sexta-feira, 29 de março de 2013

Feliz Páscoa

A páscoa é um momento especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada instante.
Desejo a você, uma Páscoa cheia de amor e de alegrias.
Um grande abraço
Lu
 
Descrição da imagem: sobre um fundo azul claro aparece, ao centro da imagem, um coelho amarelo. Ele está em um gramado verdinho, sentado em cima de ovinhos coloridos. ele está jogando os ovos pra cima. Na parte superior da imagem está escrito, em letras pretas, na fonte  Braille e em letras bastão: Feliz Páscoa. No canto inferior direito da imagem está escrito meu nome: Luciane Molina 

sábado, 23 de março de 2013

Lançamento Inédito: Curso Grafia Braille

Lançamento Especial: Garanta já sua vaga.
Curso Grafia Braille: "A Visão dos Dedos" - 100 horas
Autoria e Tutoria: Profª Luciane Molina *
 
Inscrições abertas. Início do curso em 08 de abril de 2013.
 
CIATA - Centro de Inclusão Através da Tecnologia Assistiva
 
Associada a ABED
(Associação Brasileira de Educação a Distância)
 
Conheça mais sobre o curso e inscreva-se.
www.ciata.org.br/curso
Clique em "ACESSAR COMO VISITANTE" e leia uma breve descrição sobre o curso.
 
Formação Continuada a Distância
O Curso Grafia Braille – "A Visão dos Dedos" apresenta um tema de grande importância no cenário da inclusão escolar da pessoa com deficiência visual, iniciando com a descrição do contexto histórico do sistema Braille, através da forma como evoluiu no Brasil e no mundo desde sua criação, as adaptações curriculares e as técnicas utilizadas para o ensino deste sistema, que envolvem a estimulação sensorial, alfabetização tátil e reabilitação. Ainda apresenta a dinâmica deste Sistema e recursos tradicionais que auxiliam na produção de materiais em Braille, como uso de reglete e punção. Identifica formas pelas quais ocorrem a transcrição de tinta para Braille ou vice-versa e adaptação de aulas, conteúdos e espaços. Também contempla dinâmicas que mostram formas de relacionar-se com a pessoa com deficiência visual e dicas de orientação/mobilidade. Tem como objetivo capacitar educadores do ensino regular ou do atendimento educacional especializado, familiares de pessoas com deficiência visual, psicólogos,fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, estudantes e demais interessados pelo tema a atuar na formação e inclusão escolar de pessoas com Deficiência Visual por meio do método Braille e das ferramentas e técnicas que dão suporte a utilização deste sistema.
 
O curso será desenvolvido 100% à Distância e está estruturado em seis módulos, com duração de sete semanas, num total de 100 horas de estudos.
 
Conteúdo:
- Histórico e conceituação do sistema Braille;
- O alfabraille e a representação dos pontos  no processo inicial de alfabetização;
- Leitura do Sistema Braille mediante as técnicas específicas que envolvem a estimulação sensorial e os esquemas simbólicos;
- Escrita em Braille mediante a utilização e o manuseio dos instrumentos reglete e punção;
- Transcrição de textos através da transposição da escrita Braille para tinta e vice-versa;
- Simbologia Braille: alfabeto, letras acentuadas, sinais de pontuação, numerais, sinais da matemática e sinais acessórios;
- Plano de aula com flexibilização para alunos cegos e construção de materiais;
- Ficha avaliativa para investigação do estágio de desenvolvimento da escrita e leitura em Braille;
- Dicas de relacionamento para quando encontrar com uma pessoa cega.
 
O conteúdo será apresentado através de atividades teóricas, vivências práticas, estudos individuais e coletivos  utilizando os recursos tecnológicos disponíveis no ambiente virtual MOODLE. Textos impressos em Braille e em tinta serão utilizados, além de equipamentos e materiais especializados afins, como reglete, punção e atividades em Braille. A avaliação será realizada através do ambiente virtual e de atividades encaminhadas via Correios.
 
Investimento:
Este curso possui um investimento de R$ 220,00, podendo ser parcelado em até 3 vezes no cartão de crédito.
 
Valores promocionais:
Parcela única em boleto ou cartão para inscrições efetuadas  até a data do início do curso - R$ 200,00.
 
ATENÇÃO
Materiais inclusos com a efetivação da matrícula. Cada cursista receberá o material para a produção da escrita em Braille (reglete e punção), além de um módulo contendo atividades impressas em Braille, que fazem parte do processo avaliativo.
 
Os cursos online da CIATA estão classificados como cursos livres de atualização, aperfeiçoamento, qualificação profissional e pessoal sob a perspectiva de Educação Continuada.
Os certificados tem validade para fins curriculares e em provas de títulos, respeitando a carga horária descrita, de acordo com a LDB - Lei 9394/96 art. 67 e 87, inciso III e Parecer nº. 64/2004 - CEDF.
 
Para mais informações, entrar em contato através dos nossos canais de comunicação:
 
CIATA - Centro de Inclusão Através da Tecnologia Assistiva
Rua Cajurú nº 730, Belém, São Paulo/SP, CEP: 03057-000
Fone: (5511) 4304-2100
 
www.ciata.org.br/curso
 
Ou por e-mail, diretamente com a Profª Luciane Molina:
luciane.molina@ciata.org.br
 
* Luciane Molina, autora e professora deste curso, é braillista e pedagoga.  É especialista em Atendimento Educacional Especializado pela UNESP/ffc/SECADI e atua há mais de 10 anos com educação inclusiva, alfabetização Braille e formação de professores. Palestrante, colunista do blog Guia Inclusivo e autora de diversos artigos publicados em revistas e jornais. Colaboradora da Revista Reação. Vencedora do IV Prêmio Sentidos e mantém o blog Espaço Braille <www.braillu.com>. Trabalhou durante 11 anos na educação pública, sendo responsável pela implantação do serviço do Atendimento Educacional especializado. Coordenou o Projeto VIDA - Vivenciando a Inclusão, Diversidade em Ação no município de Lorena, sendo premiada no III Prêmio Ações Inclusivas, em 2012. É também revisora e consultora em audiodescrição.
 
Conheça também nossas redes sociais:
Twitter: http://twitter.com/CIATASP
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

terça-feira, 19 de março de 2013

Segundo Encontro de Formação em Tremembé

   O segundo encontro de formação em Tremembé aconteceu nessa segunda-feira, dia 18 de março.
 
Com o tema "aluno com baixa visão", alguns assuntos de relevância foram abordados, a fim de que o professor possa identificar os sinais indicativos da baixa acuidade visual, elaborar um planejamento pertinente, realizar uma avaliação funcional da eficiência visual e implementar ações para o uso de recursos pedagógicos, além de oferecer as condições ambientais mais adequadas a cada caso.
 
A aula se desenvolveu de forma expositiva, com uso de slides, explicação dos conceitos e  demonstração de materiais, o que incluiu uma abordagem mais pontual sobre como interpretar os laudos dos alunos, de acordo com a leitura da acuidade visual e do campo de visão.
 
Também avaliamos os dados apresentados pelo Censo de 2010 (IBGE) , identificamos os conceitos sobre cegueira e baixa visão por diferentes autores e a legislação aplicada no Brasil, que considera pessoas cegas ou com baixa visão por meio do decreto 5296/2004.
 
A aula foi finalizada com a apresentação de um vídeo, que teve duração de aproximadamente 20 minutos. Teve como objetivo sistematizar os conceitos apresentados, demonstrar os materiais, recursos ópticos e não ópticos em uso,  e as sugestões de adaptações relatadas durante a explanação anterior.
 
Durante a aula, toda a turma demonstrou envolvimento e compromisso, participando com perguntas e solicitação de ideas a serem implementadas nas escolas do  município que atendem alunos com baixa visão.
 
Recebemos, também, com muita alegria, a visita de um aluno com deficiência visual da rede municipal de educação,.
 
No próximo encontro o assunto abordado será Dicas de Relacionamento com pessoas cegas.
 
Até lá!!!
 
 
 
 
 

 

terça-feira, 12 de março de 2013

Curso Grafia Braille em Tremembé: Nosso Primeiro encontro

A Estância Turística de Tremembé, com a finalidade de capacitar os professores da rede municipal de ensino, recebe de março a dezembro de 2013, o curso Grafia Braille - Semeando Leitores e Escritores Competentes", que será ministrado pela Prof.ª Luciane Molina, pedagoga e especialista em atendimento Educacional especializado.
 
Com duração de 100 horas, o curso tem como objetivo abordar questões referentes a educação inclusiva através das técnicas e recursos utilizados durante a alfabetização Braille, dicas de como se relacionar com alunos cegos ou com baixa visão e adaptações de materiais. Esta formação está sendo oferecida para os professores da rede regular, do Atendimento Educacional especializado e familiares de alunos com deficiência visual do município. As aulas tem duração de 3 horas, são realizadas na sede da Secretaria de Educação de Tremembé e são acompanhadas pela coordenadora da Educação especial, Daniela Renó.
 
Nesta segunda-feira (11) aconteceu o nosso primeiro encontro. Foram momentos muito positivos, em que tivemos a oportunidade de uma aproximação, apresentando-me e solicitando que cada um fizesse sua apresentação, relatando quais as expectativas com o curso. Em seguida, fiz uma explanação sobre os objetivos e conteúdos que serão trabalhados durante as 25 aulas programadas.
 
Na medida em que os assuntos eram abordados, algumas questões relacionadas com a deficiência visual  surgiam e muitas dúvidas foram esclarecidas. É importante destacar que a rede de ensino de Tremembé já atende alunos cegos e com baixa visão e, diante da necessidade, estão procurando meios para oferecer um ensino de qualidade, por meio de um suporte específico aos diversos casos presentes no ensino regular e nas salas de recursos.
 
O que ficou evidente, logo nesse primeiro encontro, foi o interesse manifestado pela equipe em tentar compreender as melhores estratégias e as orientações mais pertinentes para iniciarem um trabalho coerente com a necessidade apresentada pelo aluno e, por esse motivo, muitas perguntas foram lançadas e, muitas outras virão por aí... Também contei algumas histórias que vivenciei durante a minha trajetória escolar, acadêmica e profissional.
 
Algumas orientações foram fornecidas por mim, a fim de solucionar imediatamente as dúvidas ou insegurança na abordagem pedagógica e na locomoção dos alunos cegos ou com baixa visão. Não conseguirei reproduzir aqui todas as perguntas, mas em âmbito geral foram as seguintes:
 
- Qual a melhor maneira de conduzir uma criança cega: segurando as duas mãos ou permitindo que ela segure em uma das mãos de quem a conduz?
- Cegos sonham com imagem?
- Como trabalhar as questões referentes ao desenho com alunos cegos da educação infantil?
- Qual a melhor maneira de representar o nome no crachá de uma criança cega e de uma criança com baixa visão?
- Quais os sintomas indicadores de baixa visão e como o professor poderá identificar a baixa visão?
- Qual a melhor forma de posicionar as mãos para a proteção frontal durante a locomoção?
- No sistema Braille, como representar numerais?
- Qual a idade mais indicada para o uso da bengala e o início das técnicas de OM?
- Uso do piso tátil ou de trilhas para a locomoção independente da criança cega.
 
A locomoção independente precisa ser incentivada desde muito cedo, com estratégias lúdicas e materiais que reforcem ou estejam relacionados com o uso da bengala. Isso inclui trilhas com texturas na parede para que a criança possa fazer o rastreamento com o dorso das mãos e consiga  identificar, por meio da exploração tátil, o percurso, as paradas que deverá fazer. É como se reproduzíssemos um piso tátil na parede, internamente ou externamente à sala de aula. Dependendo da altura da criança, ela deve segurar no pulso ou no cotovelo do seu guia, de modo a receber todas as informações de locomoção, pela direita, pela esquerda, entre outras informações, jamais segurando nas duas mãos na tentativa de empurrar ou puxar, pois essa ação trava os movimentos da criança. Já para a auto proteção recomenda-se usar as mãos abertas, com a palma voltada para frente a fim de que quando receber o impacto, ter a melhor reação para se desvencilhar dele. Não existe uma idade prevista para iniciar as técnicas da bengala. Precisamos estudar caso a caso, tendo como base norteadora os aspectos do desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor da criança. Indico a partir dos 10 anos aproximadamente.
 
Sobre desenhos, é possível trabalhar com imagens sem muitos detalhes, mas reproduzindo as figuras com contorno em relevo. Poderá utilizar barbante, lã ou tinta dimensional. Após ter obtido o relevo e depois de seco, o aluno poderá explorar o contorno e pintar dentro do espaço delimitado. Para essa atividade é necessário sempre observar e fazer a relação com um objeto semelhante real ou em miniatura. Assim a criança consegue transpor a idéia original do objeto para a imagem que está representada no papel. O tracejar aleatório também será bastante válido. Para as cores trabalhamos com esquemas associativos, como por exemplo, o verde da grama, o branco do algodão, e daí por diante. Ao permitir que a criança associe um nome de cor a um elemento olfativo, gustativo, tátil ou sonoro, ela recorrerá aos sentidos e a memória imagética para compreender a noção de cores e combinações possíveis.
 
A respeito dos sonhos, contei sobre a minha experiência. Consigo enxergar com precisão fisionomias, objetos, expressões, imagens que jamais enxerguei com detalhes. Isso se dá devido ao esquema associativo e do repertório criado através da exploração dos sentidos.
 
Para o crachá, orientei que para a criança cega, este deve conter seu nome em Braille e em tinta e para a criança com baixa visão, em caracteres ampliados. Essa representação deve ser padrão para toda a sala, compartilhando com o colega com deficiência visual as informações sobre os nomes para melhor identificá-los dentro  do grupo no qual  convive.
 
Sobre a baixa visão, alguns assuntos mais específicos serão abordados no próximo encontro, porém expliquei basicamente sobre quais os sintomas que o professor poderá observar em sala de aula e como se dá a medição da acuidade visual.
 
Finalizamos o encontro com algumas reflexões e com sorteio de brindes. Estaremos juntos(as) na próxima semana, dia 18/03.
 
Agradeço pela receptividade e desejo a todos um excelente curso. Sejam bem-vindos!
 
Parabéns Tremembé pelo compromisso em fazer da educação uma referência em inclusão!
 
 
 
 
 

 

sábado, 9 de março de 2013

Baixa Visão: Algumas Orientações para Professores

Baixa Visão: Algumas Orientações para Professores
 
Por Luciane Molina*
 
Uma das grandes dificuldades do professor, ao se deparar com um aluno que apresenta baixa visão, é considerar as complexidades de fatores que influenciam no aprendizado e na condição sensorial para compreender o mundo que o rodeia.
 
A baixa visão é caracterizada por uma redução do rol de informações que a pessoa recebe do ambiente, o que restringe, de forma significativa, a quantidade de dados que são importantes para a construção do conhecimento sobre o mundo exterior. Trata-se de uma perda severa de visão que não pode ser corrigida com tratamento clínico ou cirúrgico, nem com óculos convencionais, causando incapacidade funcional. Porém, diversas funções visuais podem ser comprometidas, tais como: acuidade visual – o que se enxerga a determinada distância, campo visual, adaptação à luz e ao escuro e percepção de cores e contrastes. Tudo isso vai depender da patologia apresentada, que pode ter origem em causas congênitas ou adquiridas.
 
A aprendizagem visual não depende apenas do olho, mas tem sua base construída também através da capacidade do cérebro de realizar suas funções. A criança que enxerga aprende muito bem por imitação. Já àquela que enxerga pouco não tem condições de imitar e então precisa desenvolver o uso da visão residual e dos outros sentidos para entender e executar as tarefas. Como o desenvolvimento dos sentidos não ocorre naturalmente, é preciso educá-los, aproveitando para isso, além dos momentos pedagógicos, as atividades de higiene, alimentação e vestuário.
 
Na escola, alguns sinais podem ser identificados como comportamentos indicadores de baixa visão, tais como: olhos lacrimejantes, tremor da pupila, franzir de testa e piscar com grande freqüência. O andar hesitante, o tropeçar constante,  dificuldade para encontrar o sentido e direção de objetos, não conseguindo desviar-se deles, a aproximação dos objetos ao rosto, algum incômodo ou intolerância à claridade ou a sensibilidade excessiva a ela, também são fatores indicativos de algum prejuízo na função visual.Nesse caso existem algumas recomendações que podem ser seguidas pelo professor. Porém é importante conhecer o aluno com baixa visão, pois poderá apresentar grande oscilação da sua condição visual dependendo dos fatores naturais do ambiente ou de recursos oferecidos para o planejamento e a organização do trabalho pedagógico.
 
Por apresentar uma diminuição da percepção visual, muitas crianças com baixa visão perdem o controle do que está acontecendo e, por isso, ficam sem entender o que se passa e não conseguem se prender aos detalhes. Por isso, o professor deve incentivá-las a parar para ver, analisar as partes, observar os detalhes relevantes e entender os acontecimentos, pois quanto mais ela "aprender" olhar, mais aprenderá a ver. O professor também deve ficar atento aos maneirismos, que são manifestados por movimentos repetitivos de movimentar ou girar  a cabeça, esfregar os olhos, balançar o corpo para frente e para trás seguidas vezes, mexer as mãos e os dedos diante dos olhos. Esses movimentos precisam ser substituídos por atividades interessantes que agreguem o uso da visão residual e a exploração de objetos através dos sentidos remanescentes, principalmente pelo tato. Isso significa conhecer o ambiente pelos olhos, mãos e corpo, desenvolvendo habilidades perceptivas, sensoriais e motoras.
 
O cansaço decorrente de um longo período de atividade precisa ser evitado, já que o "olhar" exige um grande esforço por parte da criança com baixa visão. Sempre que possível, substitua atividades, varie a brincadeira, elabore tarefas mais curtas ou, simplesmente dê pausas para o descanso.
 
Antes de apresentar as atividades ou mostrar algum objeto, descreva-os, explicando o funcionamento, contando sobre  as rotinas e converse bastante sobre as descobertas a serem feitas. Nesse sentido, outra dica tem relação com a organização do espaço. Para que a criança com baixa visão possa encontrar com facilidade os objetos e consiga se locomover com segurança e independência, evite as constantes trocas de mobiliários e mantenha sempre os pertences pessoais localizados num mesmo lugar que esteja de fácil alcance.
 
Oriente a criança para que reconheça os ambientes de sua escola, tais como a localização de cada sala, portas, janelas, cortinas, móveis, gavetas, brinquedos, entre outros. Explique cada um deles e permita que a criança com baixa visão manipule ou toque enquanto olha. Para um melhor reconhecimento, poderá utilizar pistas sonoras e olfativas para identificar os diferentes locais, internos e externos a sala de aula.Os colegas de classe devem ser informados sobre a condição visual da criança com baixa visão e  a respeito da importância do uso de recursos ópticos ou não ópticos que auxiliam na execução das tarefas, tais como lupas, óculos, telescópios, materiais com fonte ampliada, condição de luminosidade do ambiente, aproximação de objetos, explicações verbais ao invés de apontar ou gesticular, entre outros.
 
Para melhorar o desempenho escolar de uma criança com baixa visão recomenda-se:
 - Uso de lápis 6B ou 3B, por serem bem escuros, ou caneta hidrográfica para a escrita;
 - Desenhos contornados e bem destacados;
 - As linhas do caderno devem ter distância ampliada e reforçadas. Num caderno comum, pode-se reforçar uma linha sim e outra não, já que as linhas claras não são percebidas com facilidade;
 - A criança deve ocupar um lugar na primeira fila de carteiras, posicionada de modo que possa movimentar-se para chegar próximo ao quadro ou mudar de lugar conforme a incidência da iluminação e do que for mais confortável para enxergar;
 - Estimule o aluno a olhar para aspectos como cor, forma e encoraje-o a tocar nos objetos enquanto olha, coordenando movimentos entre olho e mão;
 - Uso de materiais e papel fosco para não refletir a claridade. Também orientar o uso de contraste claro e escuro entre objetos e seu fundo, com cores vibrantes e em destaque, como por exemplo, fundo azul e letras amarelas, fundo preto com letras brancas, azul, laranja, roxo;
 - Utilizar lupas manuais ou de apoio, telescópios com aumento variável, luminárias com braços flexíveis  que propicie maior conforto e eficiência na leitura. quando houver a prescrição de óculos, o professor deve observar e incentivar o uso dos mesmos;
 - Permitir que a criança aproxime o objeto do rosto ou aproximar-se para ver algo no quadro ou na tevê. A proximidade do objeto com relação ao olho faz com que a imagem percebida seja almentada e, consequentemente, melhor identificada;
 - Nos materiais escritos, deve haver o predomínio de letras maiúsculas em bastão ou uma uniformidade na fonte utilizada. É recomendada a fonte Arial com tamanho que poderá variar de 20 a 28, ou seja, ampliada de acordo com as necessidades da criança. Para isso o professor fará uma investigação sobre qual será o melhor tamanho. Usar entrelinha duplo e espaços, assim como estar atento quanto a cor, ao brilho do papel e ao contraste;
 - Usar régua ou guia de leitura. A guia de leitura pode ser confeccionada com cartolina preta com uma abertura ao centro. Na medida em que o aluno vai lendo, a guia vai sendo deslocada para a linha de baixo, evitando que se perca durante a leitura;
 - Possuir uma estante de leitura para apoiar os livros de modo que fiquem mais próximos da criança e ela não precise inclinar muito o corpo para aproximar o rosto durante a leitura. Geralmente essas estantes são feitas de madeira e possuem 3 inclinações com apoio para folhas e livros;
 - Uso de jogos, de figuras grandes de revistas, rótulos e embalagens também são recursos que podem ser explorados de acordo com a funcionalidade visual;
 - Controlar a luminosidade do ambiente conforme a necessidade do aluno, seja pela incidência de brilho nos objetos ou pela projeção de sombra no caderno. Em alguns casos é necessário uma maior claridade, enquanto que para outros, a presença de luz causa desconforto. No segundo caso o uso de bonés ou viseiras com abas  poderá diminuir o desconforto.
 
Conforme as orientações apresentadas, percebemos que a criança com baixa visão será capaz de realizar as atividades se lhe oferecerem recursos e ferramentas para desenvolver habilidades e comportamentos que encorajem o olhar como forma de desenvolvimento do potencial pleno de visão, pois esse  sentido funciona melhor em conjunto com os demais sentidos. Deve-se evitar fazer tudo pela criança com baixa visão para que ela não se canse ou não se machuque, pois ela deve ser responsável por suas ações. Evitar tratá-la como "cega", e assim, o ato de "olhar" se transforma numa situação agradável.
 
* Luciane Molina é pedagoga e pessoa com deficiência visual. Possui especialização em Atendimento Educacional especializado e atua há mais de 10 anos com educação inclusiva. Palestrante sobre temas que envolvem a pessoa com deficiência visual e o acesso à educação. Mantém o blog: www.braillu.com
 
Texto originalmente publicado em 06 de fevereiro de 2013 no Guia Inclusivo. Acesso pelo site: http://www.guiainclusivo.com.br/2013/03/baixa-visao-algumas-orientacoes-para-professores/
 

 

Educação Inclusiva: Uma Ruptura de Paradigma

Educação Inclusiva: Uma Ruptura de Paradigma
 
*Por Lu Molina
 
Além do tradicional mês do carnaval, fevereiro é marcado pelo período da volta às aulas e em meio a tantos preparativos para o início do ano letivo, não podemos descartar as ações por uma educação inclusiva que atenda aos alunos com deficiência nas instituições de ensino de todo o país.
 
A política da Educação especial na Perspectiva da Educação Inclusiva adotada pelo Ministério da Educação em 2008, posteriormente reforçada por diversas resoluções e decretos sobre a implantação do Atendimento Educacional Especializado por meio das salas de recursos multifuncionais, trouxe um novo olhar a respeito das possibilidades educacionais para alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Apesar disso, o direito a educação em instituições de ensino regulares já vem sendo debatido desde a nossa Constituição de 1988. Porém, o sentido da educação inclusiva não se aplica apenas em estudar "com" todos os alunos, mas requer que as pessoas com deficiência estudem "como" os demais alunos, garantindo-lhes métodos, técnicas e recursos que favoreçam sua plena participação e acesso à informação, como é o caso do sistema Braille, da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), da comunicação alternativa e das tecnologias assistivas.
 
A inclusão escolar é um direito que beneficia pessoas com e sem deficiência e que é garantido por meio da convivência e de práticas escolares inclusivas.  Quando os protagonistas dessa  educação conseguirem  compreender  que muitas das limitações ou incapacidades atribuídas aos estudantes pela  ausência ou falta de algo, posturas estas adotadas na era da integração,  cujas pessoas com deficiência eram obrigadas a se adaptarem ou corriam o risco de viverem em guetos, talvez possam evoluir para a era da inclusão, marcada principalmente  pela  remoção das barreiras ou obstáculos impostos pela própria sociedade.
 
hoje o conceito de inclusão revela que qualquer que seja a incapacidade, esta tem relação direta com as condições oferecidas pelo meio, pois  a deficiência é algo inerente ao corpo e a condição física ou intelectual das pessoas. portanto, uma pessoa cega pode ou não ser capaz de ler um livro dependendo da existência ou da remoção de algumas barreiras. Se o conteúdo deste livro estiver disponível no formato Braille, áudio ou digital, por exemplo, a cegueira continuará lá, mas  as barreiras desaparecem. Nesse sentido, fica bem claro o conceito proposto pela Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU, quando propõe que a deficiência não é mais da pessoa, por não enxergar, mas da sociedade, por não oferecer todos os
 recursos de acessibilidade necessários.
 
Piores do que as barreiras físicas, são as barreiras invisíveis, ou seja, a barreira atitudinal. Então se a deficiência fosse encarada como mais uma dentre as tantas características das pessoas, como qualquer outro atributo de etnia, raça, estatura ou  cor dos cabelos, as pessoas com deficiência poderiam usufruírem dos mesmos produtos ou serviços, não sendo encaradas como "especiais" ou "incomuns", ampliando a perspectiva por um melhor convívio, que esteja  em sintonia com a realidade ao nosso redor. Essa discriminação baseada em conceitos preconcebidos, enquadrando as pessoas segundo rótulos que as inferiorizam fazem com que não tenham chance de mostrarem suas reais capacidades, seja para o estudo, seja para o trabalho.
 
A escola, sendo um atalho que permite formar e informar pessoas para que desempenhem diferentes papeis na sociedade, é o local mais apropriado para a construção do conceito sobre inclusão e para a ruptura de um modelo segregado de convívios. portanto a figura do professor é essencial para viabilizar a educação inclusiva, iniciando na prática o movimento de acolhida de uma criança com deficiência. É o professor quem estará no contato diário com os estudantes, acompanhando seus progressos, descobrindo as necessidades de cada um para estabelecer uma relação de confiança. Estar preparado não significa "dar conta" de todas as demandas, mas sobretudo confiar que a prática docente é rica e imprevisível. Cada aluno age e reage a sua maneira diante das oportunidades que lhes são oferecidas.
 
Nesse sentido, não cabe a escola problematizar as condições físicas ou sensoriais  dos alunos que tem alguma deficiência, mas sim, problematizar as condições do ambiente escolar para a construção de uma sociedade inclusiva, cujas incapacidades superem todas as barreiras, reafirmando o compromisso por um ensino de qualidade e para um convívio saudável.
 
Luciane Molina é pedagoga e pessoa com deficiência visual. Especialista em atendimento Educacional especializado, atua com educação inclusiva há mais de dez anos pela Secretaria Municipal da Educação de Lorena – SP. Palestrante e autora do blog: www.braillu.com.
 
Texto originalmente publicado em 06 de fevereiro de 2013 no Guia Inclusivo. Acesso pelo link:
http://www.guiainclusivo.com.br/2013/02/educacao-inclusiva-uma-ruptura-de-paradigma/