sexta-feira, 20 de julho de 2012

Teatro com Audiodescrição: reportagem TV Aparecida

Pra você que acompanha o "Espaço Braille" e leu diversas matérias sobre a Apresentação de teatro com audiodescrição em Guaratinguetá:

Projeto VIDA Apresenta o Recurso da Audiodescrição para Educadores

Teatro com audiodescrição

Convite para Peça com Audiodescrição em Guaratinguetá

Guaratinguetá Recebe a Primeira Peça Teatral com Audiodescrição

Aqui você terá a oportunidade de conferir os resultados dessa apresentação, inédita no Vale do Paraíba.

A matéria foi veiculada no programa Sabor de Vida, da TV aparecida e foi exibido na tarde do dia 19 de julho de 2012.

Aproveito este espaço para fazer meus agradecimentos, em especial para Lívia Motta, audiodescritora da equipe Ver com Palavras
Também, à Julia Pires, produtora e atriz, juntamente com a CIA da Galhofa pela belíssima iniciativa em promover acessibilidade em suas peças. Rendo meus agradecimentos aos convidados que estiveram presentes na exibição da peça e à equipe da TV aparecida, por meio da reportagem e da apresentadora do programa Sabor de Vida.

A CIA da Galhofa fez história em Guaratinguetá! Confiram na matéria da TV aparecida: Teatro audiodescritivo em Guaratinguetá
Teatro audiodescritivo em Guaratinguetá


Projeto VIDA Apresenta o Recurso da Audiodescrição para Educadores

Projeto VIDA apresenta o recurso da audiodescrição para educadores
 
  Professores e alunos conferiram durante o exercício a peça teatral "Ao Vencedor, As Batatas"
 
A Secretaria Municipal da Educação sob a gestão do Professor Elcio Vieira, esteve representada pela equipe do Projeto VIDA (Vivenciando a Inclusão, Diversidade em Ação), formada pelas Pedagogas Luciane Molina e a Klênia Caixeta que conferiram a peça teatral "Ao Vencedor, As Batatas" do grupo paulistano CIA da Galhofa, com a presença dos professores das salas de recursos, alunos do curso de Braille e algumas pessoas com deficiência visual de Lorena.
 
O evento contou com a audiodescrição realizado por Lívia Motta e sua equipe "ver com Palavras", que ofereceu aos expectadores presentes uma narração complementar do cenário, figurino, movimentos e ambientação, um recurso de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Porém, mesmo os expectadores que enxergam puderam participar da experiência, conhecendo a técnica empregada para que a audiodescrição seja mais uma ferramenta pedagógica em sala de aula com os alunos com deficiência nas salas de recurso, constituindo-se também, em tema abordado no curso de Braille.
 
Na platéia, professores, cursistas e pessoas cegas usando fone de ouvido e aparelho receptor da audiodescrição acompanharam todo o desenrolar da obra, uma adaptação de Memórias Póstumas de Braz Cubas, de Machado de Assis, captando os detalhes descritivos junto do som ambiente. Após o encerramento da peça, os expectadores fizeram uma visita tátil ao cenário, conhecendo o figurino usado pelos atores.
 
"O nosso objetivo ao prestigiar ao espetáculo é de buscar alternativas de acessibilidade à informação, cultura e educação", destacou a Coordenadora Luciane Molina.
 
A matéria acima foi publicada originalmente no site da Prefeitura Municipal de Lorena, no dia 28/06. Acesso no link: http://www.lorena.sp.gov.br/noticia.php?idnoti=5998
 
Republicada no Jornal Vale Vivo, de 06/07 a 19/07 de 2012, pág. 07.
 
A Imagem acima refere-se à publicação feita no jornal Vale Vivo.

Matéria publicada na Revista acontece Vale: Multiplicando Ações Inclusivas: a escola e o aluno com deficiência visual

 

 

 

Multiplicando Ações Inclusivas: a escola e o  aluno com deficiência visual

           

 

 

Luciane Molina *

 

Enquanto buscamos compreender os mecanismos pelos quais ocorrem o aprendizado e o desenvolvimento das pessoas com deficiência visual,  escolas e professores continuam negando-lhes matrícula, justificada pelo despreparo em lidar com tais características.

 

Muito embora a deficiência visual exija certo conhecimento sobre a aquisição de conceitos por meio de esquemas não visuais, trabalhar com esse aluno demanda, em primeiro lugar, a compreensão de que sua essência é a de ser "criança" independente de qualquer limitação física ou sensorial. Afinal a inclusão não significa tratar todos como se fossem iguais, mas sim respeitar a diversidade de cada ser humano.

 

A partir da crescente demanda pelas salas de recursos multifuncionais, adotadas pela política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do Ministério da Educação (MEC/SECADI), o serviço do Atendimento Educacional Especializado (AEE) passou a ser oferecido aos alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades no contra turno do ensino regular, em espaços com recursos e métodos específicos, através do acompanhamento por professores especialistas.

 

No caso do aluno com deficiência visual ( cegueira ou baixa visão), o especialista organiza um plano de ação que contemple o ensino do método Braille, da orientação e mobilidade, do soroban, uso de recursos ópticos para ampliação de letras, softwares, estimulação sensorial, treinamento da visão residual, dentre outros. Esse atendimento não poderá substituir o ensino regular ou conteúdos pertinentes a sala comum. Na sala de recursos ele irá desenvolver habilidades específicas e esquemas mentais que possibilite sua permanência na escola regular.

 

No plano de ação, o especialista  deve considerar as informações e avaliação geral do aluno: identificação, dados familiares, condição de saúde, deficiência e necessidades educacionais especiais. Os fatores pedagógicos contemplarão: percepção, atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico, desenvolvimento e capacidade motora, área emocional, afetiva e interação.

 

Vimos  que o trabalho em sala de recursos acontece paralelamente ao ensino regular, isso porque  a matrícula nessa última é requisito obrigatório para que o aluno receba o AEE no contra turno.

 

 

Você tem um aluno de "inclusão" em sua classe?

Não existe o aluno de "inclusão". Se aprendemos por meios diferentes e a classe é heterogênea, se as pessoas não são iguais umas das outras conforme o princípio da diversidade, se a escola é um ambiente de convívios e construções coletivas, não existe um aluno de "inclusão", mas sim diferentes alunos que participam do processo de inclusão. Por isso, rotular, julgar ou identificar uma criança por meio de suas características só evidencia as limitações e potencializa suas fraquezas. Evite generalizar aspectos positivos ou negativos sobre a cegueira e incentive seu aluno a buscar estratégias e meios para superar sua dificuldade.

 

Comunicação

Comunique-se da maneira mais natural possível. Para quem possui dificuldades de enxergar,  Evite apontar pessoas ou  objetos, não fale alto e descreva as cenas relevantes, incluindo disposição do ambiente e mobiliários. Ao tratar de cores, faça associação com objetos ou sensações, como branco do algodão, verde das folhas, vermelho do fogo/quente, entre outras percepções relevantes e significativas para cada um. Essa percepção poderá variar de pessoa para pessoa. Ao aproximar-se de uma criança com deficiência visual, identifique-se, tocando-a levemente nos braços ou ombros para que compreenda que está falando com ela e anuncie quando afastar-se. Substitua palavras como "isso", "aquilo", "ali", "lá", sendo o mais objetivo possível, nomeando objetos, pessoas, indicando lateralidade ou distâncias com alguma precisão em metros ou passos.

 

Sala de aula

Será indispensável a apresentação da criança cega aos demais da turma e vice-versa. A criança com deficiência visual poderá demorar algum tempo para conseguir reconhecer todos  os colegas através do timbre de voz, por isso, identifique sempre  que necessário. Evite alterar com frequência a disposição das crianças em sala de aula e mantenha sempre o mobiliário organizado. Caminhe com o aluno cego para que ele reconheça todos os detalhes do espaço. O professor, orientará o aluno para que segure em seu cotovelo e permaneça meio passo atrás, para que  perceba o  movimento corporal e o acompanhe. Incentive-o a rastrear os objetos com o tato, posicionando suas mãos para explorá-los. Posteriormente refaça a caminhada orientando-o apenas verbalmente, e exercite as técnicas de audiodescrição, que significa descrever, com clareza e detalhes, tudo o que é visualmente relevante no ambiente. A audiodescrição poderá também  ser praticada ao explicar desenhos, gráficos, mapas, imagens ou enquanto escreve na lousa. Mantenha o ambiente organizado e converse com os demais alunos para que essa prática seja frequente. Procure incluir o aluno com deficiência visual em todas as atividades, adaptando-as. Sugiro também elaborar um esquema de cooperação, através do qual um amigo será nomeado para ajudá-lo durante o período. Apresente o código Braille para todos os demais alunos, certamente eles se interessarão em aprendê-lo e, de forma lúdica, este poderá constituir-se um elemento facilitador de aprendizagem.

 

Escola

Proponha dinâmicas para que todos os demais alunos da escola interaja com a criança com deficiência visual, porém, tome cuidado para que isso não coloque essa criança em posição de destaque com relação aos demais. Deixe que seja de forma espontânea e natural. Faça algumas adaptações no ambiente físico, como identificação de espaços com texturas ou sinalização Braille. Promova junto aos professores, pais e comunidade atividades de formação e informação a respeito da deficiência visual e reserve horários de estudo coletivo com os profissionais que atuam na instituição. Todos precisam participar do processo de escolarização da criança com deficiência, não sendo apenas responsabilidade individual de um único professor.

 

 

Luciane Molina é pedagoga e pessoa com deficiência visual. atua com educação inclusiva no município de Lorena.

Esse texto foi publicado na Revista Acontece Vale, de julho de 2012. Ano II, nº 15.

 

As imagens acima mostram as páginas 14 e 15 originais da revista junto da foto publicada. Rosto de Luciane em frente à fachada do Memorial da Inclusão, SP.

A Popularidade do Braille - Guia Inclusivo

    A popularidade do Braille
4 de julho de 2012
 
Pontos salientes numa página branca, para alguns é apenas o sinônimo de deficiência visual, para outros, a oportunidade de acesso à informação. Falamos aqui de um código universal de leitura tátil e escrita: o Sistema Braille, que apesar do seu uso ser difundido entre as pessoas cegas, não impede que seu aprendizado seja experimentado também por pessoas com visão preservada.
 
Durante quase duas décadas o Sistema Braille tem sido o meio mais eficaz de alfabetização entre crianças cegas, podendo constituir recurso facilitador de acesso ao conhecimento por jovens e adultos com deficiência visual...
 
 
Esse texto faz parte da coluna mensal que assino no blog Guia Inclusivo: www.guiainclusivo.com.br

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Braille, por um ensino-aprendizado mais consistente e coerente

Na condição de professor do ensino regular, de familiar ou amigo de pessoa com deficiência visual, aprender o Braille se torna essencial para ampliar as possibilidades de interação comunicacional, tornando-os mais independentes no contato com a leitura, registros e expressão por meio da escrita.
 
O aprendizado do Braille surge, então, como um recurso facilitador que contribui efetivamente para a eliminação da barreira na comunicação escrita e lida por pessoas cegas. Muito embora seja indiscutível os benefícios trazidos pelo aprendizado desse método tátil, atualmente a crescente demanda por recursos tecnológicos e o uso de computadores equipados com leitores de tela e sintetizadores de voz, fez com que o Método Braille fosse visto como menos relevante, principalmente com o argumento de ser um sistema complexo e pouco difundido entre a sociedade em geral. Isso também deve a um ensino sem direcionamento adequado.
 
O fato é, que se existe um desconhecimento sobre o sistema Braille , deve-se investir esforços para que este código seja mais divulgado e passe a integrar o repertório de conhecimento de todas as  pessoas. Na escola, por exemplo, o professor beneficiará o aluno cego ao propor atividades adaptadas em relevo, criando ambientes de aprendizagem que fomentem a equidade em relação aos resultados educativos de todos os alunos, com práticas que facilitem o acesso ao currículo comum. Em casa, o familiar ou amigo que convive com a pessoa cega será provocado a compartilhar das suas experiências e compreender suas produções, oferecendo-lhes oportunidade de contribuir, interagir e fazer as trocas necessárias. É através do incentivo familiar que a pessoa com deficiência visual se sentirá mais segura, pois este constitui o primeiro núcleo social de convívio, interações e aprendizados, seja no aspecto cognitivo, emocional e afetivo. No contexto social temos que o domínio do Braille será útil, por exemplo, no setor comercial de produtos ou serviços, nas relações estabelecidas com as pessoas e na quebra das barreiras que impedem uma plena comunicação e, destas, posso citar cardápios, rótulos, contratos, informativos, folders, placas, entre outros dispositivos que viabilizam o acesso e a permanência da pessoa nos espaços, consumindo informação e interagindo com as pessoas.
 
O Sistema Braille foi criado pelo francês Louis Braille, jovem cego que dedicou seus esforços pelo bem da humanidade. Nascido em 1809 nas proximidades de Paris, perdeu a visão ainda criança em decorrência de um acidente enquanto brincava na oficina de seu pai. Foi aluno do Instituto Real para Jovens Cegos, primeira escola para cegos no mundo, fundada no ano de 1784, na cidade de Paris, por Valentin Haüy. Louis Braille morreu, aos 43 anos sem que seu sistema fosse reconhecido oficialmente. A expansão e adoção do sistema Braille pelo mundo aconteceu de forma lenta e desordenada. Foi trazido para o Brasil pelo jovem José álvares de Azevedo em 1854, que aqui chegando incentivou a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin constant, localizado na cidade do Rio de Janeiro. 
 
Como braillista e defensora da democratização do código Braille  deixo o alerta de que o aprendizado do Braille precisa seguir a  orientação de um  profissional habilitado, já que demanda um conhecimento específico sobre as técnicas para uso e aplicação deste sistema em diversas situações. São diferentes os procedimentos, técnicas e etapas  empregadas para ensinar uma criança cega ou um adulto que perdeu a visão. ainda temos que considerar as peculiaridades das construções simbólicas e conceituais por meios visuais ou táteis e como ocorre esse aprendizado. A leitura tátil, requer das pessoas cegas  muito treinamento motor, perceptivo e sensorial. Uma boa percepção tátil é fundamental para identificação das diferentes disposições dos pontos Braille que representam as letras ou símbolos matemáticos, químicos, musicais e outros, existentes na escrita em tinta. As pessoas que enxergam quando aprendem o sistema Braille, muitas vezes, recorrem a desenhos do símbolo para memorizarem o formato de cada letra. Embora façam uso da visão para ler essas figuras coloridas, recheadas de efeitos visuais, esta não constitui a melhor estratégia trabalhada para a assimilação do código. A leitura de imagens serve como um apoio inicial, mas não como único recurso empregado. Assim como nem todo cego usuário de Braille domina as técnicas para o ensino do código, nem todo vidente possui condições para ensiná-lo de maneira a satisfazer Às necessidades do aprendiz. O aprendizado mecânico e sem instruções só reforça a superficialidade do emprego deste sistema em detrimento da qualidade.
 
Desse modo uma instrução má orientada quanto ao ensino do Braille estaria na contramão das tentativas para a sua democratização, pois supre uma necessidade imediata de aprendizado. Futuramente corremos o risco de que esse aprendizado não seja consolidado e caia no esquecimento ou, ainda, conserve vícios e erros, gerando prejuízos para o processo de inclusão. O fracasso proveniente de um  ensino mau direcionado e sem critérios servirá sempre de justificativa para que as pessoas cegas ou com visão fiquem cada vez  mais resistentes ao uso e aplicação do Braille no dia-a-dia como fator de inclusão social e acessibilidade. A demanda é crescente e  aprender o Braille é uma ação urgente e necessária nos dias de hoje e não podemos deixar que essa conquista seja atropelada por imagens meramente ilustrativas. E nesse caso o aprendiz também é responsável por suas escolhas... 
     
Descrição da imagem: mão lendo em Braille.
 
 
 
 
 

domingo, 8 de julho de 2012

Reflexão

O Brasil é rico em garantias legais que sustentam os direitos das pessoas com deficiência, porém pouco se tem conquistado além do âmbito político para que essa prática se torne cada vez mais frequente e essas garantias sejam mesmo respeitadas e praticadas. Hoje, de acordo com o censo do IBGE, somos cerca de 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Com 3,5%, a deficiência visual severa foi a que mais incidiu sobre a população.
 
Vemos um enorme despreparo, uma lacuna que divide o real do possível e grande parte se deve a falta de profissionais qualificados para exercerem o papel de "transformação" que a educação possibilita e a quem dela fará seu instrumento de equiparação de direitos.
 
questiono, portanto, os motivos pelos quais em cursos de formação de professores muitas disciplinas são "ignoradas" ou quase que empurradas pra debaixo do tapete como se não fossem suficientemente importantes para uma prática inclusiva. A teoria "colorida" e perfeita demonstrada em centenas de páginas, contadas por dezenas de autores não são sequer digeridas, pois corre-se  o risco de que, se bem aprendidas, sejam usadas contra aquele profissional que, poderá então receber um aluno "especial". Especial é um termo que jamais concordei e só escrevi por ser a fala de muitos.
 
O que se sabe, é que existe um pânico quase generalizado sobre os fatores que sustentam uma prática docente inclusiva. Se esse professor conhece as formas de ação, ele corre o risco de receber esse aluno com deficiência visto como o "problema" para todos os fracassos no ambiente escolar.
 
A desculpa está, então, "se não sei, não posso atender". E as formações vão se tornando cada vez menos evidentes no sentido de um efetivo trabalho com a educação inclusiva.
 
Ora, se não existe o preparo nem para o aluno com deficiência frequentar uma universidade, porque teria para a formação de um professor?
 
É tão incoerente quanto dizer que moramos em marte, mas a sensação é que a inclusão no Planeta Terra tem anos luz a evoluir.
 
Como iniciei este texto falando das garantias legais, de certa forma elas sustentam uma pseudogarantia, que dão força para que essas pessoas com deficiência se sintam no direito de saírem de suas casas, do seu conforto, para enfrentarem muito mais do que as barreiras físicas, mas sobretudo encararem as barreiras comunicacionais e atitudinais.
 
A formação de professores é imprescindível, essencial e fundamental para que se construa, de fato, o processo de inclusão, partindo não apenas do tratamento igualitário, aquilo que se prega em leis, mas principalmente, partindo da aceitação das diferenças e da diversidade. é esse princípio, de que todos somos diferentes, que sustenta as bases para as ações inclusivas e, sobre esse pilar, também, deve-se sustentar a prática docente, quando permite que o professor observe cada aluno como único.
 
A formação de professores, como por exemplo na área da deficiência visual, vai oferecer aos profissionais as condições necessárias para que ele assuma seu papel de pesquisador, que conheça e possa intervir com ações pertinentes a cada caso, seja no ensino do Braille, na estimulação tátil, no uso do soroban, nas instruções para orientação e mobilidade, nas atividades de vida autônoma, na elaboração de estratégias com o uso da tecnologia assistiva, dentre tantas outras proposições que ele só terá condições a partir de uma formação técnica.
 
Tenho questionado o por quê dessa formação não ser valorizada nos cursos de pedagogia ou licenciatura. Tenho questionado, sobretudo, as consequências de uma formação sem estrutura e sob quais condições esse aluno cego será orientado e conduzido em sua caminhada escolar. Fico bastante preocupada quando professores, sem quaisquer critérios, sentem-se especialistas sem o mínimo de formação e o quanto algumas posturas são prejudiciais. É fato que a boa vontade já merece o reconhecimento, porém apenas com boa vontade, sem pesquisa, sem estudo, sem bases norteadoras não podemos construir essa prática fundamentada em princípios sólidos.
 
Trabalho com formação de professores em cursos de aperfeiçoamento de Grafia Braille, informática e audiodescrição. Muito me espanta quando professores especialistas (com pós-graduação) chegam para fazer meus cursos e falam que não tiveram sequer bases elementares para sustentar essa prática.
 
Fico bastante feliz, porém, quando esses mesmos profissionais, verificando essa lacuna nos cursos de graduação ou pós-graduação, procuram uma formação complementar para apoiar suas práticas. As histórias são lindas. Muitos deles encontram uma identidade na área da educação inclusiva, não por ser um campo recente, até porque anda bem competitivo... mas a motivação que os levam a seguir o caminho da educação inclusiva tem como base o respeito à diversidade. eles percebem que a inclusão é um processo a ser aplicado não apenas para pessoas com deficiência, mas para todos os alunos.
 
Este texto foi redigido como parte da disciplina de um curso que participo. Trouxe essa reflexão publicamente porque precisamos compreender que as leis  não resolverão sozinhas todos os problemas da inclusão educacional, mas devemos tê-las como aliadas do processo de escolarização regular e do Atendimento Educacional especializado. Defendo a  parceria entre os sistemas de ensino para a formação de uma consciência voltada a verdadeira aceitação das diferenças em sala de aula e fora dela. Os alunos com deficiência têm direito ao ensino, cultura, lazer, trabalho e participação social!