apresentado abaixo contendo fotos das aulas e de todos os trabalhos desenvolvidos. Aqui o meu "muito obrigada" a ele e a todos os cursistas!

Semeando Leitores e Escritores Competentes: Reconstruindo o Diálogo para a Inclusão de Deficientes Visuais

O vídeo apresenta as fotos do trabalho desenvolvido na UNESP: capacitação de professores em Grafia Braille.

domingo, 15 de novembro de 2009

Palestra em Cruzeiro














Ontem, dia 14/11, fui uma das palestrantes da Jornada Científica realizada na
Escola Superior de Cruzeiro, na cidade de Cruzeiro - SP. Aceitei o carinhoso
convite da professora Vanda, que me recebeu muito gentilmente e acompanhou
todo o evento. A palestra teve início às 14:00 H e durou pouco mais de duas horas.
O público alvo foi estudantes de pedagogia e alguns profissionais da educação
convidados para assistirem a apresentação. Todos ficaram atentos ao que foi mostrado e, no final, houve um momento para perguntas, dúvidas e esclarecimentos.

O tema Deficiência Visual e Inclusão foi abordado a partir de diferentes focos, começando por uma exposição de materiais e jogos pedagógicos, livros em Braille, instrumentos de escrita Braille, soroban, bengala, etc. Contei sobre minhas experiências, trajetória e atuação profissional. Fiz uma introdução teórica sobre a definição da deficiência visual, dados estatísticos, informações básicas sobre como os cegos captam os estímulos do ambiente, entre outros, isso tudo utilizando o datashow, para que todos acompanhassem e, inclusive, pudessem participar fazendo a leitura em voz alta do conteúdo apresentado na tela. Em seguida, falei com maior detalhe sobre o Sistema Braille, sua origem, seu inventor, mostrando os materiais e dando a oportunidade para que cada pessoa, ali presente, pudesse manuseá-los. Durante toda a apresentação o foco esteve na acessibilidade para a inclusão e, para isso, também conversamos sobre os leitores de tela e a leitura do mundo, demonstrando o uso da informática por pessoas cegas; sobre os livros sonoros e a diferença entre áudio livro e livro falado; sobre as formas de leitura: Braille, e digital, suas vantagens e desvantagens; sobre a áudio-descrição, inclusive com um exemplo de comercial sem o recurso e o mesmo, já com a áudio-descrição e, como os professores podem aplicar a áudio-descrição dentro da sala de aula; falei sobre orientação e mobilidade e as formas de locomoção do deficiente visual; também abordei aspectos referentes a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, diferenciando o que seria uma adaptação razoável e o conceito de desenho universal.

Publico aqui algumas imagens da palestra. Foi uma experiência bastante rica e
tenho certeza que pudemos espalhar mais algumas sementinhas para a construção
de uma sociedade mais democrática e inclusiva!

Legenda de fotos:

Foto 1: Imagens de materiais em uma mesa.

Foto 2: Luciane iniciando a palestra, com o roteiro na mão.

Foto 3: Luciane mostrando o alfabraille em EVA.

Foto 4: Luciane apresentando o reglete de mesa.

Foto 5: Luciane apresentando o reglete de plástico.

Foto 6: Luciane mostrando um livro acessível, escrito em Braille e com caracteres ampliados.

Foto 7: Livro em Braille, interpontado.

Foto 8: Luciane mostrando alguns desenhos com contornos em relevo.

Foto 9: Luciane apresentando alguns materiais em relevo do Instituto Benjamin Constant.

Foto 10: Um dado com números, formas geométricas e representações em Braille.

Foto 11: Luciane manuzeando o girabraille.

Foto 12: Luciane demonstrando a escrita Braille em uma lousa magnética.

Foto 13: Luciane recebendo um vaso de flor da professora Vanda.

Continuação dos relatos de aula em Lorena: aulas 13, 14 e 15...

A correria do dia-a-dia, mais uma vez, me fez ausentar do blog e atrasar algumas postagens com relatos de aulas em Lorena. Hoje, nesse domingão quente e com muuuuito sol lá fora, tentarei colocar todas as postagens em dia e, contar as novidades dessas últimas semanas, que envolveram congresso, palestras e, até mesmo, o início de aulas de informática. Com detalhes em outras postagens.

Aqui relatarei os acontecimentos das últimas três aulas em Lorena: aulas 13, 14 e 15.
Na aula 13, havia pedido aos alunos que levassem para a aula recortes de revistas, jornais, pequenos textos ou artigos, exceto poesias, para que realizássemos nossos trabalhos. A atividade consistiu em escrever em Braille aqueles textos levados por eles. Como o texto deveria estar em tinta e, provavelmente com uma letra de imprensa (pequena para os padrões do Braille), o objetivo foi verificar que, quando vai se transcrever um texto para o Braille, este ficará muito maior do que o original quanto a sua distribuição no papel, lembrando que cada 6 ou 8 linhas impressas a tinta pode corresponder a uma página inteira escrita em Braille. Também foi possível ter a experiência de utilizar duas formas de escrita diferentes, em simultâneo, sendo que a leitura era pela grafia convencional em tinta e a escrita, totalmente em Braille. Quando se faz essa "decodificação" é preciso ativar, com maior precisão, as imagens mentais criadas para a memorização das letras, já que não as temos formadas ali diante de nós; as palavras não estão prontas e suas configurações dependem do prévio domínio dessa estrutura lógica dos pontos que, combinados, podem dar sentido ao que queremos representar. É um dos estágios mais avançados e, mesmo permitindo a consulta de alguns pontos, quando estes ainda não eram do domínio dos cursistas, tal atividade possibilitou um contato muito mais "prático", pois cada cursista teve que buscar meios para juntar essas letras em palavras e sentenças, envolvendo, inclusive, normas técnicas, tais como parágrafo, espaçamentos para títulos, pontuação e, até mesmo, escrita de numerais. No final, trocamos as produções entre os cursistas para que eles pudessem experimentar a prática da transcrição. O diferencial é que, desta vez, a transcrição não aconteceu a partir de uma atividade previamente elaborada na apostila, e sim de uma atividade que teve abertura para erros, para pontos a mais, a menos, trechos apagados, entre outros. Foi uma produção real, um contato com o trabalho de outro colega e que, como transcritor deveriam obedecer fielmente o que estava grafado, não cabendo, portanto, correções. Como vimos, o transcritor deve apenas "interpretar" a informação para a grafia convencional, reproduzindo, inclusive os erros presentes naquela produção. E assim, demos fim a aula 13, quando novamente destrocamos as produções, devolvendo-as para quem a produziu que, puderam conferir seus erros conforme o que foi transcrito e compará-las com o texto em tinta que tinham em mãos e que deu origem a todo o trabalho.

Para a aula 14 voltamos a utilizar a apostila, cuja atividade consistia em criar frases utilizando 21 palavras previamente escolhidas pela professora e apresentadas em Braille. Os cursistas deveriam, portanto, registrar essas criações em Braille, sem fazer qualquer tipo de anotação em tinta ou rascunho. O objetivo, desta vez, foi colocá-los em contato direto com o Braille, cujas manifestações deveriam ser registradas diretamente neste código e, consequentemente fazer com que pensassem em Braille, formulassem as palavras e sentenças, organizando toda essa estrutura no mesmo momento em que a escrita espontânea acontecia. Para finalizar, pedi que fizessem a leitura individual e silenciosa das frases criadas e observassem se tinham coerência e sentido, analisassem alguns erros que pudessem ter ocorrido no momento do registro.

Já para a aula 15, coloquei os cursistas em contato com uma poesia impressa em tinta. Deste modo orientei sobre as normas técnicas para a escrita de poemas, com versos e estrofes e pedi para que copiassem o poema em Braille, seguindo todas as referidas normas. O poema trabalhado foi: "Paraíso" de José Paulo Paes. A correção foi feita individualmente pela professora. Essa atividade teve como objetivo mostrar que, diferentes gêneros de textos também possuem diferentes formas e normas para a escrita em Braille, já que o texto precisa seguir um padrão estético e lógico, que seja agradável para ser lido por um cego, cujos movimentos de mãos são decisivos para uma leitura precisa e veloz.
Nesta aula, também, apresentei alguns conceitos e simbologias da matemática, não me estendendo muito, já que a matemática faz parte de um segundo módulo, o Braille avançado. Orientei os cursistas para que conhecessem representações numéricas, com 1, 2, 3, 4 caracteres e, assim, sucessivamente. Apresentei os sinais para as operações básicas, como adição, subtração, multiplicação, divisão, sinal de igualdade, bem como saber registrar as expressões matemáticas, tendo em vista que não há espaços vazios entre os sinais. Em seguida, mostrei alguns exemplos para representar moedas, frações, números ordinais e porcentagem. Assim finalizamos nossa aula.

Lembro que, para a aula 16, realizaremos uma avaliação. O objetivo não será apenas verificar os erros e acertos. Será um momento de reflexão e de uma auto-avaliação... mais detalhes, somente no dia da provinha! * risos*

Para estudar, reservei, na apostila, algumas atividades. Elaborei o Material Complementar que fica ao final da apostila para que possam estudar um pouco mais sobre tudo o que foi trabalhado no curso. O estudo ficou a critério de cada cursista: leitura, transcrição, cópia.

Nos encontramos semana que vem! Até lá! E aos cursistas, parabéns por cada atividade finalizada, pelo empenho e participação. Boa avaliação e até lá!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reta Final: Aula 12 em Lorena

Mais um encontro, nova etapa! Agora é a vez de trabalharmos em duplas e verificar, dentre os membros de cada uma delas, quem possui maior habilidade para a escrita e quem possui maior habilidade para a leitura. A atividade consiste em ler um texto em Braille, sem prévia transcrição e, organizar as tarefas de modo que um dos membros da dupla fique responsável pelo ditado e, o outro, pela escrita, utilizando reglete e punção. É claro que deve-se observar todos os critérios e normas técnicas para a produção de textos em Braille, respeitando parágrafos, títulos, espaçamentos, pontuação e acentuação.
Já estamos na reta final e, por isso, as atividades tornam-se mais complexas, com um nível mais avançado, já que o profissional do Braille deve perceber todas as peculiaridades deste sistema e adequá-los à realidade de seus novos alunos. Não devemos poupá-los dos esforços que terão de fazer, nem mesmo deixá-los às margens do conhecimento por desconhecer algum aspecto do Sistema. É de extrema importância criar metas e buscar desafios que venham suprir todas as necessidades de uma alfabetização plena e eficaz.
Pensar em uma aula inclusiva, não apenas adaptando um único material para determinado aluno, em exclusividade, não garantirá a qualidade ou a participação de todo o grupo. As aulas precisam ser pensadas para todos e, quem sabe, sendo assim, possa haver uma maior integração e participação dos demais colegas. Cabe lembrar sobre a interação que deve haver entre professor, aquele mediador da aprendizagem, e entre os alunos com ou sem deficiências para que o trabalho seja, realmente, significativo. Todo o grupo deve perceber que estão trabalhando em uma equipe e que, em conjunto, são capazes de construir um aprendizado e atingir as metas.
Sugiro trabalhar com materiais concretos, organizar jogos cooperativos, construir materiais que todos possam utilizar, tais como alfabeto móvel, bingos, caça-palavras, dominós, enigmas, etc. Brincadeiras e dinâmicas que envolvam todo o grupo também ajudam nesses estágios, sempre tendo o Braille como "referência" nessas atividades. Assim, até mesmo quem enxerga pode tomar contato com esse código, sendo um meio de inclusão e do "não" isolamento cultural das pessoas cegas.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Décimo Primeiro Encontro: Aula de Braille em Lorena

Como mencionado nas postagens anteriores, as quais tenho divulgado as etapas que compreendem o aprendizado do Braille por videntes, temos a proposta deste encontro baseada na leitura e reprodução de um texto sem que o mesmo seja transcrito. Desta vez o objetivo foi "visualizar" uma produção Braille e conseguir identificar palavras e sentenças apenas pelos símbolos em relevo. Neste momento a transcrição não foi recomendada, pois os profissionais deveriam conseguir compreender, por exemplo, a produção de um aluno que chega para pedir auxílio, evitando, portanto, ter de realizar a transcrição para manifestar-se quanto às possíveis dúvidas desse aluno. É como se comparássemos a situação em que o professor, atuando como mediador da aprendizagem, fizesse intervenções em alguma produção individual escrita em tinta de seu aluno, apontando os acertos ou corrigindo, se necessário. Neste caso, não podemos deixar com que o código Braille, como um método de escrita e de acesso à informação pelo deficiente visual, seja conhecido somente a partir de uma prévia transcrição, trazendo, assim, certa defasagem no acompanhamento global em sala de aula.
Além da abordagem prática leitura X cópia, o texto em questão veio reforçar conceitos sobre letras acentuadas, sinais de pontuação e sua aplicação em um texto, parágrafo e normas técnicas de produção de texto, revisão, escrita de títulos, centralização, entre outros. A atividade trouxe muita motivação, porque nesse momento os cursistas tiveram uma melhor percepção de que já conseguem "ler" e fazer, ao mesmo tempo, o registro, reconhecendo a "reversibilidade" para a escrita. Muitas letras, por já terem sido memorizadas, não foram consultadas no momento da cópia, o que reforça ainda mais a importância de se seguir etapas e critérios para consolidar esse aprendizado, não bastando apenas a decodificação dos sinais.

Até o próximo encontro!!!

sábado, 10 de outubro de 2009

Nona e Décima aula de Braille em Lorena: Frases, Pontuação e Acentuação

Por aqui voltei para contar sobre as aulas 9 e 10 de Braille. Resolvi descrevê-las em uma única postagem, porque se tratam de conceitos mais avançados. Na nona aula apresentei os sinais de pontuação e suas aplicações em frases, algumas normas técnicas quanto a escrita de pontuações e parágrafos, disposição e distribuição do texto no papel. Fizemos uma leitura compartilhada, em que cada cursista esteve responsável pela leitura de uma frase, sem que esta estivesse transcrita. Na medida em que eram lidas, os sinais de pontuação foram identificados quanto a posição dos pontos correspondentes ao símbolo ali representado. Neste momento aceleramos um pouco para atingir algumas metas previstas. Apresentei o sinal correspondente ao "ç" e a transcrição de Algumas palavras. Para reforçar a escrita e leitura de sinais de pontuação e sua aplicação em frases, pedi a transcrição e a reescrita, em Braille, de "frases" e, desta vez, utilizando palavras com o "ç". Na décima aula chegou a vez de levar ao conhecimento dos cursistas as letras acentuadas. Fizemos algumas transcrições, correções e reescrita, em Braille. Para as acentuações não seguimos a mesma lógica do alfabeto, cujos pontos eram acrescentados ou retirados a partir de uma matriz. Cada acentuação exige uma combinação específica e, muitas vezes, a leitura acontece por "dedução". Neste momento é preciso ter bem estabelecidas as "imagens mentais" de todo o alfabeto, evitando dúvidas e trocas de sinais. A noção de reversibilidade no momento da escrita também é outro fator determinante e que, nesta etapa, é preciso estar bem consolidada.
Até a próxima aula... os textos estão vindo por aí!!!

Clique aqui e obtenha uma tabela com a Simbologia Braille Básica

sábado, 26 de setembro de 2009

Oitava Aula em Lorena: Braille em negro

Nesta semana apresentei o restante do alfabeto, indicando a terceira série de sinais, cujas representações dos símbolos são formadas mediante ao acréscimo do ponto 6 às combinações da segunda série de sinais; tendo como matriz referencial a primeira série de sinais, o acréscimo, então, será dos pontos 3 e 6. Neste momento deixei claro que na seqüência "u, v, x, y, z" não encontramos o "w", porque esta letra foi agregada ao conjunto de pontos 12 anos mais tarde, em 1837, mas apesar disso, ela faz parte do alfabeto. Portanto este sinal passa a pertencer a quarta série de sinais, a qual veremos mais tarde em detalhes, dando continuidade a estrutura lógica da simbolização.
Como a proposta do curso inclui várias estratégias para o domínio da escrita e leitura, desta vez apresentei uma nova forma de um vidente entrar em contato com a "grafia" Braille, através do desenho dos pontos, marcados em negro no papel, por meio de uma fonte específica, utilizada em editores de texto. A definição para esse tipo de registro é:

* Braille em Negro - Representação de símbolos Braille com pontos em tinta. Pode ser produzido à mão ou em computadores, utilizando-se "fontes Braille".

No caso, a proposta de atividade apresentada foram 3 caça-palavras, utilizando-se do Braille a negro, com a fonte BrailleKiama ou Simbraille. Os cursistas deveriam reconhecer o "desenho" das letras e identificar as palavras, em diferentes posições, como em um caça-palavras convencional. Para a outra turma, ofereci 80 palavras para a leitura, com a proposta de estudo das letras, da configuração das palavras e um posterior ditado, utilizando algumas das palavras lidas.
Para quem vê, observa-se uma significativa diferença entre a experiência de ler o Braille em relevo e ler o Braille em negro, mesmo utilizando o sentido da visão em ambos os casos. É bastante complexa a leitura "plana" sem a representação dos pontos salientes. Porém, este exercício é extremamente válido, já que a observação do "desenho" das letras acontece com maior nitidez e detalhes, apesar de parecer que, entre as linhas e entre as letras, há um intervalo menor.

Boa leitura!!!

sábado, 19 de setembro de 2009

Sétima Aula em Lorena: O Ditado

Decodificar pontos em letras: ao contrário do que se pensa, essa experiência não é determinante para se garantir um bom domínio da Grafia Braille, menos ainda, para se colocar em prática as técnicas de leitura e escrita em relevo quando se trabalha visando a inclusão do aluno com deficiência visual no ensino regular. Esses profissionais devem, antes de mais nada, compreender as produções desses alunos, integrando meios, recursos e metodologias para que todos possam participar das aulas. Compreender e acompanhar seu aluno com deficiência visual implica, principalmente, em estabelecer a afetividade, numa relação de confiança; trazer para o espaço escolar a proposta de uma comunicação com qualidade, saber orientá-lo para a realização das atividades e fazer intervenções pertinentes ao uso e aplicação da Simbolização tátil utilizada em seus registros e produções escolares. No entanto, o domínio de todos esses aspectos específicos da Grafia Braille está sendo conseguido, gradativamente, no decorrer das aulas, com atividades programadas para esse fim. Em alguns momentos, priorizamos a leitura e a reescrita. Em outros, a transcrição e a cópia. Para a escrita, ora enfatizamos a visualização das letras individualmente para formar palavras, ora solicitamos a leitura global da palavra, observando sua configuração. O maior desafio desta semana foi um Ditado, em que o cursista poderia consultar quais pontos formam as letras, porém deveriam exercitar a reversibilidade para a escrita, registrando as palavras diretamente em Braille. Assim, evitou-se essa "decodificação", empregando estratégias para elaborar, mentalmente, a configuração tátil/visual das palavras, como um todo.

Aguardem o próximo "desafio"! Até lá...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Comunicado da Organização Nacional de cegos do Brasil (ONCB) - Bicentenário de Louis Braille

A Organização Nacional de Cegos do Brasil, ONCB, fará realizar, nos dias 24 e 25 de setembro, no auditório Nereu Ramos, do Senado Federal em Brasília, o Seminário Brasileiro em Comemoração ao Bicentenário de Nascimento de Louis Braille, inventor do sistema de escrita das pessoas cegas (1809-2009. O evento, que tem como tema central, “O sistema braille, marco inicial da acessibilidade e inclusão”, reunirá, durante os dois dias, mais de trezentos participantes, entre autoridades ligadas ao braille em âmbito internacional e integrantes das diversas entidades nacionais filiadas à ONCB.
“Na ponta dos dedos, a construção de uma história
de independência e cidadania”. Este será o tema da Conferência Magna, que será proferida pelo Secretário Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Ministro Paulo Tarso Vannuchi, a partir das 10 hs do dia 24. Ao longo dos dois dias,pesquisadores, educadores, técnicos, estudantes e usuários do sistema braille debaterão sua importância nas diversas áreas da vida das pessoas cegas.O reconhecimento internacional do sistema braille, a formação acadêmica e o mundo do trabalho para o deficiente visual, a sociedade da informação e o fenômeno da desbraillização,recursos tecnológicos e o sistema braille, são alguns dos temas que marcarão a programação, através de mesas redondas, palestras e debates.

HOMENAGENS
O evento também prestará homenagens a personalidades brasileiras que se destacam ou se destacaram na difusão do sistema braille.Dentre os homenageados, destacam-se os nomes da Professora Dorina Gouveia de Nowil, presidente Emérita da Fundação Dorina Nowil para Cegos, e do professor Adilson Ventura, expresidente da União Latinoamericana de Cegos, ex presidente do Conselho Nacional de Defesa da Pessoa com Deficiência, Conade. In Memoriam, também serão homenageados o professor Hamilton Garai da Silva, o professor Edison Ribeiro Lemos e o Doutor Victor Siaulys.
O objetivo maior do evento, segundo seus organizadores, para além da homenagem que o Brasil presta ao genial inventor do sistema braille, centra-se na mobilização das instituições governamentais, das escolas, dos educadores e dos órgãos de fomento, por uma política de valorização e reconhecimento desse sistema em relevo, como meio natural e direto de leitura e escrita das pessoas cegas, conforme preconizam a Convenção da Onu, a União Mundial de Cegos e todos aqueles que lutaram e lutam pela ampla cidadania desses indivíduos em todo o mundo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Apresentação de aulas "inclusivas": curso da UNESP/FEG

O Primeiro Módulo para capacitar professores em Grafia Braille, Semeando Leitores e Escritores Competentes, desenvolvido nas dependências da UNESP/FEG - Guaratinguetá, em 2009, está chegando ao fim. Desde os embasamentos teóricos, envolvendo aspectos centrais e específicos da Leitura, Escrita e Transcrição Braille, passamos pela exposição de materiais, por aulas práticas, vivências, e uma das últimas propostas teve como objetivo "desafiar" os profissionais, ali presentes, a desenvolverem uma aula "inclusiva" e acessível, não só ao Cego, mas a todas as crianças. É muito importante perceber que, durante este momento de pesquisa e elaboração, esses professores conseguem fazer uma auto-avaliação: nas primeiras aulas, quase sempre marcadas pela ansiedade e insegurança, pelo desconhecimento ou inquietação diante do novo que se apresentara a partir dali. A dúvida, se seriam capazes de "compreender" aquele emaranhado de pontos", se saberiam identificar quais as melhores estratégias a desenvolver com esse aluno e, até mesmo, o "encantamento" ao descobrir as primeiras letras, ao formar as primeiras sílabas, palavras, sentenças... e às descobertas sucessivas de que ler utilizando um código tátil também é possível e divertido.
Em cada aula as propostas se diversificavam e, nem mesmo a complexidade do código trouxe grandes dificuldades. Os desafios eram superados e, cada etapa, compreendida dentro daquele contexto. Talvez, o grande segredo deste curso nem seja o relevo percebido visualmente por cada professor, compreendido como um símbolo do alfabeto, mas sim a mudança de "olhares" com relação ao aluno deficiente visual, um "olhar" sem rótulos, cujo foco esteja em suas habilidades e no que será capaz de produzir se incentivado a crescer e a participar das aulas com seus amigos de classe. O que valorizamos, a todo momento, é essa interação professor aluno, em que ambos serão responsáveis pela multiplicação do saber, desses conhecimentos relacionados ao "novo" que irá surgir e, no desejo de construir uma relação entre as "diferenças".
Para colocar em prática tudo o que foi possível experimentar durante esse curso, a proposta foi desenvolver, em grupo, uma aula "inclusiva", envolvendo a construção e adaptação de materiais, elaboração de um plano de aula e apresentação, simulando uma aula de verdade. Os temas foram escolhidos pelos grupos e a ordem de apresentação, definida por sorteio. Durante as apresentações, utilizamos vendas e os trabalhos foram distribuídos entre os demais cursistas que, no caso, seriam os alunos desta Classe inclusiva e realizariam as tarefas conforme orientações dos professores que comandavam a aula.
Tenho a acrescentar que foram momentos ricos de descobertas, em que os cursistas exploraram a criatividade e fizeram várias adaptações, todas envolvendo alunos com e sem deficiências. Essa preocupação esteve presente em todas as apresentações e as estratégias, mesmo variadas, contemplaram todos os envolvidos. Assim, Quero compartilhar com todos os leitores deste blog, alguns dos momentos destas apresentações, parabenizando todos os grupos pelo empenho, pela dedicação e, principalmente, por acreditarem que fazer a diferença é possível!

Temas:
Grupo 1: Textura na Arte.

Grupo 2: Lateralidade - uma aula de Espanhol.

Grupo 3: Alfabetização - Bingo de letras e formação de palavras.

Grupo 4: Formas Geométricas - relação com figuras em relevo; texturas; ficha de palavras.

Grupo 5: Sensibilização - Formas Geométricas e noção de medidas; órgãos dos sentidos (temperatura, textura, aroma e paladar); fichas de palavras em Braille.

Grupo 1: Textura na Arte








Objetivo:
Desenvolver e estimular a percepção tátil, antecipando a leitura Braille.

Atividades:
* Curiosidade: leitura do texto a Origem do Braille;
* Apresentação do texto Definição de Textura;
* Manuseio do tapete de texturas (alunos vendados observaram diferentes seqüências de texturas);
* Pontilhismo: manuseio em diferentes contornos em relevos de desenhos (contornados com bolinhas);
Jogo: Qual é o som? (com fichas de palavras);
* Jogo: memória.