terça-feira, 27 de maio de 2014

Momentos Especiais na formatura do curso em Caraguatatuba

A gente se emociona, a gente se realiza, a gente agradece de verdade quando cria laços que se entrelaçam em torno de um só objetivo: a busca pelo conhecimento. Só que essa busca não envolveu apenas o conhecimento, mas também o afeto, o coletivo e o compartilhar!
 
Hoje chega ao fim uma das etapas mais importantes da minha vida, talvez porque ela marcou um recomeço... recomeço de um novo olhar pra dentro de mim mesma e no sentido de que as mudanças acontecem de dentro pra fora. Momentos que se eternizaram em memórias, num aprendizado que fará de nós, pessoas especiais. Jamais seremos os mesmos.
 
Fui intensa, doei e recebi, ensinei e aprendi... sei que o semear agora depende das mãos de cada um que caminhou comigo. Continuamos essa caminhada com a certeza de que somos instrumento para transformar realidades.
 
Sinto-me feliz, sinto-me grata e saudosa dos nossos encontros quinzenais, das nossas reuniões, ora falantes, ora silenciadas pelo árduo trabalho de aprender a ensinar.
 
Fui muito bem recebida nessa cidade aconchegante, cuja inspiração não veio só do mar, mas da força desse povo que respira e vive a inclusão de verdade, que quer fazer acontecer...  Sempre achei que me faltava algo, e aqui encontrei o que procurava: a vontade demonstrada por esses profissionais  de fazer a diferença na vida das pessoas com deficiência.
 
Um abraço bem apertado a cada um que esteve comigo durante esses nove meses. Meu agradecimento especial a Ivy Malerba, de quem já me tornei fã porque temos um entusiasmo que não cabe dentro de nós, temos uma força incrível e uma vontade forte de oportunizar acesso a todos, indiscriminadamente.
 
Parabéns formandos!!!
 
Amo todos vocês! Contem sempre comigo, estaremos sempre juntos daqui pra frente, porque o fim é sempre um novo recomeço!!!
 
No vídeo, fotos mostrando uma retrospectiva das nossas aulas.
 
 
A gente se emociona, a gente se realiza, a gente agradece de verdade quando cria laços que se entrelaçam em torno de um só objetivo: a busca pelo conhecimento. Só que essa busca não envolveu apenas o conhecimento, mas também o afeto, o coletivo e o compartilhar!
 
Hoje chega ao fim uma das etapas mais importantes da minha vida, talvez porque ela marcou um recomeço... recomeço de um novo olhar pra dentro de mim mesma e no sentido de que as mudanças acontecem de dentro pra fora. Momentos que se eternizaram em memórias, num aprendizado que fará de nós, pessoas especiais. Jamais seremos os mesmos.
 
Fui intensa, doei e recebi, ensinei e aprendi... sei que o semear agora depende das mãos de cada um que caminhou comigo. Continuamos essa caminhada com a certeza de que somos instrumento para transformar realidades.
 
Sinto-me feliz, sinto-me grata e saudosa dos nossos encontros quinzenais, das nossas reuniões, ora falantes, ora silenciadas pelo árduo trabalho de aprender a ensinar.
 
Fui muito bem recebida nessa cidade aconchegante, cuja inspiração não veio só do mar, mas da força desse povo que respira e vive a inclusão de verdade, que quer fazer acontecer...  Sempre achei que me faltava algo, e aqui encontrei o que procurava: a vontade demonstrada por esses profissionais  de fazer a diferença na vida das pessoas com deficiência.
 
Um abraço bem apertado a cada um que esteve comigo durante esses nove meses. Meu agradecimento especial a Ivy Malerba, de quem já me tornei fã porque temos um entusiasmo que não cabe dentro de nós, temos uma força incrível e uma vontade forte de oportunizar acesso a todos, indiscriminadamente.
 
Parabéns formandos!!!
 
Amo todos vocês! Contem sempre comigo, estaremos sempre juntos daqui pra frente, porque o fim é sempre um novo recomeço!!!
 
No vídeo, fotos mostrando uma retrospectiva das nossas aulas.
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 20 de maio de 2014

Jardim Sensorial Em Caraguatatuba

àqueles que me conhecem, sabem o quanto defendo a criação de espaços
acessíveis e que promovam a inclusão de verdade. Jardins sensoriais país
afora nunca despertaram meu interesse e entusiasmo, pois na grande
maioria são construídos longe do alcance da população e acabam por se
transformarem em espaços exclusivos frequentados apenas por pessoas
cegas, esporadicamente.

Ao contrário do que temos encontrado por aí nesse sentido, venho relatar
e divulgar uma experiência muito interessante que vivenciei hoje em
Caraguatatuba. Fui conhecer um Jardim Sensorial, construído e mantido
pelo governo municipal através da Secretaria da Pessoa com Deficiência e
do Idoso (SEPEDI) em uma praça pública.

Chegando lá o que encontrei foi uma praça muito bonita e bem organizada,
com quadra poliesportiva, aparelhos para ginástica ao ar livre,
inclusive adaptados, bancos, árvores, canteiros com folhagens diversas e
uma trilha sensorial. O espaço é aberto ao público e as pessoas com
deficiência são acompanhadas por uma monitora. O espaço sensorial
compreende um percurso sinalizado por piso tátil, cujos canteiros
elevados são revestidos, internamente, por algum material que
possibilita a experiência sensorial pelo toque, além do aroma das
plantas. Cada canteiro possui sinalização em Braille contendo nome
popular da planta, nome científico e nome do material de base dos
canteiros. Por exemplo, o hortelã estava em um canteiro cuja base
interna era fibra de coco.

Em seguida, caminhei por uma trilha sensorial, agora através da
experiência tátil pelos pés. As mesmas texturas antes percebidas pelas
mãos poderiam ser pisadas, proporcionando sensações diversas. Digo-lhes
que a experiência da caminhada é muito diferente da experiência do
toque. Agradou-me bastante pisar na areia enquanto tocá-la provocou
rejeição. tocar ou pisar na fibra de coco trouxe uma sensação agradável
em ambos os casos. Embora perceber o formato e a textura das pedras seja
muito agradável, pisar nelas provocou certa dificuldade para prosseguir
a marcha.

Analisando tecnicamente o espaço, nota-se que foi estrategicamente
planejado. A praça é frequentada por qualquer público, independente da
deficiência. Nesse sentido, permite que a sociedade entre em contato com
os recursos de acessibilidade disponíveis para pessoas com deficiência
visual. O piso tátil permite uma locomoção segura e autônoma, indicando
o percurso e sinalizando os canteiros elevados. Cada canteiro possui uma
placa de identificação. Esse também foi um detalhe que chamou bastante a
atenção: a placa permite a leitura visual e tátil; possui letras grandes
cravadas numa espécie de acrílico, contrastando o fundo com a base, nos
tons preto sobre o branco. O relevo em Braille é saliente e
proporcional. Como braillista "perfeccionista" indiquei duas alterações
quanto Às grafias de palavras, mas que não diminui em nada a qualidade
do produto. As plantas muito bem cuidadas e as bases táteis
diversificadas, proporcionando, em cada canteiro, a leitura, a percepção
tátil e a sensação olfativa. Cabe lembrar, porém, que no local existe
uma maquete para que a pessoa cega possa se localizar e conhecer sua
arquitetura e distribuição espacial. O mapa tátil mostra toda a
organização da praça, incluindo a quadra, bancos, árvores, jardim e
trilha sensoriais. A trilha sensorial para a caminhada possui corrimão
para apoio e também placas fixadas para a identificação do material.
Como a maioria dos materiais utilizados na trilha já eram conhecidos
pelo toque, agora o objetivo é reconhecê-los pelos pés e assim ampliar
os canais de percepção. Confesso que a caminhada ora se mostrava mais
suave e tranquila, ora parecia desiquilibrar devido a irregularidade dos
objetos, como pedras e eucalipto, por exemplo, e ora parecia massagear
os pés.

Quero reforçar que a minha visita foi de surpresa e me deparei com um
espaço muito limpo e organizado. O cuidado com pequenos detalhes faz a
diferença para a realização de um projeto que pretende levar
entretenimento a um público específico e, ao mesmo tempo, proporcionar
que toda a sociedade participe do processo de inclusão, já que o local é
público e aberto. Não posso deixar de destacar o trabalho da monitora,
que além de cuidar do jardim, atua orientando os que por ali passam. Ela
me pareceu muito bem preparada para guiar e orientar pessoas com
deficiência visual, atenta aos detalhes, explicando e descrevendo o que
estava ao redor.

Enfim, com as mãos atentas, com os pés firmes e com o olfato apurado
vivenciei uma experiência bastante significativa hoje em Caraguatatuba,
que merece ser divulgada e reconhecida como uma iniciativa que contribui
muito para o processo de inclusão. Constatei que esse Jardim Sensorial"
não serve apenas de enfeite e de cartão postal para promover o
sensacionalismo, essa Praça Sensorial tem vida, a vida que promove a
cidadania.

Parabéns Caraguatatuba!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Reflexão sobre Livro lançado pela fundação Dorina

Enquanto lia a matéria abaixo fiquei pensativa... poucas pessoas podem imaginar a sensação de ter um mundo de informações diante de si sem conseguir interpretá-las simplesmente porque são inacessíveis para quem não enxerga. Antes de aprender o Braille, por volta dos meus doze anos de idade, as leituras me eram oferecidas, ora através de livros com letras bastante ampliadas, cuja fadiga visual não me deixava ler mais do que duas páginas ao dia, ora pelas vozes dos meus pais, que frequentemente as emprestava para entoar histórias, contos, notícias... Sempre gostei de ler através dos olhos daqueles que, com seus timbres próprios, me faziam viajar e construir meu repertório imaginário num mundo mais do que real. Com o aprendizado do Braille veio a certeza de que eu jamais seria indiferente  à  leitura, ela já fazia parte da minha história e logo que consegui juntar aqueles emaranhados de pontinhos em relevo, decifrando-os em palavras e sentenças, parti pra minha primeira aventura literária. Lembro-me como se fosse "ontem", que enquanto tateava aquelas páginas amareladas pelo tempo, lia não somente um roteiro qualquer que fora materializado no papel. Muito além daquele desfecho, o que encontrei nas entrelinhas foi a sensação incrível de liberdade, de conquista, de autonomia, de coragem; coragem pra assumir que dali pra frente eu jamais seria a mesma pessoa, pois havia conquistado o "mundo" na ponta dos dedos. Ler por meu próprio esforço significou  me libertar das amarras intelectuais presas nas letras grafadas, tingidas numa folha de papel lisa e que pra mim pareciam borradas. Não podia ter escolhido título melhor pra ser a minha primeira experiência literária: O Pequeno Príncipe.
Com os dedos ainda cambaleantes nas linhas e o cérebro um pouco enferrujado pelas circunstâncias, mal conseguia estabelecer o sincronismo que precisava para interpretar aquela história tão cheia de grandes ensinamentos. Foi quando percebi, ao chegar na última página do livro, que nada havia captado da história. apenas decodifiquei palavras, num misto de ansiedade e euforia, de inexperiência e treino. Fechei o livro e reiniciei a leitura, agora muito mais confiante e certa do que estava fazendo. Depois desse foi outro, e mais outro, e mais outra... e minha vontade de ler aumentava proporcionalmente à minha agilidade tátil, a qual ia sendo aprimorada a cada novo título. Não consegui, porém, acreditar que esse mundo "mágico" não demoraria a terminar, justamente pela ausência de obras em Braille editadas e disponíveis para as pessoas cegas. É certo que eu ainda mantinha alguma esperança de entrar em uma livraria e conseguir encontrar pelo menos um título em Braille no meio de centenas, mas isso nunca aconteceu. Comemorava aos pulos e gritos cada vez que a Fundação dorina enviava alguma obra nova que havia editado e essa possibilidade foi se tornando rara até desaparecer de vez. Contudo, minha "paixão" pela leitura em Braille nunca se extinguiu, mas fui obrigada a buscar outras alternativas para satisfazer minhas necessidades literárias. Hoje leio bastante através do computador, utilizando um software que converte todas as informações visuais em fala sintetizada. É claro que a experiência não é a mesma, mas diante de um mercado editorial "egoísta" é o que temos para o momento, sem contar que a quase totalidade dessas obras digitalizadas é feita manualmente pelos próprios cegos, que scanneiam os livros e os converte para texto acessível.
as dificuldades e resistências editoriais para disponibilização de obras acessíveis são inúmeras, mas o fato é que sempre desejei poder desembrulhar um pacote e nele conter um livro de papel; sempre desejei entrar numa livraria e sair de cabeça erguida com um livro físico nas mãos; de frequentar exposições literárias e lá tocar em uma obra em Braille.
Pode até ser uma jogada de marketing, mas que a Fundação dorina me tocou muito com essa iniciativa, é fato. Sei que não é o suficiente e nem o ideal pra conscientizar o mercado editorial da importância e necessidade de que um exemplar em formato digital acompanhe a obra em tinta ou, pelo menos, que seja disponibilizada para quem deseja comprá-lo.
Acredito que essa iniciativa é grandiosa no sentido de provocar no público a sensação de "negligência" diante de uma minoria que se torna expressiva na medida em que a inclusão é um ato de pertencimento e de apoderamento. É uma ação que traz um impacto porque a inclusão precisa ser vista de diferentes ângulos. A pessoa que enxerga será excluída desse processo justamente porque um livro somente em Braille atinge apenas um público muito delimitado. E talvez essa pessoa que enxerga nem se importe com isso, ou nem sinta a real necessidade de ler esses textos porque, afinal, a competição é desleal; elas possuem milhares de títulos pra ler enquanto nós...
Esse fato fez-me recordar da apresentação do meu trabalho de conclusão de curso de Especialização em atendimento Educacional especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva. Tínhamos que apresentar um pôster impresso, contendo um resumo do artigo científico produzido. Solicitei o uso de recursos para consulta ao que estaria escrito no meu pôster, como um folheto em Braille ou um notebook com leitor de tela. Imediatamente eu tive minha solicitação negada. Ora, porque eu teria que apresentar algo inacessível pra mim? Foi então que a ideia de fazer um pôster totalmente em Braille me veio em mente. Durante a apresentação estava tudo lá, na mesma disposição, com a mesma formatação, mas tudo em Braille, com o relevo num papel branquinho. Enquanto lia e explicava meu trabalho, retirava olhares de espanto e surpresa da orientadora, que nada entendera até ali. Quis, justamente, colocá-la na situação inversa, a de estar sendo excluída, porque o processo de inclusão precisa contemplar a todos, sendo uma via de mão dupla. Foi então que virei o pôster e no verso estava lá, a apresentação em tinta, como deveria ter sido desde o início, então, mostrei que a inclusão não é diferenciar ou estereotipar um grupo, uma minoria por necessitar ou por  utilizar recursos diferentes, mas é contemplar, num mesmo produto, a diversidade que está presente ali.
 
Somente assim, através de iniciativas como a que a fundação dorina lançou, é que podemos debater o acesso universal a leitura. Que esse seja o começo... e que esse começo, por menor que seja, provoque o impacto que deva provocar.
 
Fundação Dorina lança livro exclusivamente em braille para debater acesso universal à cultura
 
Quem não sabe ler braille não poderá ler o livro Palavras Invisíveis, recém-lançado pela Fundação Dorina Nowill. E é exatamente esta a intenção da organização que atua há quase 70 anos na inclusão social de pessoas com deficiência visual. O lançamento será feito exclusivamente em braille para provocar o debate sobre a importância do acesso universal à bens culturais. Segundo a fundação, 95% das obras não têm versão em braille.
 
Sob o tema "Tudo aquilo que não se pode ver", Palavras Invisíveis conta com 10 textos inéditos de renomados autores brasileiros, entre eles Luis Fernando Veríssimo, Lya Luft, Eliane Brum, Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar, Antônio Prata, Tati Bernardi, Ivan Martins, Carlos de Brito e Mello e Estevão Azevedo.
 
A obra será distribuída em escolas públicas e, pelo menos por enquanto, não haverá versão sem ser em braille no mercado editorial. Mas as histórias podem ser escutadas no hotsite de Palavras Invisíveis por meio de vídeos em que pessoas com deficiência visual leem os textos dos autores.
 
Felipe Brás, de 32 anos, cego há 15, lê Meu Livro Favorito, texto em que Luis Fernando Veríssimo traz lembranças emotivas sobre a primeira obra marcante de sua vida, quando ainda nem sabia ler e o pai, o escritor Érico Veríssimo, lia seu clássico infantil As Aventuras do Avião Vermelho. "Não era minha leitura preferida, eu ainda não sabia ler. Era o livro que eu mais gostava de manusear, folhar, cheirar, além de, claro, olhar as ilustrações. Acho que toda criança tem uma experiência parecida, de gostar do invólucro antes de poder decifrar o conteúdo."
 
O Pescoço, da jornalista literária Eliane Brum, é lido por Thiago Beck Veiga, deficiente visual há cinco anos. Cristiely Carvalho recita o poema Lendo Sem Enxergar, de Lya Luft, sobre as sensações que as palavras causam nas pessoas: "Palavras não precisam ser vistas. Elas são sentidas, são reais. Formam as mais incríveis figuras em nossa alma sensível. Palavras respondem sem som se tivermos a mente curiosa e aberta, mesmo se não as enxergamos. As mais eloquentes são as palavras invisíveis".
 
Agora você sabe como um cego se sente a cada lançamento de livro que não poderá ler. É esta a sensação, no mínimo inquietante, que a Fundação Dorina Nowill pretende espalhar para incentivar o mercado editorial brasileiro a produzir mais obras em braille.
 

domingo, 4 de maio de 2014

Trabalho final: Apresentação dos grupos em Tremembé

Apesar de já estar atuando com formação de professores em Grafia Braille
desde 2006 e de ter formado mais de 1200 profissionais pelo país, minha
ida pra Tremembé, em mais um desses cursos, em março de 2013, teve um
significado especial e muito forte. Foi um daqueles momentos de
transição, em que o acaso fez o grande favor de me conduzir para esse
caminho, cruzar a trajetória de mais de duas dezenas de pessoas para,
juntos, construirmos uma relação de aprendizagens, de ensino, de
compartilhar e de solidariedade. Consigo compreender agora, com uma
intensidade muito maior, que cada ciclo que se encerra marca sempre o
recomeço de outro; depois de um ano de convívio nas aulas e até mesmo
fora delas, cujos momentos de encontro marcaram pra sempre a história em
prol de uma educação inclusiva, o balanço positivo nos traz pra memória
cada passo percorrido e cada sorriso no rosto para comemorar uma
conquista, por menor que pudesse parecer. Com muita frequência, os
conceitos trabalhados saltavam da tela do datashow e ganhavam sentido
quando contextualizados com as histórias daqueles professores e seus
alunos. Os estudos de caso possibilitaram compreender melhor o papel que
a escola exerce para garantir, de fato, a inclusão do aluno cego ou com
baixa visão no ensino regular. O uso dos recursos, as adaptações, a
escrita Braille e tantas outras dúvidas que permeavam o trabalho docente
foram, aos poucos, se diluindo frente a vontade, ao empenho e a
dedicação de cada cursista ali presente. Além de ensinar, é claro que
aprendi muito; tive que acolher, cobrar, incentivar, comemorar e
conduzir cada aula como se fosse única e, ao mesmo tempo, estar atenta
para que nenhum detalhe ficasse de fora. Foi durante esse período, em
2013, que ministrei oficina sobre baixa visão para outros profissionais
da rede municipal de Tremembé e, também, recebemos a premiação da
Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, através do
IV Ações Inclusivas, como reconhecimento ao belíssimo trabalho realizado
em Tremembé por meio do Curso Grafia Braille - "Semeando Leitores e
Escritores Competentes". Para finalizar a primeira etapa do curso, que
terá continuação até o final de 2014, solicitei um trabalho em grupo,
cujo desafio esteve na elaboração de uma aula "inclusiva", ou seja, cujo
conteúdo e atividades apresentassem recursos e metodologias aplicáveis
para uma classe que tivessem alunos cegos e videntes. A flexibilização
para o Braille foi a proposta central, também como uma forma de divulgar
essa escrita para todos os alunos presentes. A criatividade deu um show
e vamos conferir um pouco das apresentações.

Foram seis apresentações divididas em duas aulas. A ordem de
apresentações foi definida por sorteio.

O Primeiro grupo trabalhou os movimentos de rotação e translação da
Terra e a posição do nosso planeta com relação ao Sol. Utilizou um
esquema giratório e uma maquete para ensinar os movimentos, as fases da
lua e as estações do ano. O Sol, representado por uma lâmpada, emitia
calor e possibilitava que a pessoa cega compreendesse as posições da
Terra e da lua com relação a nossa estrela. Preparou um texto em Braille
com os conceitos e vendou um participante. Foi possível trabalhar também
noções de orientação/mobilidade, na medida em que o aluno teria que se
deslocar de sua carteira até a maquete e retornar ao seu local de origem.

O segundo grupo trabalhou um bingo de letras. Cada cartela foi
construida utilizando molduras de plástico e as letras em Braille
formadas com pedrinhas coladas no papel. Cada cartela continha 4 letras
diferentes e o grupo pensou em vários detalhes, tais como o corte no
canto superior para posicionar a cartela e um gabarito para fechar a
letra sorteada, encaixando um retângulo na moldura sem que houvesse o
perigo de se deslocar ao passar o dedo em cima. A atividade foi
individual e alguns participantes foram vendados.

O terceiro grupo também apresentou uma espécie de bingo de letras
embaralhadas, capazes de formar palavras. As cartelas estavam marcadas
em tinta somente e para os participantes cegos (vendados) eles
utilizaram um alfabraille móvel com o modelo de cada letra, colocadas
sobre a cartela na mesma posição da letra em tinta. O jogo foi feito em
duplas e algumas sugestões foram fornecidas para melhorar a dinâmica da
atividade. O grupo entregou o plano de aula em Braille.

O quarto grupo apresentou uma contação de história, cujos personagens da
fábula estariam representados pelo desenho feito com cola relevo numa
base emborrachada. A atividade consistia em reconhecer a figura e
montar, por meio do alfabeto móvel, o nome do animal. Detalhes
relevantes foram bem pensados, como os cortes no canto superior e a
semelhança na cor utilizada na base das figuras e nas letras do alfabeto
móvel, facilitando para quem tem baixa visão. Alguns participantes foram
vendados e tiveram dificuldade de conhecer a figura em relevo. Algumas
sugestões foram fornecidas a fim de melhorar a percepção tátil de
imagens bidimensionais.

O quinto grupo apresentou um modelo bastante versátil para trabalhar
letras e associação com figuras e objetos. consistiu num painel com
bolsos, cujas letras em Braille e em tinta nomeavam a inicial do objeto
que estava dentro de cada compartimento. A diversidade de materiais,
texturas, relevos e formas trabalhadas foi muito bem aceita pelos
participantes que estavam vendados e o reconhecimento dos objetos,
associados às letras permitiu o desenvolvimento da atividade que se
mostrou muito eficiente e dinâmica para a fase de estimulação e
alfabetização Braille.

O sexto grupo encerrou com chave de ouro todas as apresentações.
Trabalhou a obra do Pintor Kandinsky. Elaborou um texto em Braille
contendo sua biografia e características de sua obra, marcada por
construções utilizando figuras geométricas. O grupo vendou alguns
participantes e simulou uma baixa visão em um deles. Apresentou a
representação de uma de suas obras em relevo, com construções
bidimensionais e, em seguida, a mesma obra no formato de uma maquete.
Trabalhou, então, noção de perspectiva por meio da construção
tridimensional. Em seguida, mostrou outras figuras e obras construidas
com figuras geométricas, todas elas legendadas em Braille. Eram árvores,
paisagens, barcos, entre outros. a atividade foi realizada em grupo.
Cada grupo recebeu algumas figuras geométricas e o trabalho consistia em
reproduzir uma das obras apresentadas ou construir a sua própria
produção. Atividade que motivou a participação de todos.


Todos os grupos deram um show de apresentação e construiram materiais
incríveis, usando a criatividade e todo o conhecimento adquirido durante
nossas aulas.

Continuaremos, agora nossa trajetória de formação terá como tema o
soroban e a matemática adaptada! Parabéns a todos e, de mãos dadas,
trilharemos esse caminho!!!

Parabéns turma!