domingo, 29 de novembro de 2009

Finalizando o curso em Lorena: o último encontro, Confraternização e formatura

Despedidas são sempre emocionantes e, ter convivido durante 6 meses com as cursistas, sempre vai deixar um sentimento de saudade. Apesar da tristeza da "despedida", o que fica será sempre o sentimento de amizade, de ter realizado algo maior e, principalmente, de ter semeado tantas "sementes de luz" que, com certeza serão e deverão se multiplicar a cada dia. É por isso e, por tudo que vivenciamos juntas, durante esses 6 meses, que deixo aqui registrado o meu muito "obrigada! pelo empenho, dedicação e carinho de vocês. Estou muito feliz por mais essa etapa que vencemos juntas!
Como este foi o último dia do Curso de Braille, a programação foi dividida em 3 partes. Inicialmente fiz a correção da última atividade da apostila, que consistia na transcrição de um texto. Fizemos uma leitura coletiva e compartilhada para que todos acompanhassem e, enfim, experimentassem a sensação de ter "finalizado" a apostila, a mesma apostila que, no início dos nossos trabalhos trouxe tanto "medo" e "receio". Conseguiram perceber que são capazes e que, todas aquelas atividades "brancas" ganharam um "colorido" especial: o da realização. Numa segunda etapa foi o momento das homenagens. juntamente com a devolutiva da avaliação, entreguei para cada cursista uma lembrancinha: um chaveiro representando uma "cela" Braille e a frase de Helen Keller, frase que demos início ao nosso curso e que, também, finalizamos com essa mensagem: "Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber".
Com relação a devolutiva da avaliação, esta ocorreu da seguinte maneira: fiz uma reescrita de cada texto em Braille, digitando-o no computador, obedecendo fielmente o que foi escrito. Nesta devolutiva, que por sinal foi nota 10 pra todos, entreguei o texto digitado em tinta, fiz alguns comentários e solicitei, se houvesse interesse, para que fizessem a leitura, compartilhando suas impressões com toda a turma, o que ocorreu com muita naturalidade, já que puderam ler suas produções em voz alta. Assim como ficou registrado nas avaliações, as dificuldades foram superadas, cada qual no seu tempo e o gosto pelo Braille abrirá caminhos para uma escola inclusiva e de qualidade. Não posso deixar de registrar, aqui, a homenagem que recebi das duas turmas que, com muito carinho me presentearam e agradeceram por estarmos ali, juntas. Num terceiro e último momento, foi hora de comemorar! Com uma confraternização encerramos estas duas turmas do Curso Grafia Braille, em Lorena!

Aqui, também, minha alegria em ter, entre nós, um aluno que manifestou um interesse imenso pelo Braille e participou de todas as aulas, realizando atividades e acompanhando o ritmo da turma. Seu desempenho surpreendeu a todos e, uma homenagem super especial ao JV, que com apenas 10 anos, conosco vivenciou todos os momentos de descobertas e construções. JV mesmo não sendo "professor" nos ensinou muito sobre a importância de aprender para ser útil ao próximo!

No dia 27/11 foi nossa formatura oficial. Realizada no Espaço Educacional, a partir das 19:00 H, a cerimônia contou com a presença da Equipe do CIAE, de representantes da Secretaria da Educação e dos cursistas, que receberam, na solenidade, o certificado do curso.

Temos orgulho de fazer parte e escrever mais uma página da História da Educação Inclusiva em Lorena! Obrigada!

Abaixo algumas fotos da nossa confraternização. Ainda não consegui as fotos da Formatura oficial, porém, em breve estarão aqui!

O último encontro: Confraternização em Lorena (Curso diúrno)












Nosso último encontro: a confraternização (Curso noturno)















quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Avaliação: aula 16 em Lorena








Como mencionado no último relato sobre as aulas de Braille em Lorena, chegou a hora da avaliação. Reforço sempre que este é, não apenas um momento para verificar erros e acertos, mas será um momento de fazer uma reflexão sobre tudo o que foi apresentado, a respeito das propostas e dos avanços individuais e coletivos. É, portanto, um momento para uma auto-avaliação, rever conceitos e reorganizar todas as técnicas, estruturando-as em uma produção de texto, o que seria a última etapa para se atingir a alfabetização Braille. Solicitei que, individualmente, produzissem um texto, cujo tema seria: Uma Reflexão sobre o Curso de Braille. Nessa produção cada cursista deveria expressar suas expectativas e impressões sobre tudo o que foi construido e, o que ficaria a partir dali; como seria a relação entre ele e o seu aluno, no caso da necessidade de se aplicar tais técnicas de alfabetização Braille; o que acrescentou e qual seria a mensagem que ficou deste curso, para cada um dos alunos ali presentes. Lembrei que precisariam formular as idéias e registrá-las diretamente no papel, em Braille, sem fazer qualquer tipo de registro em tinta. Acrescentei também a necessidade do registro conter um título, obedecer parágrafos, pontuações e, no final, além do nome em braille, uma assinatura, em tinta, do cursista, já que tal avaliação será um documento de sua participação e presença nesta última etapa.
Coloco, aqui, algumas fotos das alunas realizando a avaliação, escrevendo em Braille no reglete.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Uma Homenagem

Quero compartilhar com vocês a homenagem feita por um aluno do curso Grafia Braille, Módulo 2009 da UNESP.O aluno Delamare M. C Filho fez o vídeo apresentado abaixo contendo fotos das aulas e de todos os trabalhos desenvolvidos. Aqui o meu "muito obrigada" a ele e a todos os cursistas!

Semeando Leitores e Escritores Competentes: Reconstruindo o Diálogo para a Inclusão de Deficientes Visuais

O vídeo apresenta as fotos do trabalho desenvolvido na UNESP: capacitação de professores em Grafia Braille.

domingo, 15 de novembro de 2009

Palestra em Cruzeiro














Ontem, dia 14/11, fui uma das palestrantes da Jornada Científica realizada na
Escola Superior de Cruzeiro, na cidade de Cruzeiro - SP. Aceitei o carinhoso
convite da professora Vanda, que me recebeu muito gentilmente e acompanhou
todo o evento. A palestra teve início às 14:00 H e durou pouco mais de duas horas.
O público alvo foi estudantes de pedagogia e alguns profissionais da educação
convidados para assistirem a apresentação. Todos ficaram atentos ao que foi mostrado e, no final, houve um momento para perguntas, dúvidas e esclarecimentos.

O tema Deficiência Visual e Inclusão foi abordado a partir de diferentes focos, começando por uma exposição de materiais e jogos pedagógicos, livros em Braille, instrumentos de escrita Braille, soroban, bengala, etc. Contei sobre minhas experiências, trajetória e atuação profissional. Fiz uma introdução teórica sobre a definição da deficiência visual, dados estatísticos, informações básicas sobre como os cegos captam os estímulos do ambiente, entre outros, isso tudo utilizando o datashow, para que todos acompanhassem e, inclusive, pudessem participar fazendo a leitura em voz alta do conteúdo apresentado na tela. Em seguida, falei com maior detalhe sobre o Sistema Braille, sua origem, seu inventor, mostrando os materiais e dando a oportunidade para que cada pessoa, ali presente, pudesse manuseá-los. Durante toda a apresentação o foco esteve na acessibilidade para a inclusão e, para isso, também conversamos sobre os leitores de tela e a leitura do mundo, demonstrando o uso da informática por pessoas cegas; sobre os livros sonoros e a diferença entre áudio livro e livro falado; sobre as formas de leitura: Braille, e digital, suas vantagens e desvantagens; sobre a áudio-descrição, inclusive com um exemplo de comercial sem o recurso e o mesmo, já com a áudio-descrição e, como os professores podem aplicar a áudio-descrição dentro da sala de aula; falei sobre orientação e mobilidade e as formas de locomoção do deficiente visual; também abordei aspectos referentes a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, diferenciando o que seria uma adaptação razoável e o conceito de desenho universal.

Publico aqui algumas imagens da palestra. Foi uma experiência bastante rica e
tenho certeza que pudemos espalhar mais algumas sementinhas para a construção
de uma sociedade mais democrática e inclusiva!

Legenda de fotos:

Foto 1: Imagens de materiais em uma mesa.

Foto 2: Luciane iniciando a palestra, com o roteiro na mão.

Foto 3: Luciane mostrando o alfabraille em EVA.

Foto 4: Luciane apresentando o reglete de mesa.

Foto 5: Luciane apresentando o reglete de plástico.

Foto 6: Luciane mostrando um livro acessível, escrito em Braille e com caracteres ampliados.

Foto 7: Livro em Braille, interpontado.

Foto 8: Luciane mostrando alguns desenhos com contornos em relevo.

Foto 9: Luciane apresentando alguns materiais em relevo do Instituto Benjamin Constant.

Foto 10: Um dado com números, formas geométricas e representações em Braille.

Foto 11: Luciane manuzeando o girabraille.

Foto 12: Luciane demonstrando a escrita Braille em uma lousa magnética.

Foto 13: Luciane recebendo um vaso de flor da professora Vanda.

Continuação dos relatos de aula em Lorena: aulas 13, 14 e 15...

A correria do dia-a-dia, mais uma vez, me fez ausentar do blog e atrasar algumas postagens com relatos de aulas em Lorena. Hoje, nesse domingão quente e com muuuuito sol lá fora, tentarei colocar todas as postagens em dia e, contar as novidades dessas últimas semanas, que envolveram congresso, palestras e, até mesmo, o início de aulas de informática. Com detalhes em outras postagens.

Aqui relatarei os acontecimentos das últimas três aulas em Lorena: aulas 13, 14 e 15.
Na aula 13, havia pedido aos alunos que levassem para a aula recortes de revistas, jornais, pequenos textos ou artigos, exceto poesias, para que realizássemos nossos trabalhos. A atividade consistiu em escrever em Braille aqueles textos levados por eles. Como o texto deveria estar em tinta e, provavelmente com uma letra de imprensa (pequena para os padrões do Braille), o objetivo foi verificar que, quando vai se transcrever um texto para o Braille, este ficará muito maior do que o original quanto a sua distribuição no papel, lembrando que cada 6 ou 8 linhas impressas a tinta pode corresponder a uma página inteira escrita em Braille. Também foi possível ter a experiência de utilizar duas formas de escrita diferentes, em simultâneo, sendo que a leitura era pela grafia convencional em tinta e a escrita, totalmente em Braille. Quando se faz essa "decodificação" é preciso ativar, com maior precisão, as imagens mentais criadas para a memorização das letras, já que não as temos formadas ali diante de nós; as palavras não estão prontas e suas configurações dependem do prévio domínio dessa estrutura lógica dos pontos que, combinados, podem dar sentido ao que queremos representar. É um dos estágios mais avançados e, mesmo permitindo a consulta de alguns pontos, quando estes ainda não eram do domínio dos cursistas, tal atividade possibilitou um contato muito mais "prático", pois cada cursista teve que buscar meios para juntar essas letras em palavras e sentenças, envolvendo, inclusive, normas técnicas, tais como parágrafo, espaçamentos para títulos, pontuação e, até mesmo, escrita de numerais. No final, trocamos as produções entre os cursistas para que eles pudessem experimentar a prática da transcrição. O diferencial é que, desta vez, a transcrição não aconteceu a partir de uma atividade previamente elaborada na apostila, e sim de uma atividade que teve abertura para erros, para pontos a mais, a menos, trechos apagados, entre outros. Foi uma produção real, um contato com o trabalho de outro colega e que, como transcritor deveriam obedecer fielmente o que estava grafado, não cabendo, portanto, correções. Como vimos, o transcritor deve apenas "interpretar" a informação para a grafia convencional, reproduzindo, inclusive os erros presentes naquela produção. E assim, demos fim a aula 13, quando novamente destrocamos as produções, devolvendo-as para quem a produziu que, puderam conferir seus erros conforme o que foi transcrito e compará-las com o texto em tinta que tinham em mãos e que deu origem a todo o trabalho.

Para a aula 14 voltamos a utilizar a apostila, cuja atividade consistia em criar frases utilizando 21 palavras previamente escolhidas pela professora e apresentadas em Braille. Os cursistas deveriam, portanto, registrar essas criações em Braille, sem fazer qualquer tipo de anotação em tinta ou rascunho. O objetivo, desta vez, foi colocá-los em contato direto com o Braille, cujas manifestações deveriam ser registradas diretamente neste código e, consequentemente fazer com que pensassem em Braille, formulassem as palavras e sentenças, organizando toda essa estrutura no mesmo momento em que a escrita espontânea acontecia. Para finalizar, pedi que fizessem a leitura individual e silenciosa das frases criadas e observassem se tinham coerência e sentido, analisassem alguns erros que pudessem ter ocorrido no momento do registro.

Já para a aula 15, coloquei os cursistas em contato com uma poesia impressa em tinta. Deste modo orientei sobre as normas técnicas para a escrita de poemas, com versos e estrofes e pedi para que copiassem o poema em Braille, seguindo todas as referidas normas. O poema trabalhado foi: "Paraíso" de José Paulo Paes. A correção foi feita individualmente pela professora. Essa atividade teve como objetivo mostrar que, diferentes gêneros de textos também possuem diferentes formas e normas para a escrita em Braille, já que o texto precisa seguir um padrão estético e lógico, que seja agradável para ser lido por um cego, cujos movimentos de mãos são decisivos para uma leitura precisa e veloz.
Nesta aula, também, apresentei alguns conceitos e simbologias da matemática, não me estendendo muito, já que a matemática faz parte de um segundo módulo, o Braille avançado. Orientei os cursistas para que conhecessem representações numéricas, com 1, 2, 3, 4 caracteres e, assim, sucessivamente. Apresentei os sinais para as operações básicas, como adição, subtração, multiplicação, divisão, sinal de igualdade, bem como saber registrar as expressões matemáticas, tendo em vista que não há espaços vazios entre os sinais. Em seguida, mostrei alguns exemplos para representar moedas, frações, números ordinais e porcentagem. Assim finalizamos nossa aula.

Lembro que, para a aula 16, realizaremos uma avaliação. O objetivo não será apenas verificar os erros e acertos. Será um momento de reflexão e de uma auto-avaliação... mais detalhes, somente no dia da provinha! * risos*

Para estudar, reservei, na apostila, algumas atividades. Elaborei o Material Complementar que fica ao final da apostila para que possam estudar um pouco mais sobre tudo o que foi trabalhado no curso. O estudo ficou a critério de cada cursista: leitura, transcrição, cópia.

Nos encontramos semana que vem! Até lá! E aos cursistas, parabéns por cada atividade finalizada, pelo empenho e participação. Boa avaliação e até lá!