Confira as informações do curso. As inscrições já estão abertas e as aulas começam em abril
Formação Continuada
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Grafia Braille - "Semeando Leitores e Escritores Competentes"
Autora e Professora: Luciane Maria Molina Barbosa
Inscrições Abertas
Início em Abril
Descrição
É cada vez mais forte a presença de alunos com deficiência visual em escolas regulares. O professor compromissado com uma educação de qualidade, muitas vezes, não se sente preparado para atender, de forma plena, as necessidades inerentes dessa ausência da visão e, por isso, investe seus esforços na procura de um caminho que lhe proporcione suporte para esse atendimento, já que não podemos considerar a alegação de que não existem profissionais para tal trabalho, o que caracterizaria discriminação, preconceito e exclusão.
Ao tentar empregar um conjunto de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade, o homem utiliza a linguagem como sendo a capacidade de comunicar-se por meio de uma língua. Toda essa atividade comunicativa revela a necessidade de estabelecer um contato mais direto com as regras que a língua oferece. No caso dos deficientes visuais, cujo contato com a palavra escrita fica comprometido, como podemos viabilizar essa comunicação partindo da necessidade de empregar uma linguagem acessível às suas condições? De que forma podemos garantir a sua inclusão educacional, profissional e social por meio da utilização de ferramentas que os permitem exercer, plenamente, sua atividade comunicativa e de alfabetização?
Em atendimento a Portaria nº. 2.678;02 MEC, que aprova diretrizes e normas para o uso, ensino, produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades do ensino, compreendendo o Projeto da Grafia Braille para Língua Portuguesa, este curso vem cumprir o papel de difundir o conhecimento do Sistema Braille entre os profissionais da educação e saúde, visando uma ação inclusiva no trato com deficientes visuais.
Objetivos
Capacitar professores/multiplicadores do Sistema Braille e a utilização de recursos básicos para leitura e escrita, discutindo sua utilização por pessoas com deficiência visual, bem como os benefícios na sua Inclusão sócio-educacional.
Serão abordados:
- Dados sobre cegueira e baixa visão - dados estatísticos;
- Dicas de relacionamento com deficientes visuais - dinâmica;
- Jogos e materiais adaptados;
- Visão Histórica do Sistema Braille - Criação aos dias de hoje;
- Código Braille - Simbologia, estrutura e aplicação;
- Técnicas de escrita e leitura;
- Transcrição Braille;
- Adaptação de aulas e materiais;
- Áudio-descrição na sala de aula - oficina e elaboração de roteiro escrito;
- Formas de leitura - o áudio-livro e o livro falado.
Público
Pedagogos, psicopedagogos, professores, educadores, coordenadores pedagógicos, diretores de escolas, pais, estudantes de pedagogia e licenciaturas, estagiários na área de educação, fonoaudiólogos, estudantes de fonoaudiologia, terapeutas ocupacionais, arteterapeutas, psicólogos, estudantes de psicologia e demais profissionais interessados em aprimorar seus conhecimentos sobre o assunto.
Conteúdo Programático
120 horas
Módulo 01 - A Escola Inclusiva e o Deficiente Visual
Abordagem teórica sobre Deficiência visual e sua definição; dados estatísticos; preparo e capacitação dos professores para atender a essa realidade; o Braille como recursos de inclusão social das pessoas com deficiência visual; a escola, a família e o deficiente visual.
Módulo 02 - Acessibilidade e Deficiência visual
Dicas de relacionamento com deficientes visuais: dinâmica de convivência; avaliação de experiências no convívio com deficientes visuais; breve noção sobre orientação e mobilidade.
Módulo 03 - Sistema Braille: um pouco de história
Histórico do Sistema Braille: da criação aos dias de hoje; reconhecimento do seu valor para a Educação dos Cegos; o Braille e suas diversas realidades: conquistas e desafios.
Módulo 04 - Sistema Braille: primeiros aprendizados
Abordagem sobre fase preparatória, técnicas de escrita, leitura, transcrição e produção de materiais em Braille; como conduzir o aprendizado do código Braille entre os alunos com deficiência visual; recursos que favorecem o processo de alfabetização Braille: materiais e jogos adaptados; técnicas de ensino; primeiras orientações: "cela" Braille e estrutura do código; a fonte Braille como recurso para professores.
Módulo 05 - Sistema Braille: o alfabeto
As três séries de sinais; Braille em negro: leitura e transcrição; atividades práticas de leitura de letras e palavras.
Módulo 06 - Sistema Braille: mais representações
Outras simbolizações e códigos: letra maiúscula e acentuação. Atividades práticas de leitura e transcrição; caça-palavras e outros jogos.
Módulo 07 - Sistema Braille: o texto
Aprendizado dos sinais de pontuação: frases e textos; atividades práticas de leitura e transcrição; normas técnicas para produção de textos em Braille: título, estrutura de parágrafo e poemas.
Módulo 08 - Sistema Braille: Tabela de Sinais
Outros sinais: simbolização matemática e da informática; a Grafia Braille para Língua Portuguesa: portaria e legislação; atividades práticas de leitura e transcrição.
Módulo 09 - A áudio-descrição e a Educação: elaboração de roteiro escrito
Sobre áudio-descrição: o que é, para quem se destina e como funciona; áudio-descrição na sala de aula como recurso de acessibilidade; exemplos de áudio-descrição; como elaborar um roteiro escrito e a áudio-descrição formal.
Módulo 10 - Formas de Leitura: Vantagens e desvantagens
As diferentes formas de acesso ao livro: o livro em Braille, o livro em áudio e o livro digital; o Braille convivendo com as tecnologias; diferença entre livro falado e áudio-livros; exemplos de livros acessíveis: o desenho universal na literatura; a lei do livro e direitos autorais.
O inscrito receberá uma apostila contendo todos os módulos e materiais após o encerramento do curso.
Coordenação e Tutoria
Autora e Professora - Luciane Maria Molina Barbosa - Pedagoga especializada em Grafia Braille. Deficiente visual, também possui experiência como usuária deste código de leitura tátil e escrita. Pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Atuação no Atendimento Educacional Especializado para deficientes visuais em processo de alfabetização e reabilitação (Lorena - 2002 a 2009). Pedagoga da Equipe de Inclusão do Centro Interdisciplinar de Assistência Educacional (CIAE), da Secretaria Municipal de Educação de Lorena. Professora de cursos de capacitação para professores em Grafia Braille, informática com DosVOX e oficinas de áudio-descrição pelo SENAI (Lorena - 2007), NTE - RJ (Plataforma on-line: São Pedro da Aldeia, RJ - 2006 /2007), UNESP (Guaratinguetá - 2007/2008/2009), Secretaria Municipal de Educação (Lorena - 2009/2010),, Parcerias com escolas particulares para formação continuada de professores (Guaratinguetá 2010). Palestrante sobre temas relacionados à inclusão escolar do deficiente visual e seu processo de alfabetização. Autora de artigos apresentados em congressos sobre Educação Inclusiva e publicados em livros, revistas e em sites de educação. Mantém um blog: www.braillu.com.
Apoio - Professora Me. Patricia Limaverde Nascimento
Mestre em Educação:Currículo pela PUC-SP, Bióloga (CRBio1 61128/01-D), possui 14 anos de experiência em coordenação e direção pedagógica. Foi orientanda de Maria Cândida Moraes e desenvolve projetos de assessoria pedagógica em escolas particulares e públicas. Trabalha na formação de professores da rede privada e pública sempre voltada para as inovações em didática e abordagens curriculares. Já apresentou seus trabalhos de educação transdisciplinar em diferentes estados no Brasil e também na Espanha, em Barcelona. Autora de 3 coleções de livros didáticos de educação infantil e co-autora de 4 coleções de livros didáticos de ensino fundamental. Já ministrou cursos sobre Transdisciplinaridade, Trabalho com Projetos em sala de aula, além de cursos nas áreas de matemática e semiótica aplicada no currículo de educação infantil e de ensino fundamental. Recebeu, em maio de 2006, o prêmio de Melhor Experiência em Educação Humanitária no Congresso Latino-Americano de Educação Humanitária realizado no Memorial da América Latina em São Paulo. Atualmente também é docente da UCB em Brasília-Df.
Suporte de Relacionamento - Gisela Zampelli
Suporte técnico 1 - Avate
Suporte técnico 2 - Janaina Corrêa
Carga Horária e Horário do curso
A carga horária estimada para esse curso é de 120 horas/aula, divididas entre estudos e interação online e pesquisas offline. O horário de estudos é estabelecido pelo próprio participante, de acordo com sua disponibilidade.
Requisitos Necessários
Computador com acesso a internet. É necessário ao inscrito saber navegar pela internet, fazer download de arquivos e enviar e-mail. Temos também um fóruns de discussão dentro do curso onde estas ferramentas serão muito utilizadas. Todos os inscritos receberão o Manual do Aluno por e-mail, de fácil entendimento para navegar na área do curso e utilizar todas as ferramentas disponíveis.
Além disso, disponibilizamos um suporte técnico por e-mail, telefone e por skype para auxiliar os inscritos na navegação.
Avaliação e Certificação
O curso possui uma série de atividades avaliativas propostas como:
1. Realização de atividades interativas de acompanhamento;
2. Reflexão das leituras complementares e vídeos indicados;
3. Atividades de auto-avaliação da unidade didática;
4. Participação nas listas e no fórum de discussão (A avaliação dessa participação será feita em função do conteúdo e da relevância das mensagens).
O resultado das avaliações será expresso em porcentagem, em escala de 0 a 100%. Os alunos que conquistarem 75% das metas do curso, obterão a certificação. Todas as atividades serão realizadas on-line.
Após conquistar 75% das metas do curso, o participante receberá por e-mail seu certificado digital, registrado internamente pela GPEC e enviado por e-mail. O participante poderá imprimir seu certificado na sua própria impressora. Neste certificado constará: nome do curso, nome do participante, carga horária, assinatura digitalizada do(a) professor(a) do curso, dados da empresa GPEC (CNPJ, endereço), e o código de registro do certificado.
Caso o participante queira solicitar um certificado impresso, este será emitido via correio, mediante pagamento de uma taxa de impressão e postagem. Este certificado será impresso em papel especial, terá todos os itens do certificado digital acima citados e mais outros itens como: conteúdo programático, carimbo da empresa e selo de autenticidade.
O certificado da Gpec tem validade para fins curriculares e em provas de títulos, como certificado de atualização/aperfeiçoamento, respeitando a carga horária descrita. A GPEC oferece seus cursos on-line para todo o Brasil e seus certificados são amplamente aceitos.
Valor
Este curso possui um investimento total de R$ 150,00 (Cento e cinqüenta Reais)
Formas de Inscrição e Pagamento
Temos três opções de inscrição e pagamento:
1- Parcelado no cartão de crédito (Cartão VISA - MASTER, Dinners, Hipercard, Aura e American Express);
2- À vista através de pagamento on-line ou Boleto Bancário;
(O pagamento é realizado através do PagSeguro, que aceita cartões de crédito, débito automático em conta ou boleto bancário. Esse tipo de pagamento é totalmente seguro, garantido pela UOL.
Para se inscrever, acesse nosso site: www.gpeconline.com.br e localize o curso em nossa página.
Você encontrará um banner do Pag Seguro. Clique no banner: Pagar com Pag Seguro. Abrirá uma janela de formulário.
Após digitar o Cep, clique em ok, pois automaticamente aparecerá o seu endereço e as opções de pagamento para realizar a sua inscrição.
A sua inscrição será efetivada e o código de acesso enviado por e-mail , junto com o manual do aluno.
Os seus dados serão mantidos em sigilo absoluto e não ficarão à disposição da nossa empresa, apenas da PagSeguro.
O pagamento realizado pelo PagSeguro é rápido, simples e super-seguro. Assim que efetuar o pagamento você receberá o comprovante da ordem de serviço por e-mail).
3 - Envio por e-mail de Boleto Bancário da Caixa Econômica em até duas vezes sem juros com seus dados para pagamento.
(para esta opção, você deverá enviar por e-mail: Nome completo, Endereço completo, CEP e CPF. Este boleto permite efetuar o pagamento em qualquer agência bancária e em casas lotéricas).
Qualquer dúvida ou maiores esclarecimentos, envie um e-mail para: gpec@gpeconline.com.br.
Equipe GPEC
Tel/Fax. 11 - 3782-0635 e 8603-710
Marcadores
- Acessibilidade
- Audiodescrição
- Bastidores
- Braille
- Consultoria
- Curso Braille
- Deficiência Visual
- Depoimento
- Divulgação
- Entrevista
- Gpeconline
- Homenagem
- Inclusão
- Informática
- IV Prêmio Sentidos
- Lorena 2009
- Lorena 2010
- Lorena 2012
- Lorena2011
- Mensagem de Boas-vindas
- Orientação e Mobilidade
- Palestra
- Reatech
- Roteiro Escrito
- Soroban
- UNESP
- Vídeo
domingo, 28 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
Palestra em Queluz
Mês de fevereiro: volta Às aulas, semana de planejamento, capacitações e palestras, acontecimentos que estão na agenda de professores que atuam nas Redes Municipais de Educação. Apesar de não ter atualizado o meu blog com as recentes novidades, aproveito, agora, para registrar aqui sobre uma palestra que ministrei na cidade de Queluz, no dia 08 de fevereiro de 2010, a convite da Secretaria Municipal de Educação. Falei aproximadamente por duas horas para cerca de 100 profissionais da Educação que, atentos e participativos, ouviram sobre como conduzir uma aula para deficientes visuais, prátcas de sala de aula, o recurso da áudio-descrição, noções básicas sobre como relacionar-se com deficientes visuais, as formas de leitura: Braille, digital e áudio e, também, contaram com uma exposição de materiais utilizados em processo de alfabetização Braille. Após a palestra um momento para perguntas e respostas, encerrando nosso encontro com a fala da Secretária de Educação e agradecimentos finais. Fico muito feliz em poder plantar mais uma "sementinha" para a construção de uma escola inclusiva e, principalmente por saber que esses profissionais e a equipe técnica desta secretaria estão empenhados para a construção de uma educação de qualidade. Na saída da escola concedi entrevista para o Assessor de Imprensa da cidade, contando sobre o trabalho que realizo na área da Educação inclusiva.
Recebi as fotos hoje e compartilho com vocês, leitores do blog.
Legenda de imagens: Eu falando ao microfone; platéia assistindo à apresentação.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Homenagem Ao Dia Internacional da Mulher: 8 de março
Hoje, no dia Internacional da Mulher, não poderia deixar de prestar minha homenagem. Ao ler o texto que se segue, senti que deveria compartilhar com todos vocês, leitores deste blog e, acima de tudo, dedicá-lo às mulheres "comuns" incluindo as com deficiência, afinal, somos "mulheres" e este é o nosso maior TALENTO.
Parabéns pelo nosso dia...
COMO HOMENAGEAR A TODAS AS MULHERES COMUNS, INCLUINDO AS MULHERES COM DEFICIÊNCIA?
Impressão de uma mulher comum
Por: Naira Rodrigues*
"Este artigo se propõem explicitar as impressões e pensamentos de um mulher comum, daquelas que não tem nada de especial, sem habilidades fantásticas ou talentos extraordinários.
Nos últimos tempos tenho me deparado com um crescente número de matérias, programas de televisão e documentários, tratando da temática da pessoa com deficiência do ponto de vista do dia-a-dia de pessoas extraordinárias. Só homens e mulheres, que fazem de sua vida algo fantástico, escalando prédios, cantando divinamente, escrevendo poesias, entre outros tantos talentos. Faz algum tempo que venho me perguntando com seria, na verdade a vida de cada uma dessas pessoas, com que "cara" acordam, como se sustentam verdadeiramente, quando choram ou riem. Confesso que sinto-me excluída desse hall de pessoas fabulosas e, para piorar, fui chamada para um desses documentários, uma proposta envaidecedora, uma vez que seria um filme sobre a vida de algumas poucas pessoas cegas escolhidas e eu, uma pessoa tão comum, fui escolhida!
Pois a coisa não era bem como eu imaginava, no dia da gravação, tudo pronto, um aparato enorme, todos prontos? Eu estava lá ansiosa esperando o que iria acontecer naquele dia.
Durante a filmagem me deparei com um diretor que estava montando um cenário que não parecia muito semelhante ao que representava meu dia-a-dia, enfim, coisas do cinema. Durante a entrevista para o filme, após algumas horas de exaustiva filmagem de movimentos e cenas, para mim, sem nexo, o diretor me faz a pergunta: E você quais seus talentos especiais? Como é sua rotina?
Parei por um instante, pensei no que deveria responder e disse: Meu talento especial? Minha rotina é como a de tantas mulheres que criam seus filhos sozinhas, acordo muito cedo, arrumo meus filhos para a escola, tomo meu café correndo, os levo pra a escola e sigo para o trabalho de metrô.
Ele insistiu: Uma mulher como você ativa, bonita, certamente tem algum talento especial, seus sentidos devem ser muito mais apurados. Você escreve? Canta? Faz algum esporte radical?
Bem, não vou ficar aqui relatando a situação na integra, mas foi isso, ele queria descobrir qual meu "super-poder" e, então quando eu contei detalhadamente minha rotina fui cortada do filme, não tinha o perfil que eles buscavam para aquele documentário.
Tenho a impressão que ainda queremos ver mulheres super poderosas, o mito do super-herói existe em toda a sociedade, mais dentro de nós, das pessoas que precisam mostrar seus poderes para sentir-se gente.
Onde ficam as mulheres, aquelas que tem suas vidas repletas de riscos, alegrias, tristezas, emoções, cansadas e com energia para recomeçar a cada dia.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência traz um artigo exclusivo para as mulheres com deficiência, afirmando que os estados partes devem promover a proteção pra todas as mulheres com deficiência em igualdade de condições com as demais mulheres do mesmo estado. Pessoalmente, sinto-me contemplada pela Convenção nesse artigo, uma vez que trabalho todos os dias em busca de ser mais uma na multidão, de estar em igualdade de condições, sem mitos especiais, sem compensações quase divinas por ser alguém que com uma deficiência, simplesmente teima em viver.
Talvez, esteja parecendo amarga nesse momento, mas, de verdade, fico pensando porque pessoas comuns, que cuidam de seus filhos, trabalham, pagam suas contas com dificuldades, utilizam transporte público, tentam estar bem com seu corpo, sua imagem, seus parceiros e, tudo isso, incluindo a deficiência, porque essas pessoas não estão na mídia, não fazem parte da representação social que estamos construindo a partir do modelo de uma sociedade para todos.
Bem, estamos em 08 de março de 2010, dia internacional da mulher, de qualquer mulher, da mulher comum, da mulher com ou sem deficiência, da mulher que ama e deseja ser amada, da mulher que vive intensamente cada minuto, daquela que é livre em seu pequeno mundo, daquela que sente-se presa em suas fantásticas vidas de heroínas?."
Parabéns pelo nosso dia...
COMO HOMENAGEAR A TODAS AS MULHERES COMUNS, INCLUINDO AS MULHERES COM DEFICIÊNCIA?
Impressão de uma mulher comum
Por: Naira Rodrigues*
"Este artigo se propõem explicitar as impressões e pensamentos de um mulher comum, daquelas que não tem nada de especial, sem habilidades fantásticas ou talentos extraordinários.
Nos últimos tempos tenho me deparado com um crescente número de matérias, programas de televisão e documentários, tratando da temática da pessoa com deficiência do ponto de vista do dia-a-dia de pessoas extraordinárias. Só homens e mulheres, que fazem de sua vida algo fantástico, escalando prédios, cantando divinamente, escrevendo poesias, entre outros tantos talentos. Faz algum tempo que venho me perguntando com seria, na verdade a vida de cada uma dessas pessoas, com que "cara" acordam, como se sustentam verdadeiramente, quando choram ou riem. Confesso que sinto-me excluída desse hall de pessoas fabulosas e, para piorar, fui chamada para um desses documentários, uma proposta envaidecedora, uma vez que seria um filme sobre a vida de algumas poucas pessoas cegas escolhidas e eu, uma pessoa tão comum, fui escolhida!
Pois a coisa não era bem como eu imaginava, no dia da gravação, tudo pronto, um aparato enorme, todos prontos? Eu estava lá ansiosa esperando o que iria acontecer naquele dia.
Durante a filmagem me deparei com um diretor que estava montando um cenário que não parecia muito semelhante ao que representava meu dia-a-dia, enfim, coisas do cinema. Durante a entrevista para o filme, após algumas horas de exaustiva filmagem de movimentos e cenas, para mim, sem nexo, o diretor me faz a pergunta: E você quais seus talentos especiais? Como é sua rotina?
Parei por um instante, pensei no que deveria responder e disse: Meu talento especial? Minha rotina é como a de tantas mulheres que criam seus filhos sozinhas, acordo muito cedo, arrumo meus filhos para a escola, tomo meu café correndo, os levo pra a escola e sigo para o trabalho de metrô.
Ele insistiu: Uma mulher como você ativa, bonita, certamente tem algum talento especial, seus sentidos devem ser muito mais apurados. Você escreve? Canta? Faz algum esporte radical?
Bem, não vou ficar aqui relatando a situação na integra, mas foi isso, ele queria descobrir qual meu "super-poder" e, então quando eu contei detalhadamente minha rotina fui cortada do filme, não tinha o perfil que eles buscavam para aquele documentário.
Tenho a impressão que ainda queremos ver mulheres super poderosas, o mito do super-herói existe em toda a sociedade, mais dentro de nós, das pessoas que precisam mostrar seus poderes para sentir-se gente.
Onde ficam as mulheres, aquelas que tem suas vidas repletas de riscos, alegrias, tristezas, emoções, cansadas e com energia para recomeçar a cada dia.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência traz um artigo exclusivo para as mulheres com deficiência, afirmando que os estados partes devem promover a proteção pra todas as mulheres com deficiência em igualdade de condições com as demais mulheres do mesmo estado. Pessoalmente, sinto-me contemplada pela Convenção nesse artigo, uma vez que trabalho todos os dias em busca de ser mais uma na multidão, de estar em igualdade de condições, sem mitos especiais, sem compensações quase divinas por ser alguém que com uma deficiência, simplesmente teima em viver.
Talvez, esteja parecendo amarga nesse momento, mas, de verdade, fico pensando porque pessoas comuns, que cuidam de seus filhos, trabalham, pagam suas contas com dificuldades, utilizam transporte público, tentam estar bem com seu corpo, sua imagem, seus parceiros e, tudo isso, incluindo a deficiência, porque essas pessoas não estão na mídia, não fazem parte da representação social que estamos construindo a partir do modelo de uma sociedade para todos.
Bem, estamos em 08 de março de 2010, dia internacional da mulher, de qualquer mulher, da mulher comum, da mulher com ou sem deficiência, da mulher que ama e deseja ser amada, da mulher que vive intensamente cada minuto, daquela que é livre em seu pequeno mundo, daquela que sente-se presa em suas fantásticas vidas de heroínas?."
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