sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Aula em Lorena: cópia de palavras - uma nova experiência


Nesta semana, as atividades do curso de Braille em Lorena exigiram muita concentração e, por isso, não foi possível publicar, em tempo real, o que estávamos produzindo. Venho, então, relatar quais foram as propostas da semana.

Para cada atividade pretendemos atingir um determinado objetivo e, desta forma, o foco tende a seguir diferentes direções, apesar da semelhança e relação entre as tarefas. Num primeiro momento a abordagem estava direcionada a reescrita que, significa "ler" cada palavra e escrevê-la por meio da grafia convencional. Essa ação de reescrita é realizada, geralmente, em um espaço determinado ou em uma folha a parte. Para a reescrita utilizamos modelos, aqueles já conseguidos por meio da observação e análise das letras, das construções dos esquemas associativos e perceptivos, atribuindo significados visuais às combinações. A reescrita pretende levar o "leitor" a uma compreensão das formas e agrupar letras conforme for descobrindo as palavras. Quando se faz a "reescrita" e em seguida é solicitada a escrita dessas mesmas palavras em Braille, utilizando reglete e punção, a ação se mostra mais facilitada, porque, nesse momento, a tendência é fazer o processo inverso, isto é, "ler" a palavra grafada em tinta e decodifica-la para o Braille, com uso de modelos em uma tabela de letras.

Já num segundo momento, o foco foi a "transcrição" de um grupo com muitas palavras. A quantidade de palavras e de variações de letras de diferentes séries de sinais é fator decisivo para a continuidade do processo. Durante a transcrição precisamos demonstrar suas peculiaridades como, por exemplo, realiza-la acima de cada palavra, seguindo fielmente a escrita em Braille e utilizando letra cursiva, entre outras dicas já citadas neste blog. Ao solicitar a "escrita" dessas mesmas palavras em Braille, torna-se possível a visualização, tanto da grafia em tinta quanto da grafia em Braille, o que amplia muito as possibilidades de interpretação. Neste caso, o modelo é a própria palavra em Braille, cujas letras já estão agrupadas, cabendo ao aluno apenas a noção de reversibilidade.

Durante nossa última aula, realizada quarta-feira, dia 18/08, o foco foi a cópia de palavras. Apresentei uma lista de palavras em Braille e solicitei que copiassem essa lista de palavras, utilizando reglete e punção, porém sem transcrevê-las nem reescrevê-las. Assim, deveriam olhar e reproduzir fielmente , mediante o modelo, o que estava escrito.

Para quem imagina que a tarefa é fácil... posso afirmar que não é nada fácil fazer cópias sem valer-se de qualquer recurso da grafia em tinta, seja ela transcrição ou reescrita. Começamos aí a etapa da valorização do que chamamos "pensar em Braille". Não consiste em um simples ato mecânico de cópia, mas antes de qualquer coisa, é preciso compreender e ler o que está escrito para não cometer erros comuns, como espelhar letras, ausência e excesso de letras em uma mesma palavras, falta ou presença de espaços desnecessários...

Foi uma experiência que exigiu bastante dedicação e concentração, mas que encerrou um ciclo muito importante para darmos continuidade ao processo.

Até quarta-feira, com mais desafios...

Abraços

Descrição de imagem: Folha branca com palavras em Braille (escritas com fonte em negro).

Um comentário:

  1. Aqui em Curvelo, também estamos nos dedicando a esta tarefa difícil, que é a aprendizagem do Braille e da Libras. Uma vez, que é um processo longo e contínuo este da inclusão,onde o mais importante é nos conscientizar das verdadeiras capacidades humanas.

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