quinta-feira, 2 de abril de 2009

Informática para Deficientes Visuais: Orientações Básicas


Mal posso conter a felicidade de ter, novamente, um texto circulando entre tantos cadastrados e, por meio dessas linhas, caminhar aos 4 cantos e levar informação a tanta gente; Uma informação que, talvez, seja desconhecida e auvo de curiosidade de muitos educadores.
Nessa coluna, publicada dia 13/03 no Jornal Virtual Profissão Mestre, falo sobre a Informática e como essa tecnologia entrou na vida dos deficientes visuais. Com o surgimento e a popularização de recursos que utilizam o áudio, com softwares e programas desenvolvidos para atender essa clientela,um horizonte infinito de possibilidades foi aberto. Forneço algumas orientações para que o professor conheça essas ferramentas e possa explorá-las, afim de proporcionar um ensino de qualidade aos deficientes visuais no acesso à informação e aos computadores.

Informática para deficientes visuais: orientações básicas

Imaginar-se diante de um computador com o monitor desligado é, no mínimo, curioso. Se esta cena ocorrer com um vidente (quem enxerga), podemos concluir que, mesmo com tanta tecnologia disponível, existe a impossibilidade momentânea de explorá-la, nos seus variados aspectos. Isso porque os signos visuais são predominantes para a execução das tarefas em um computador.
Apesar dessa informação, um tanto quanto óbvia, não são apenas as imagens as únicas capazes de conduzir os usuários de computadores às aplicações correspondentes a cada atividade. Uma outra maneira de estar sintonizado ao mundo da informática é por meio dos sons. Com um monitor desligado, agora, um cego poderá desempenhar atividades diversas, apenas acompanhando o áudio do que estaria sendo mostrado na tela. Foi por meio dessas mensagens sonoras que milhares de deficientes visuais tiveram suas oportunidades ampliadas e o acesso aos equipamentos tornou-se possível e facilitado a partir do surgimento de leitores de telas e softwares específicos para atender essa clientela, bem como pela popularização desses produtos desde os anos 90 até os dias de hoje.
O acesso à cultura pelos deficientes visuais atinge níveis espantosamente melhores do que há poucos anos. O aparecimento de programas projetados para atender às necessidades de quem não faz uso de interfaces gráficas rompeu a barreira da inacessibilidade e vem modificando a relação entre homem e informação.
Hoje, tornou-se possível estabelecer uma comunicação mais efetiva entre quem enxerga e quem não enxerga, cuja mediação é feita apenas pelo software que transmite ao interlocutor toda a informação via áudio. A adaptação, no entanto, não consiste no investimento em materiais obsoletos, a grande maioria, mas de uma máquina comum e adaptada, que pode ser utilizada tanto por cegos quanto por videntes.
Sabendo que o computador é um dos instrumentos tecnológicos mais utilizados e que ainda existe uma série de barreiras para seu acesso, torna-se necessári e urgente pensarmos em estratégias para aumentar a participação de pessoas com deficiência visual na utilização desses recursos e ferramentas.
Conforme Borges (1996) "uma pessoa cega pode ter algumas limitações, as quais poderão trazer obstáculos ao seu aproveitamento produtivo na sociedade". Ele aponta que grande parte destas limitações pode ser eliminada através de duas ações: uma educação adaptada à realidade destes sujeitos e o uso da tecnologia para diminuir essas barreiras.
No entanto, o computador não sai falando sozinho, muito menos obedece a qualquer comando. É preciso dominar conceitos e técnicas adequadas para estabelecer uma interação harmoniosa entre máquina e usuário e, assim, sua operacionalização.
Para isso, os deficientes visuais precisam ter, a princípio, o acompanhamento de profissionais que dominem os sistemas e softwares e, não apenas tecnicamente, mas essa orientação deve partir de profissionais que tenham a prática na manipulação dos programas e aplicativos, de forma a utilizá-los como os cegos o utilizarão. Isso porque existem diferenças significativas entre saber usar e fazer o uso, o que reflete diretamente na forma como o cego adquire o conhecimento e coloca em prática no seu dia-a-dia. Quando se ensina informática a uma pessoa com deficiência visual, é preciso tomar bastante cuidado com o foco do trabalho, pois este público tem uma forma peculiar de "pensar" a realidade, apreender os conceitos e colocá-los em prática. O fundamental, em informática, é que ele consiga, por si próprio, após as primeiras orientações, buscar alternativas e atalhos e fazer o uso autônomo das ferramentas. Isso significa que se ele for bem orientado no seu trabalho com as máquinas, poderá atingir níveis avançados de desenvolvimento e manipular por si próprio, descobrir o que realmente lhe faz sentido e desvendar as ações necessárias a cada tarefa.
O professor, para atuar nessa área, precisa compreender alguns aspectos, os quais transcrevo abaixo.
Dicas para videntes:
* Após conhecer o funcionamento do sistema e/ou leitores de tela, executar as operações principais com o monitor desligado.
* Não olhar para o teclado ao digitar. De preferência, utilizar todos os dedos, partindo das referências táteis que há nos teclados (tecla f e j e nº 5 do teclado numérico).
* Exercitar a audição para as diferentes tonalidades e timbres de voz, velocidade e entonação na leitura.
* Utilizar sempre teclas de atalho (teclado), evitando o clicar do mouse, mesmo que seja para demonstrar resumidamente os aplicativos ou solucionar problemas.
* Nunca executar alguma operação sem que o aluno tenha conhecimento de como fazê-la. Ele precisa ter autonomia nas ações.
* Treinar a habilidade de abstrair conceitos, já que qualquer operação será via áudio. Em muitos casos, as imagens serão substituídas por sons ou palavras diferentes, que as distinguem dos demais textos.
* Organizar uma sequência para os níveis e graus de dificuldade.
Dicas para o trabalho com deficientes visuais:
* Antes de apresentar o sistema e/ou leitores de tela, conhecer a parte física das máquinas. Aprender ligá-las, desligá-las, entre outros.
* Ter contato prévio com um teclado, preferencialmente em Braille, fora do uso em computadores. Somente nesta etapa, recomenda-se uso de teclados etiquetados
em Braille.
* Habituar-se com as vozes, velocidade, timbre e entonação. Exercícios contínuos de acomodação auditiva, antes do domínio das operações.
* Já em uso, marcar algumas teclas com relevo para servirem como referenciais às demais, principalmente teclas de controle e função. Desnecessário o uso
de etiquetas com caracteres em Braille nesse momento, já que a duplicidade de sensações, auditiva/tátil, traria dificuldades e vícios desnecessários.
* Controlar os movimentos e pressão dos dedos.
* Compreender a estrutura de funcionamento dos softwares: diálogos via comandos do teclado e estruturas de menus.
* Estabelecer uma relação entre escrita Braille e informática, oferecendo um trabalho conjunto entre as duas formas de escrita e de acesso à informação
(textos em Braille e digitalizados).
Desta forma, podemos proporcionar uma maior produtividade no uso de computadores por deficientes visuais, já que representa uma valiosa contribuição para a inclusão, seja no meio acadêmico, no mercado de trabalho ou no entretenimento e ampliação das relações sociais desses indivíduos.

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10 comentários:

  1. Parabéns me ajudou muuito! Obrigada!

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  2. Boa Noite Luciane
    Você saberia me dizer se existe em São Paulo, uma escola de Informatica focada a este publico alvo?

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  3. É bom saber que a informática já pode ser usada pelos cegos como recurso para aprendizado.

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  4. Oi Luciane!
    Parabéns pelo teu trabalho!!!!
    Gostaria de mais informações, vou trabalhar com pessoas com deficiência visual na informática.
    Não localizei teu email, então vou deixar o meu se você puder me mandar algumas informações.
    danieli.conceicao@gmail.com
    Desde já agradeço.

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  5. olá, vou iniciar um curso de informática para deficientes visuais e não sei por onde começar, as primeiras atividades quais são?
    me ajude por favor.

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  6. Artigo muito interessante. pela primeira vez me confrotei com a presença de um dificiente visual em minha turma e estou investigando como facilitar a aquizição de competências informáticas.

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  7. Boa tarde,

    estou começando a dar aula para deficientes visuais e estou necessitando de um curso, por onde devo começar ?

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  8. Parabens, muito interessante !
    Me ajudou e muito para apresentação de um seminario*

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  9. oi eu sou monitora de informatica em uma escola e gostei muito pois tenho 1 aluna que tambem tem deficiencia visual vcs estao de parabens

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  10. Bom dia, Luciane.
    Tenho uma aluna deficiente audio (100%)-visual (80%)e gostaria de sua ajuda relacionada a material e/ou sugestões para que possa avançar em seu aprendizado. Ela ja liga/desliga o pc, atraves do teclado em braile abre,configura e digita textos no word.
    usingmouse@gmail.com.br

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