sexta-feira, 9 de abril de 2010

Palestra na UNISAL: formação oficina pedagógica


Demonstrar a importância de cada ação na busca por uma educação inclusiva, requer, não apenas a informação técnica e/ou teórica sobre essa atuação. É preciso, acima de tudo, vivenciar experiências e práticas que permitam reconhecer naquele aluno, um potencial infinito de possibilidades a ser explorada, desenvolvida e estimulada. Com a finalidade de esclarecer informações a respeito da alfabetização Braille, realizei nesta quinta-feira, dia 08/04, uma palestra para alunas de pedagogia (estagiárias do 2º e 3º ano) que freqüentam a oficina pedagógica da UNISAL, em Lorena. Nessa ocasião conversamos a respeito da prática em sala de aula e técnicas de alfabetização para deficientes visuais. Durante essa "roda de conversa" pude demonstrar, na prática, algumas situações de escrita e leitura, técnicas e materiais utilizados neste processo. Compartilhei experiências e falei sobre a importância da capacitação dos professores para atuarem em classes regulares com alunos que tenham deficiência visual. Alguns temas abordados:

* O QUE É BRAILLE? Braille é o nome dado a um sistema de escrita e leitura através de pontos em relevo que podem ser identificados pelo tato.
* Deficientes visuais precisam receber um treinamento específico para a estimulação tátil, fase que antecede a alfabetização formal. Esse treino faz com que o cego utilize as mãos para explorar e analisar as partes e formular um conceito do "todo", contrário do que ocorre com o sentido globalizante da visão.
* QUEM INVENTOU O SISTEMA BRAILLE? O sistema Braille tem o nome do seu inventor. Ele se chamava Louis Braille e nasceu na França, no ano de 1809. Com três anos de idade ele brincava na oficina do seu pai quando feriu o olho. Pouco mais tarde, quando tinha cinco anos, perdeu totalmente a visão devido à complicações do ferimento e à falta de recursos médicos na época. Continuou a estudar até os dez anos na sua cidade e depois mudou-se para o Instituto Real de Jovens Cegos em Paris, onde também foi professor. Trabalhou muito para criar uma escrita que pudesse ser lida pelos deficientes visuais e com apenas quinze anos de idade a sua invenção já estava pronta. Para fazer os pontos em relevo do sistema Braille ele usou uma régua e o mesmo instrumento que lhe feriu o olho. Louis Braille morreu de tuberculose em 1852 e naquela época ninguém acreditava que seu sistema pudesse dar certo. O sistema de Louis Braille foi lentamente se espalhando pelo mundo, sendo até hoje utilizado por deficientes visuais para todo tipo de escrita e de leitura.
* QUEM UTILIZA O SISTEMA BRAILLE? O sistema Braille é utilizado por deficientes visuais que podem ser: cegos ou de baixa visão.
* QUEM ENXERGA TAMBÉM CONSEGUE APRENDER O BRAILLE? Os videntes, pessoas que enxergam, aprendem o Braille em cursos específicos voltados para a capacitação em Grafia Braille. Porém a leitura do Braille é feita a partir da significação visual, ou seja, com os olhos. Nestes cursos esses profissionais também aprendem a desenvolver técnicas para o ensino de deficientes visuais.
* COMO O BRAILLE É FORMADO? O Braille é formado por seis (6) pontos em relevo. Este conjunto de pontos é chamado de “cela” Braille, pois a partir destes seis pontos podemos escrever as letras do alfabeto (maiúsculas e minúsculas), letras acentuadas, números, sinais de pontuação, símbolos de matemática e outros. A combinação entre esses pontos resulta em 64 sinais que podem aparecer isolados ou combinados. Demonstração realizada com alfabraille, uma "cela" Braille em escala ampliada, com círculos para encaixe.
* COMO O BRAILLE É PRODUZIDO? Utilizando os instrumentos REGLETE E PUNÇÃO, comparados ao caderno e caneta dos deficientes visuais. Neste caso a escrita é manual, furando um ponto de cada vez. O papel utilizado possui uma gramatura especial, sendo mais grosso para a marcação dos pontos em relevo sem perfurá-lo. A escrita, neste caso, acontece da direita para a esquerda.
* COMO O BRAILLE É LIDO? A leitura do Braille é feita pelo tato da ponta dos dedos. Ao passar lentamente os dedos sobre o relevo podemos identificar um desenho e de acordo co a posição de cada ponto conseguimos saber o que está escrito.
* LIVROS EM BRAILLE: São produzidos em larga escala em imprensas ou por meio da utilização de impressoras Braille. Geralmente para cada 8 linhas em tinta resulta em 1 página transcrita em Braille. Existem livros adaptados especificamente para deficientes visuais e livros com versão Braille e tinta num mesmo exemplar, estes últimos também apresentam versão ampliada para baixa visão. É bastante comum encontrar produções com escrita Braille nas duas faces do papel, denominado "Braille Interponto".
* ALFABETIZAÇÃO: destina-se aquelas pessoas que nasceram cegas e que precisam de todo acompanhamento próprio da alfabetização, um trabalho de estimulação tátil,incluindo reconhecimento das letras em relevo.
* REABILITAÇÃO:destina-se a pessoas que perderam a visão depois de uma determinada fase da vida e muitas vezes foram alfabetizadas em tinta. Requer um trabalho individualizado e personalizado, seguindo etapas de estimulação e treino da percepção tátil.

Além destes temas, os mais centrais, outros foram abordados por meio de perguntas e respostas durante a exposição. Agradeço pela participação dos estudantes e pelo convite para essa palestra/aula. Mais algumas sementinhas plantadas... aguardo comentários e sugestões!

Descrição da imagem: Uma mesa com livros; atrás, eu mostrando uma apostila em Braille.

4 comentários:

  1. Parabéns pela aula!!Foi ótima!

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  2. Gostaria muito de estar na UNISAL e assistir esta aula, mas vejo que o conteúdo foi de alta qualidade, Luciane. Parabéns!

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  3. Luciene, como sempre somos premiados com uma aula sua, onde podemos encontrar a profundidade de alguns assuntos.
    Parabéns professora
    Ariovaldo

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  4. Sou Aluna de Pedagogia de uma universidade do interior de são paulo, achei seu blog super interessante.
    Parabéns
    Carol

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