domingo, 15 de novembro de 2009

Continuação dos relatos de aula em Lorena: aulas 13, 14 e 15...

A correria do dia-a-dia, mais uma vez, me fez ausentar do blog e atrasar algumas postagens com relatos de aulas em Lorena. Hoje, nesse domingão quente e com muuuuito sol lá fora, tentarei colocar todas as postagens em dia e, contar as novidades dessas últimas semanas, que envolveram congresso, palestras e, até mesmo, o início de aulas de informática. Com detalhes em outras postagens.

Aqui relatarei os acontecimentos das últimas três aulas em Lorena: aulas 13, 14 e 15.
Na aula 13, havia pedido aos alunos que levassem para a aula recortes de revistas, jornais, pequenos textos ou artigos, exceto poesias, para que realizássemos nossos trabalhos. A atividade consistiu em escrever em Braille aqueles textos levados por eles. Como o texto deveria estar em tinta e, provavelmente com uma letra de imprensa (pequena para os padrões do Braille), o objetivo foi verificar que, quando vai se transcrever um texto para o Braille, este ficará muito maior do que o original quanto a sua distribuição no papel, lembrando que cada 6 ou 8 linhas impressas a tinta pode corresponder a uma página inteira escrita em Braille. Também foi possível ter a experiência de utilizar duas formas de escrita diferentes, em simultâneo, sendo que a leitura era pela grafia convencional em tinta e a escrita, totalmente em Braille. Quando se faz essa "decodificação" é preciso ativar, com maior precisão, as imagens mentais criadas para a memorização das letras, já que não as temos formadas ali diante de nós; as palavras não estão prontas e suas configurações dependem do prévio domínio dessa estrutura lógica dos pontos que, combinados, podem dar sentido ao que queremos representar. É um dos estágios mais avançados e, mesmo permitindo a consulta de alguns pontos, quando estes ainda não eram do domínio dos cursistas, tal atividade possibilitou um contato muito mais "prático", pois cada cursista teve que buscar meios para juntar essas letras em palavras e sentenças, envolvendo, inclusive, normas técnicas, tais como parágrafo, espaçamentos para títulos, pontuação e, até mesmo, escrita de numerais. No final, trocamos as produções entre os cursistas para que eles pudessem experimentar a prática da transcrição. O diferencial é que, desta vez, a transcrição não aconteceu a partir de uma atividade previamente elaborada na apostila, e sim de uma atividade que teve abertura para erros, para pontos a mais, a menos, trechos apagados, entre outros. Foi uma produção real, um contato com o trabalho de outro colega e que, como transcritor deveriam obedecer fielmente o que estava grafado, não cabendo, portanto, correções. Como vimos, o transcritor deve apenas "interpretar" a informação para a grafia convencional, reproduzindo, inclusive os erros presentes naquela produção. E assim, demos fim a aula 13, quando novamente destrocamos as produções, devolvendo-as para quem a produziu que, puderam conferir seus erros conforme o que foi transcrito e compará-las com o texto em tinta que tinham em mãos e que deu origem a todo o trabalho.

Para a aula 14 voltamos a utilizar a apostila, cuja atividade consistia em criar frases utilizando 21 palavras previamente escolhidas pela professora e apresentadas em Braille. Os cursistas deveriam, portanto, registrar essas criações em Braille, sem fazer qualquer tipo de anotação em tinta ou rascunho. O objetivo, desta vez, foi colocá-los em contato direto com o Braille, cujas manifestações deveriam ser registradas diretamente neste código e, consequentemente fazer com que pensassem em Braille, formulassem as palavras e sentenças, organizando toda essa estrutura no mesmo momento em que a escrita espontânea acontecia. Para finalizar, pedi que fizessem a leitura individual e silenciosa das frases criadas e observassem se tinham coerência e sentido, analisassem alguns erros que pudessem ter ocorrido no momento do registro.

Já para a aula 15, coloquei os cursistas em contato com uma poesia impressa em tinta. Deste modo orientei sobre as normas técnicas para a escrita de poemas, com versos e estrofes e pedi para que copiassem o poema em Braille, seguindo todas as referidas normas. O poema trabalhado foi: "Paraíso" de José Paulo Paes. A correção foi feita individualmente pela professora. Essa atividade teve como objetivo mostrar que, diferentes gêneros de textos também possuem diferentes formas e normas para a escrita em Braille, já que o texto precisa seguir um padrão estético e lógico, que seja agradável para ser lido por um cego, cujos movimentos de mãos são decisivos para uma leitura precisa e veloz.
Nesta aula, também, apresentei alguns conceitos e simbologias da matemática, não me estendendo muito, já que a matemática faz parte de um segundo módulo, o Braille avançado. Orientei os cursistas para que conhecessem representações numéricas, com 1, 2, 3, 4 caracteres e, assim, sucessivamente. Apresentei os sinais para as operações básicas, como adição, subtração, multiplicação, divisão, sinal de igualdade, bem como saber registrar as expressões matemáticas, tendo em vista que não há espaços vazios entre os sinais. Em seguida, mostrei alguns exemplos para representar moedas, frações, números ordinais e porcentagem. Assim finalizamos nossa aula.

Lembro que, para a aula 16, realizaremos uma avaliação. O objetivo não será apenas verificar os erros e acertos. Será um momento de reflexão e de uma auto-avaliação... mais detalhes, somente no dia da provinha! * risos*

Para estudar, reservei, na apostila, algumas atividades. Elaborei o Material Complementar que fica ao final da apostila para que possam estudar um pouco mais sobre tudo o que foi trabalhado no curso. O estudo ficou a critério de cada cursista: leitura, transcrição, cópia.

Nos encontramos semana que vem! Até lá! E aos cursistas, parabéns por cada atividade finalizada, pelo empenho e participação. Boa avaliação e até lá!

Um comentário:

  1. Muito bom comentário sobre as atividades pedagógicas em relação aos relatos de Lorena, Luciane. Parabéns!

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