segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Braille: Você sabe Interpretar esses Pontos?



Para ilustrar nossos comentários a respeito da importância de se conseguir interpretar as informações, trago-lhes as imagens acima:

Tela 1: algumas palavras escritas em Braille, sem correspondência em alfabeto convencional; amor, vida, paz, escola, futuro, festa, dança, maravilhoso.

Tela 2: Mesmas palavras da tela anterior, escritas em Braille, porém, com transcrição para o alfabeto convencional.

Essas duas telas que, ilustram minhas palestras, também, me acompanham nas primeiras aulas sobre Grafia Braille. Senti a necessidade de compartilhar com vocês o "valor" das informações e como o ato de interpretá-las pode mudar nossos "olhares" com relação a um acontecimento, a um fato, uma situação.
De forma clara e objetiva, inicio dizendo que não basta estar diante de uma informação; por mais valiosa e necessária que ela seja em determinado momento, o importante é saber interpretá-la. É como em uma Crônica que li há uns 6 anos (não me recordo autor e fonte) e que transcrevo abaixo de forma resumida.

"Ao saber sobre um grave acidente ocorrido no local onde sua filha trabalhava, uma mãe segue, desesperada, em busca de informações. Chegando ao local do acidente, em meio ao corre- corre, não conseguia nenhuma pista sobre o paradeiro da filha. Até que descobre que as vítimas estavam sendo encaminhadas para um hospital e, que lá, haviam as listas com os nomes dessas pessoas. A mãe segue imediatamente para lá e se vê diante das duas listas, em uma parede no corredor deste hospital. Sem saber ler nem escrever, essa senhora apenas conseguia "decodificar" em imagens os nomes de suas filhas, de seu esposo e, o dela própria. Então, frente àquele emaranhado de linhas que, se entrelaçavam, conseguiu ver o nome da filha, escrito em uma das listas. Acontece que as listas estavam identificadas: Listas dos Vivos e Lista dos Mortos. E agora, como essa mãe poderia saber em que lista o nome da filha se encontrava?"

Essa história nos mostra bem a importância de se conseguir interpretar as informações, caso contrário nos tornamos "vítimas" dessa falta de acessibilidade. Felizmente a moça se encontrava entre os vivos e o desfecho dessa história real terminou bem. Porém, o fato vem se repetindo diariamente entre aqueles que, considerados "analfabetos", não conseguem estabelecer essa comunicação leitura X escrita.
Mas não são somente os "analfabetos" quem não conseguem "decodificar" os signos em letras. Diante da primeira tela, a pessoa que desconhece o código Braille também se encaixa nesse mesmo grupo; apesar de estar diante da informação, ela não consegue interpretá-la. No caso da segunda tela, essa leitura se dá, porque existe a "transcrição" das palavras, ou seja, o Braille foi "interpretado" pela grafia convencional. Quais as sensações experimentadas por você, quando se depara com a tela 1 sem o conhecimento prático destes signos?
Como vimos em outros textos já postados aqui neste blog, somente através do domínio tátil da linguagem escrita e lida, ou seja, somente por meio do código Braille, o deficiente visual entra em contato direto com as letras, palavras e sentenças. É o Braille que fornece informações sobre ortografia, disposição do texto no papel, enfim, aquilo que o áudio não consegue substituir. Neste caso, o "cego”, leitor de Braille, se vê também diante de tantas informações inacessíveis e, assim como a "mãe" da história acima, se sente "analfabeto" diante dessa inacessibilidade.
Posso citar vários exemplos que, se não tiverem disponíveis em alfabeto tátil, colocam o deficiente visual em desvantagem no acesso a informação: cardápios, livros para estudos, panfletos de propaganda, placas de sinalização, jornais, revistas, cédulas e moedas, placas de preço em supermercados, e tantos outros exemplos que eu poderia ficar horas enumerando.
Assim, o Sistema Braille, antes considerado um meio de comunicação (escrita e leitura) típico de um grupo de pessoas com deficiências, desconhecido da maioria da população, agora torna-se um instrumento social a ser conhecido e aprendido por todos, rompendo a barreira entre a informação e o seu receptor. É de extrema importância divulgar ações para ampliar o conhecimento do código Braille entre as pessoas, principalmente entre os profissionais da educação, garantindo assim, uma maior acessibilidade entre a comunicação escrita e lida entre os deficientes visuais.
Fica aqui uma reflexão: seria considerado "analfabeto" o deficiente visual que desconhece o código Braille? E no caso das pessoas que "enxergam", que posição ocupam nessa busca pela informação,já que o Braille passa a ser considerado um instrumento social de comunicação?

Um comentário:

  1. Olá, sou pedagoga,pós Psicopedadoga Clínica atualmente faço pós em Alfabetização.
    Gostaria de fazer uma especialização centrada na alfabetização para alfabetização Braille só quenão sei qual o curso, pois especialização em Educação Inclusiva segundo vi na grade curricular não é centrada não essa disciplina (braile).
    Obrigada
    Abraços.

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