terça-feira, 12 de março de 2013

Curso Grafia Braille em Tremembé: Nosso Primeiro encontro

A Estância Turística de Tremembé, com a finalidade de capacitar os professores da rede municipal de ensino, recebe de março a dezembro de 2013, o curso Grafia Braille - Semeando Leitores e Escritores Competentes", que será ministrado pela Prof.ª Luciane Molina, pedagoga e especialista em atendimento Educacional especializado.
 
Com duração de 100 horas, o curso tem como objetivo abordar questões referentes a educação inclusiva através das técnicas e recursos utilizados durante a alfabetização Braille, dicas de como se relacionar com alunos cegos ou com baixa visão e adaptações de materiais. Esta formação está sendo oferecida para os professores da rede regular, do Atendimento Educacional especializado e familiares de alunos com deficiência visual do município. As aulas tem duração de 3 horas, são realizadas na sede da Secretaria de Educação de Tremembé e são acompanhadas pela coordenadora da Educação especial, Daniela Renó.
 
Nesta segunda-feira (11) aconteceu o nosso primeiro encontro. Foram momentos muito positivos, em que tivemos a oportunidade de uma aproximação, apresentando-me e solicitando que cada um fizesse sua apresentação, relatando quais as expectativas com o curso. Em seguida, fiz uma explanação sobre os objetivos e conteúdos que serão trabalhados durante as 25 aulas programadas.
 
Na medida em que os assuntos eram abordados, algumas questões relacionadas com a deficiência visual  surgiam e muitas dúvidas foram esclarecidas. É importante destacar que a rede de ensino de Tremembé já atende alunos cegos e com baixa visão e, diante da necessidade, estão procurando meios para oferecer um ensino de qualidade, por meio de um suporte específico aos diversos casos presentes no ensino regular e nas salas de recursos.
 
O que ficou evidente, logo nesse primeiro encontro, foi o interesse manifestado pela equipe em tentar compreender as melhores estratégias e as orientações mais pertinentes para iniciarem um trabalho coerente com a necessidade apresentada pelo aluno e, por esse motivo, muitas perguntas foram lançadas e, muitas outras virão por aí... Também contei algumas histórias que vivenciei durante a minha trajetória escolar, acadêmica e profissional.
 
Algumas orientações foram fornecidas por mim, a fim de solucionar imediatamente as dúvidas ou insegurança na abordagem pedagógica e na locomoção dos alunos cegos ou com baixa visão. Não conseguirei reproduzir aqui todas as perguntas, mas em âmbito geral foram as seguintes:
 
- Qual a melhor maneira de conduzir uma criança cega: segurando as duas mãos ou permitindo que ela segure em uma das mãos de quem a conduz?
- Cegos sonham com imagem?
- Como trabalhar as questões referentes ao desenho com alunos cegos da educação infantil?
- Qual a melhor maneira de representar o nome no crachá de uma criança cega e de uma criança com baixa visão?
- Quais os sintomas indicadores de baixa visão e como o professor poderá identificar a baixa visão?
- Qual a melhor forma de posicionar as mãos para a proteção frontal durante a locomoção?
- No sistema Braille, como representar numerais?
- Qual a idade mais indicada para o uso da bengala e o início das técnicas de OM?
- Uso do piso tátil ou de trilhas para a locomoção independente da criança cega.
 
A locomoção independente precisa ser incentivada desde muito cedo, com estratégias lúdicas e materiais que reforcem ou estejam relacionados com o uso da bengala. Isso inclui trilhas com texturas na parede para que a criança possa fazer o rastreamento com o dorso das mãos e consiga  identificar, por meio da exploração tátil, o percurso, as paradas que deverá fazer. É como se reproduzíssemos um piso tátil na parede, internamente ou externamente à sala de aula. Dependendo da altura da criança, ela deve segurar no pulso ou no cotovelo do seu guia, de modo a receber todas as informações de locomoção, pela direita, pela esquerda, entre outras informações, jamais segurando nas duas mãos na tentativa de empurrar ou puxar, pois essa ação trava os movimentos da criança. Já para a auto proteção recomenda-se usar as mãos abertas, com a palma voltada para frente a fim de que quando receber o impacto, ter a melhor reação para se desvencilhar dele. Não existe uma idade prevista para iniciar as técnicas da bengala. Precisamos estudar caso a caso, tendo como base norteadora os aspectos do desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança. Indico a partir dos 10 anos aproximadamente.
 
Sobre desenhos, é possível trabalhar com imagens sem muitos detalhes, mas reproduzindo as figuras com contorno em relevo. Poderá utilizar barbante, lã ou tinta dimensional. Após ter obtido o relevo e depois de seco, o aluno poderá explorar o contorno e pintar dentro do espaço delimitado. Para essa atividade é necessário sempre observar e fazer a relação com um objeto semelhante real ou em miniatura. Assim a criança consegue transpor a idéia original do objeto para a imagem que está representada no papel. O tracejar aleatório também será bastante válido. Para as cores trabalhamos com esquemas associativos, como por exemplo, o verde da grama, o branco do algodão, e daí por diante. Ao permitir que a criança associe um nome de cor a um elemento olfativo, gustativo, tátil ou sonoro, ela recorrerá aos sentidos e a memória imagética para compreender a noção de cores e combinações possíveis.
 
A respeito dos sonhos, contei sobre a minha experiência. Consigo enxergar com precisão fisionomias, objetos, expressões, imagens que jamais enxerguei com detalhes. Isso se dá devido ao esquema associativo e do repertório criado através da exploração dos sentidos.
 
Para o crachá, orientei que para a criança cega, este deve conter seu nome em Braille e em tinta e para a criança com baixa visão, em caracteres ampliados. Essa representação deve ser padrão para toda a sala, compartilhando com o colega com deficiência visual as informações sobre os nomes para melhor identificá-los dentro  do grupo no qual  convive.
 
Sobre a baixa visão, alguns assuntos mais específicos serão abordados no próximo encontro, porém expliquei basicamente sobre quais os sintomas que o professor poderá observar em sala de aula e como se dá a medição da acuidade visual.
 
Finalizamos o encontro com algumas reflexões e com sorteio de brindes. Estaremos juntos(as) na próxima semana, dia 18/03.
 
Agradeço pela receptividade e desejo a todos um excelente curso. Sejam bem-vindos!
 
Parabéns Tremembé pelo compromisso em fazer da educação uma referência em inclusão!
 
 
 
 
 

 

2 comentários:

  1. Gostei muito do nosso primeiro encontro, acredito que atendeu as expectativas do grupo!

    Estamos ansiosos pelo que vem pela frente...

    Daniela Renó

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  2. OI adorei as informações, pois sou professora do ensino regular na rede publica e estou desesperada a procura de um curso de Braille ,pois na escola recebemos alunos com necessidades especiais mas infelizmente não estamos aptos , portanto necessito fazer um curso de Braille será que vocês conhecem em São Paulo capital algum lugara para indicar? por favor!
    Desde já muito obrigada !

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